“É um “drakar” da idade da tecnologia”, afirma Júlio Penteado, engenheiro naval com especialização militar, comparando o destróier às embarcações dos guerreiros vikings – os mais temidos da Europa há 1.200 anos. Para o engenheiro, o desenho revolucionário do Zumwalt e as inovações que incorpora, “estabelecem referências que não poderão ser ignoradas no planejamento das frotas modernas”.
Nada é convencional no novo navio. O uso dos materiais compostos no casco e de nódulos de titânio (apenas na torre de comando) tornam o destróier quase invisível ao radar e a sensores eletrônicos. A representação nas telas de busca equivale à de um barco de pesca de pequeno porte. Nas máquinas, um sistema de troca de calor reduz a temperatura e evita a localização pela emissão de ondas térmicas.
O DDG-1000 é definido pela Marinha dos EUA como um navio para múltiplas missões, lançador de mísseis, “dedicado a ataques contra alvos em terra”. É mais que isso. O lote pretendido inicialmente, de 32 unidades, deve chegar a 24 contratadas até 2030, com expectativa de vida útil além de 2060. “Ele será o suporte da política de Defesa dos EUA na região da Ásia e do Pacífico”, avalia o analista Jay Korman, lembrando que “o preço proibitivo dessas primeiras embarcações será inevitavelmente reduzido na sequência do contrato”.
O processo de barateamento já começou. O segundo navio da classe, o Lyndon B. Johnson, terá a ilha de comando executada apenas em aço com revestimento especial para driblar o radar de um eventual inimigo. Jay acredita que a medida implicará “redução nos custos na faixa dos US$ 220 milhões”. Com 180 metros de comprimento – o tamanho de um campo e meio de futebol – o impressionante Zumwalt é o maior destróier americano.
Escassamente tripulado, com 140 militares, tem grande poder de fogo. Ao menos 80 mísseis de cruzeiro Tomahawk – com alcance entre 800 e 1.300 quilômetros e ogiva de 450 quilos – de alta precisão, combinados com os Sparrow, antiaéreos, foguetes e torpedos, compõem o arsenal regular. A artilharia fixa usa granadas propelidas capazes de cobrir até 100 quilômetros. Dissuasão. O novo destróier é o sucessor de uma classe extremamente bem-sucedida, a Arleigh Burke, iniciada em 1991, e da qual foram entregues 62 navios.
“Esperamos do DDG-1000 que seja invisível ao inimigo, que possa ver tudo com seu inacreditável sistema sonar-radar e, combinando tudo isso com a maciça capacidade de ataque, signifique um decisivo elemento dissuasivo – é o nosso futuro”, disse o então secretário de Defesa, Leon Panetta, no Congresso, em 2012.
Diferente de qualquer outro, o destróier (no Brasil, seria um contratorpedeiro) praticamente não tem estruturas externas. A tripulação raramente será vista. Para compensar esse regime, os estaleiros Huntington Ingalls e seu associado Bath Iron, garantem ter criado “espaços com a dimensão do conforto humano”, explicitado nos alojamentos, áreas de lazer e refeitórios. A façanha parece difícil em um casco estreito (máximo de 24 metros) e por isso sujeito a oscilações que exigem controle eletrônico em condições adversas de clima.
FONTE: Estado de São Paulo