O ano de 2013 foi marcado para a Rússia por muitos acontecimentos importantes na política externa e de defesa. A modernização em larga escala das forças armadas afetou também a Marinha, concebida para reforçar a influência de uma grande potência naval.
Simbolicamente, o ano começou com a entrada em serviço da Marinha russa do novo submarino nuclear de mísseis estratégicos Yuri Dolgoruky e termina com a entrada em serviço de um outro submarino da mesma classe, Alexander Nevsky. Como disse o presidente russo Vladimir Putin, a dinâmica da construção da frota de submarinos nucleares permite que a Rússia consiga renovar completamente a componente naval da tríade nuclear estratégica até 2020.
Yuri Dolgoruky e Alexander Nevsky são submarinos do projeto 955 Borei. Atualmente, o terceiro submarino de mísseis nucleares desse projeto, Vladimir Monomakh, que entrará em serviço ativo já no próximo ano, está passando por testes. Durante os próximos sete anos, a Marinha russa receberá outros cinco submarinos desta mesma classe. Se hoje cada um desses três submarinos está armado com dezesseis mísseis balísticos Bulava, os próximos submarinos já terão vinte mísseis. O Bulava é capaz de transportar, até o alvo, entre seis e dez ogivas nucleares de orientação individual.
A Rússia lançou a modernização de suas forças nucleares estratégicas porque os seus atuais sistemas de armas nucleares, já estão chegando ao fim de sua vida útil, como disse o editor-chefe da revista Natsionalnaya Oborona (Defesa Nacional) Igor Korotchenko: “Quando terminar a vida útil dos submarinos nucleares russos, teremos quatro Borey na frota do Pacífico e quatro na Frota do Norte. Estará garantido o patrulhamento contínuo, em regime de combate, por pelo menos dois submarinos, um na Frota do Norte e outro na Frota do Pacífico, prontos para lançamento imediato de mísseis contra um potencial inimigo”.
Além dos Boreis, até 2020 devem entrar em serviço na Marinha russa pelo menos oito novíssimos submarinos nucleares do projeto 885 Yasen, armados com mísseis de cruzeiro de 4ª geração. O primeiro navio desta série, o Severodvinsk, está praticamente pronto. Ao mesmo tempo, foi anunciada a próxima modernização dos nove submarinos nucleares do projeto 971 Shchuka-B (ou Akula na OTAN). Estes navios estão armados com uma variedade de sistemas modernos de ataque, mísseis Shkval e mísseis de cruzeiro Granat. Os mísseis Shchuka são capazes de destruir alvos inimigos tanto em mar como em zonas costeiras.
Finalmente, a Marinha russa recebe novas modificações de submarinos diesel do projeto 636 Varshavyanka e navios do último projeto 677 Lada. Todos eles também estão armados com os mísseis de cruzeiro mais modernos.
Em 2013, a Marinha russa recebeu vários navios de combate e de apoio, incluindo corvetas furtivas e fragatas. Após a transferência para a Índia do porta-aviões Vikramaditya (antigo Admiral Gorshkov), modernizado, nos círculos militares russos recomeçou a discussão sobre a criação de sua própria frota de porta-aviões. Por enquanto, a Rússia tem um único cruzador porta-aviões, o Admiral Kuznetsov.
De acordo com os militares, e muitos políticos, o elemento de imprevisibilidade nas relações internacionais e os interesses geopolíticos da Rússia, exigem a construção de novos porta-aviões. O porta-aviões em si é apenas metade da batalha, diz o editor executivo do jornal Nezavisimoe Voyennoe Obozrenie (Revista Militar Independente) Viktor Litovkin: “Um porta-aviões com uma quantidade razoavel de caças ou bombardeiros, com aviões de patrulha aérea e orientação de longo alcance. Junto com ele vem toda um grupo composto vários cruzadores, fragatas, corvetas e embarcações de apoio. Esta é uma tarefa muito complicada, é necessária a criação de grupos de porta-aviões. Pelo menos um para o Norte e um para o Pacífico”.
Quanto ao ano de 2013, entre os diversos eventos navais ele será lembrado não somente pelas novidades da indústria. A presença da Marinha russa ao largo da costa da Síria, por navios do recém formado grupamento do Mediterrâneo mostra que a frota russa, depois de uma longa pausa, voltou a entrar decisivamente em águas internacionais e não pretende deixá-la.