Por Virgínia Silveira
A contratante principal do Sisgaaz será responsável pela coordenação e execução dos trabalhos de desenvolvimento e integração dos sistemas (radares, sistemas de comunicação, satélites, drones, entre outros) produzidos pelas empresas fornecedoras do programa. A Marinha exigiu que a contratante principal fosse uma empresa brasileira com certificado EED (Empresa Estratégica de Defesa).
A Embraer Defesa & Segurança disputa o projeto com suas controladas (Bradar, Atech e Visiona) em parceria a Airbus Defence & Space. A Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), segundo o Valor apurou, apresentou a canadense-americana MacDonald, Dettwiler and Associates (MDA), a espanhola Indra e a sueca Saab como parceiras. A surpresa foi a entrada da brasileira Orbital Engenharia, fornecedora do programa espacial, em parceria com o grupo China Aerospace Science and Industry Corporation (Casic).
Treze consórcios chegaram a participar da fase inicial do projeto, com a retirada do pedido de propostas (RFP, na sigla em inglês), mas os cortes de verbas para projetos na área de defesa culminaram com a desistência da maioria da empresas. Entre as desistentes estão a Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Engevix Sistemas de Defesa e Tecnologia, Synergy Defesa e Segurança, IESA Óleo e Gas e o grupo OAS.
O diretor-geral de estratégia internacional da Airbus Group, Marwan Lahoud, número um da companhia na França, disse que esta será a primeira cooperação de grande escala com a Embraer em uma área que não é aeronáutica.
A empresa, segundo ele, tem competência para oferecer um amplo portfólio de produtos para o Sisgaaz envolvendo sistemas de monitoramento e controle marítimos (radares, satélites e sistemas de combate). A última vez que as duas empresas trabalharam juntas foi em 2005, quando a Airbus forneceu um sistema de missão naval para os jatos EMB-145 que a Embraer vendeu para o México.
O projeto conceitual do Sisgaaz, elaborado pela Fundação Ezute, teve um custo de R$ 38 milhões. O Sisgaaz, de acordo com a Marinha, deverá ter sua implementação concluída até 2027. Ele deverá monitorar as águas jurisdicionais brasileiras e as áreas internacionais de responsabilidade para operações de socorro e salvamento. A Amazônia Azul é composta pela área da Zona Econômica Exclusiva, que corresponde a 3,5 milhões de quilômetros quadrados e pela plataforma continental (911 mil km2).
Com o Sisgaaz, a Marinha pretende implantar um sistema de vigilância e monitoramento que propicie um conjunto de informações que servirão de base a tomada de decisões, relacionadas a uma eventual ameaça, situação de emergência, desastre ambiental, agressão ou ilegalidade.
A Marinha informou que planeja investir R$ 9 milhões este ano no Sisgaaz. O investimento total na implantação do projeto é estimado em R$ 13 bilhões. O valor real, no entanto, segundo informou a Marinha, será conhecido após a abertura das propostas apresentadas pelas empresas candidatas.
FONTE: Valor Econômico