Tropa da Marinha tem aula com americanos para garantir segurança nas Olimpíadas

Homens do Grupamento de Mergulhadores de Combate (Grumec) foram treinados pelos Seals, famosos por conduzirem o ataque ao esconderijo de Bin Laden

Por Francisco Edson Alves

Perto de quem navega na Baía de Guanabara ou frequenta as praias e ilhas do litoral do Rio de Janeiro há intenso treinamento de segurança. Homens do Grupamento de Mergulhadores de Combate (Grumec) se preparam para a Olimpíada e Paralimpíada de 2016. O Grumec é uma unidade especial da Marinha, uma espécie de Batalhão de Operações Especiais (Bope) da corporação, subordinada à Força de Submarinos. A tropa foi treinada pelos Seals, dos Estados Unidos, famosos por conduzirem o ataque ao esconderijo de Bin Laden, no Paquistão, em 2011.

De acordo com o capitão-de-fragata Luís Guilherme Faulhaber de Oliveira Rabello, comandante do Grumec, o objetivo dos exercícios é treinar os MECs, como são conhecidos internamente, para impedir ataques terroristas no mar e região litorânea do Brasil durante os Jogos Olímpicos.

Fazem parte da rotina diária a retomadas de navios e plataformas de petróleo, resgate de reféns, ações visando a desativação de artefatos explosivos submersos e abordagens de navios em operações de interdição marítima, além de combate à pirataria naval e apoio a lançamentos de torpedos e mísseis.

“Se precisar, mergulhadores podem cair do céu, de paraquedas, de helicópteros e aviões, ou surgirem de repente a partir de navios ou do fundo do mar”, comenta Luís Guilherme. Avessos à exposições na mídia, os MECs têm como principal função se infiltrar, sem serem percebidos, em em áreas litorâneas e ribeirinhas, e executar tarefas como reconhecimento, sabotagem,e destruição de alvos de valores estratégicos ou artilharia inimiga.Eles também são especialistas em guerra não convencional e podem acessar embarcações em movimento.

O comandante ressalta que os treinamentos, exaustivos, envolvem cronograma de adestramento que possibilita a entrada em compartimentos, abordagem a navios, treinamento físico militar, mergulho com circuito fechado, desativação de explosivos e operações aéreas, visando, dentre outras.

Tecnologia de última geração

Com sede na Ilha de Mocanguê, em Niterói, o Grumec conta, além de equipamentos de última geração, que a Marinha evita divulgar, por questões estratégicas, com modernos minissubmarinos de fabricação americana, uma espécie de jet-ski subaquático, que viraram, de dois anos para cá, os xodós do grupamento.

De última geração, o equipamento ultramoderno conta com carta eletrônica, bússola, computador de bordo, entre outras ferramentas de tecnologia avançada, que não podem ser divulgadas. Carregam dois mergulhadores e navegam a uma profundidade de até 30 metros, por até quatro horas.

Segundo especialistas, os minissubmarinos são primordiais contra ações terroristas. Eles podem fazer com que os MECs penetrem em navios inimigos, por exemplo, sem serem detectados. Foi assim que, em 1941, durante a 2ª Guerra Mundial, ‘seis homens-rãs’ da Marinha Italiana, em três minissubmarinos, de pouco mais de mil quilos cada um, adaptados com torpedos, invadiram um porto e plantaram explosivos que afundaram dois navios de guerra e um navio-tanque britânicos. As embarcações, que foram a pique, pesavam 80 mil toneladas.

Técnicas foram adaptadas à realidade brasileira

O Grumec foi criado no início da década de 1970 e é subordinado à Força de Submarinos, que lhe fornece o principal meio de transporte. As equipes são deslocadas até as proximidades do alvo por um submarino, de onde saem nadando, em caiaques ou barcos infláveis que podem ser lançados do submarino ainda sob a água. O grupamento também pode alcançar o alvo saltando de paraquedas ou desembarcando de helicópteros.

Mesclando técnicas francesas com norte-americanas, o emprego dos MECs foi adaptado às necessidades brasileiras. Na Olimpíada, o grupamento poderá agir com outras unidades em vários ambientes, mas seu emprego prioritário é o meio aquático.

O Grumec teve participação em eventos como a RIO +20, a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e a visita do Papa Francisco, há dois anos.

FONTE: O Dia

Sair da versão mobile