Southern Seas 2024 – Marinha do Brasil operando com o Task Group do USS George Washington

Por Luiz Padilha

No último dia 15 de Maio, os editores do Defesa Aérea & Naval (DAN) embarcaram na Fragata União (F 45) para acompanhar a participação da Marinha do Brasil (MB) nesta etapa da Southern Seas 2024. Foram executados exercícios entre os navios do Task Group do porta-aviões USS George Washington (CVN 73) e as Fragatas União e Independência (F 44).

Após a passagem pelo Brasil, ocorrerão exercícios com as Marinhas do Uruguai, Argentina, Chile, Equador, Peru e Colômbia, com visitas portuárias planejadas para o Chile e o Peru. O TG do porta-aviões George Washington está em transição para a Base Naval de San Diego, CA, e para o Arsenal Naval de Yokosuka, no Japão, onde irá substituir o USS Ronald Reagan (CVN 76). 

Devido a tragédia pela qual o Rio Grande do Sul está passando, a Marinha do Brasil mudou a programação inicial, onde o NAM Atlântico iria participar desta etapa da Southern Seas 2024, enviando o mesmo para o porto de Rio Grande, com toneladas de roupas, alimentos e medicamentos, além de todo o aparato militar para auxiliar as forças que estão atuando na região.

CGT-110

Face ao exposto acima, coube ao 1º Esquadrão de Escolta (ComEsqdE-1), comandado pelo Capitão de Mar e Guerra Caetano Quinaia Silveira, ativar o CGT-110 composto pelas Fragatas União e Independência durante o exercício. O CMG Quinaia concedeu uma rápida entrevista ao DAN falando sobre a participação da Marinha no exercício.

Assim, suspendemos da Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ) pela manhã do dia 15 em direção a área destinada para o recebimento a bordo da aeronave AH-11B ‘Wild Lynx’ N-4003 do 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (HA-1). O tempo estava com muita nebulosidade e o mar com ondas de até 2,5 metros, o que inicialmente poderia ser um fator complicador para receber a aeronave, mas o tempo acabou colaborando com um teto de favorável e a aeronave pousou em segurança.

Cross-deck

Estava programado para a parte da tarde a realização de voos com pouso a bordo do Cutter USCGC James (754), da Guarda Costeira dos Estados Unidos, porém, com a piora do tempo, esse exercício acabou sendo cancelado, com os pilotos do esquadrão HA-1 realizando voos diurnos e noturnos de Qualificação e Requalificação de Pouso a Bordo (QRPB) dos seis pilotos do esquadrão na Fragata União.

Com o cancelamento do Cross-deck, os navios realizaram exercícios internos simulando o Ataque de Mísseis ao navio e incêndios em alguns compartimentos, com o pessoal do CAV combatendo e debelando o fogo.

USCGC James (754)

No segundia dia do exercício, ocorreu o Cross-deck com o Cutter da Guarda Costeira dos EUA, com a aeronave Wild Lynx realizando o pouso no convoo do navio americano.

Devido a escala do USNS John Lenthall (T-AO-189) no porto de Suape-PE, não foi possível realizar o exercício de Transferência de Óleo no Mar (TOM).

A tarde ocorreu o rendezvous com o destróier USS Porter (DDG 78), que se aproximou para a realização do pax-transfer, onde três oficiais da MB foram levados para o Porter pelo RIB (Rigid Inflatable Boat) americano.

O exercício de Pick-up programado entre os navios foi transferido para o dia seguinte, com os navios se movimentando para áreas pré-determinadas. A aeronave AH-11B realizou o exercício de Pick-up com o Porter, a Independência e a União.

O terceiro dia amanheceu nublado, e um voo com o ComEsqdE-1 e o oficial de ligação da US Navy decolou em direção ao porta-aviões George Washington. Como o porta-aviões se encontrava distante e com a visibilidade muito baixa, não foi possível o pouso da aeronave a bordo, que por medida de segurança, retornou para a fragata União.

Leap Frog e Light-line

Ainda pela manhã, os navios se posicionaram para a realização dos exercícios programados. Apenas as fragatas brasileiras e o destróier americano realizaram o exercício, que sempre se inicia com a manobra de Leap Frog, onde se ajustam a velocidade e a distância entre os navios, com cada fragata mantendo por 5 minutos a posição por boreste do navio americano.

Durante a manobra de Light-line, o destróier passou a retinida (cabo) para que ocorresse a passagem de uma carga leve entre os navios. Ao fim das manobras, o tempo melhorou e a fragata lançou a aeronave com o ComEsqdE-1 e o oficial de ligação em direção ao porta-aviões George Washington, onde pousou sem problemas, retornando no fim do dia para a União.

CF Bruno Macedo, comandante da fragata União, CF Thomé, futuro comandante da fragata Tamandaré e o CMG Quinaia, ComEsqdE-1

As fragatas da MB realizaram disparos com seus canhões Mk.8 de 4,5 polegadas para ajustes e preparação para o exercício noturno de tiro contra a Granada Iluminativa (GIL).

No início da noite, a aeronave Wild Lynx decolou para fazer o esclarecimento da área de tiro, retornando após fornecer ao navio a informação que a área estava liberada. Com os navios posicionados para o exercício de tiro real, coube a fragata União realizar o disparo da GIL. Seguindo a programação, apenas a União, a Independência e o Porter disparam. Os navios da MB usaram munição traçante no canhão Bofors Trinity MK3 de 40mm e o Porter a metralhadora mini-gun de seu sistema CIWS (Close-in Weapon System).

O DECEA na Sothern Seas 2024

Nesse contexto da operação Southern Seas 2024, o emprego efetivo dos meios aéreos da Marinha do Brasil e dos EUA ocorreu sobremaneira em pequenas áreas específicas entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro, e sobre o mar. Essa região é composta por diversas plataformas de Petróleo e o tráfego de Helicópteros de Offshore é permanentemente intenso.

A Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), teve elevada importância nesse cenário operacional, coordenando junto aos Órgãos de Controle de Tráfego Aéreo e divulgandoas informações aeronáuticas e o gerenciando o fluxo da navegação aérea local, reservando janelas horárias para as operações e blocos específicos para que os voos militares não gerassem impactos aos voos civis da região.

“Conhecer de perto e compreender a atividade-fim das Forças Coirmãs é o primeiro passo para a efetivação da interoperabilidade. Nosso planejamento foi prévio e muito estratégico, e isso proporcionou alcançarmos os resultados esperados”, afirmou o Capitão Eduardo Silva do DECEA, Oficial de Ligação entre a FAB e a Marinha do Brasil.

 

Na última noite a bordo, já com a derrota traçada para o Rio de Janeiro, realizamos uma rápida entrevista com o comandante da fragata União, Capitão de Fragata Bruno Macedo, e com Capitão de Fragata Gustavo Cabral Thomé, futuro comandante da fragata Tamandaré, que será lançada ao mar no dia 5 de agosto deste ano.

A fragata União foi a primeira a atracar na BNRJ, sendo seguida pelo Porter, James e Independência. O porta-aviões George Washington entrou na Baia de Guanabara na parte da tarde e o USNS John Lenthall, inicialmente, ficou nas proximidades da boca da Barra, só entrando na Baia de guanabara no dia seguinte.

Fim do exercício Southern Seas 2024 com os navios atracados na BNRJ

Operações aéreas com o AH-11B Wild Lynx

Caças F-35C Lightning II e F-18F Super Hornet no USS George Washington

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