O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Ângelo Padilha, lembrou que o Brasil hoje é doador de tecnologias, tem um programa enxuto, pacífico e bem estruturado. Para ele, é essencial que as empresas que fazem parte do processo tenham consciência de seu papel nos próximos anos, tanto a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A (Nuclep), criada para fabricar os componentes das usinas, quanto as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsável pela extração e enriquecimento do urânio.
– Hoje temos cerca de oito mil pessoas trabalhando na área nuclear, que está estruturada em três vertentes: o setor de geração de energia, com a Eletronuclear; o de desenvolvimento de um submarino a propulsão nuclear, por conta da Marinha; e a área de pesquisa de aplicações, desenvolvimento e manutenção da tecnologia, com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – explicou.
Para o presidente da INB, Aquilino Senra, que representou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, há uma preocupação do governo de estruturar bem o setor. Para ele, o marco regulatório é essencial e dará um novo gás às empresas que focam seu trabalho nessa área.
Para o gerente geral de Engenharia da Nuclep, Carlos Frederico Figueiredo, é importante se discutir o futuro e as implicações do que deve ser feito. Ele lembrou, por exemplo, que dos 102 funcionários que participaram do primeiro treinamento para a construção dos grandes equipamentos para as plantas nucleares, na Alemanha, apenas três continuam trabalhando. No setor de Engenharia ainda há uma tentativa de se transferir tecnologia, mas muito se perdeu no chão de fábrica.
– Muito me preocupa essa falta de posicionamento sobre o Programa Nuclear Brasileiro, pois estamos perdendo os profissionais que participaram daquele primeiro momento e precisamos começar logo a capacitação dos novos profissionais, para que eles possam atender às demandas dos novos projetos – ressaltou Carlos Frederico.
O diretor comercial, Marcos van der Putt, que representou o presidente da Nuclep, Jaime Cardoso, compartilha da preocupação do gerente geral de contratos e acredita que é importante que o governo entenda que a empresa foi criada para atender ao Programa Nuclear e precisa estar atenta a todas as tecnologias que serão utilizadas nas futuras usinas, para poder estar preparada para cumprir o seu papel na cadeia.
O VI SIEN terá debates sobre todas as áreas envolvidas no desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro. Nesta quinta-feira a Nuclep participa de uma mesa de debates sobre a possível participação do setor privado no desafio nuclear. Na sexta, executivos de diversas empresas participantes do evento, como Rosatom, da Rússia; e SNPTC, da China, estarão visitando o parque industrial da Nuclep, em Itaguaí. A estatal é apontada por grandes empresas, como a Westinghouse, como a parceira ideal para grandes projetos no Brasil.
FONTE: Monitor