Soldados brasileiros têm “conduta exemplar”, diz chefe de Missões de Paz da ONU

Em visita oficial ao Brasil, o chefe do Departamento de Operações de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), Jean-Pierre Lacroix, esteve, nesta segunda-feira, na sede do Ministério da Defesa, onde se reuniu com o chefe do Estado Maior-Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, e destacou a relevância das tropas brasileiras no novo cenário repleto de desafios que a ONU precisará enfrentar.

Lacroix classificou o Brasil como “um parceiro muito importante paras as missões de paz da ONU, por todo o seu histórico de colaboração, mas, mais recentemente, pela atuação no âmbito da MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti ). “Os brasileiros tiveram papel muito importante em muitas missões, e, no caso do Haiti, eles realmente fizeram a diferença, não só na área de segurança em Porto Príncipe, como também, tiveram um comportamento excelente na área de relações com a população e com as autoridades haitianas”, disse.

O representante de Operações de Paz da ONU destacou que, entre os novos desafios para as Nações Unidas nos próximos anos, está a necessidade de plena implementação de uma política de tolerância zero com relação a casos de abuso sexual. Neste aspecto, Jean-Pierre Lacroix voltou a destacar a importância do trabalho das tropas brasileiras. “A conduta das tropas brasileiras foi exemplar a este respeito. Temos uma experiência ótima com o Brasil no campo das missões de paz, e seguimos contando com a cooperação do Brasil”, afirmou.

Em palestra realizada no auditório do Ministério da Defesa, Lacroix fez ainda um resumo da situação atual das missões de paz da ONU ao redor do mundo. De acordo com ele, a Organização vem contabilizando inúmeros sucessos no sentido de conseguir estabelecer a paz e salvar vidas da população civil. No entanto, de acordo com Lacroix, a ONU agora enfrenta desafios que exigem respostas precisas para que possa haver uma evolução das missões de paz.

Segundo ele, uma das grandes dificuldades, atualmente, é a questão política das missões, ou seja, restabelecer a paz e fazer com que as instituições locais funcionem plenamente. Além disso, Lacroix destacou situações mais violentas, populações mais fragilizadas e amedrontadas nos locais que são ou serão alvo de missões, além da questão da pressão sobre novos recursos que vem sendo enfrentada pela ONU.

Diante deste novo cenário, Lacroix explicou que a ONU está revendo parâmetros de atuação para buscar formas flexíveis e eficientes e destacou que, para isso, cada vez mais se farão necessárias tropas versáteis e inteligentes, capazes de se adaptar aos mais diversos contextos políticos, econômicos e sociais.

Além disso, ele ressaltou que a ONU buscará um envolvimento cada vez maior dos países membros e parceiros. “Precisamos de um trabalho em parceria com toda a comunidade internacional, não existe mais cenário para poucos protagonistas, todos os países tem um papel muito importante”, disse ele citando como exemplo o caso da missão de paz em Mali onde a União Europeia desempenha papel fundamental no treinamento das Forças Armadas locais.

Além da visita ao Ministério da Defesa, o chefe do Departamento de Operações de Paz da ONU também participará, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (28), do Seminário Internacional “13 Anos do Brasil na MINUSTAH: Lições aprendidas e novas perspectivas”.

O evento marca o término da participação brasileira na missão de paz no Haiti e reunirá especialistas, meio acadêmico, institutos de pesquisa, militares e civis para analisar a atuação dos contingentes e identificar as lições aprendidas, bem como apresentar as perspectivas futuras para as Operações de Paz do Brasil.

FONTE e FOTO: MD

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