Enquanto esteve em construção, o edital recebeu 250 contribuições, explica o presidente da Telebras, Antonio Loss. Segundo ele, o satélite e os equipamentos de controle custaram R$ 1,1 bilhão, mas o orçamento total do projeto, de R$ 2,8 bilhões, considerou o seguro do lançamento, as estações de controle e de acesso e as obras de infraestrutura, que atenderão os futuros satélites brasileiros no âmbito do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
“O satélite foi lançado em maio e passa pela fase de testes em órbita e conectividade à rede da Telebras, como qualquer outro projeto satelital. Os 30% destinados ao uso militar, relativos a banda X, já estão sendo entregues. A parte da banda Ka, de internet, conseguiremos entregar 50% até setembro. Em 2018, todo o território nacional terá cobertura”, garante.
Conforme o Ministério da Defesa, os prazos estão dentro do esperado, “incluindo a passagem do gerenciamento e utilização dos transponders (equipamentos de recepção e retransmissão dos sinais de comunicações do satélite) para os operadores da Defesa”. A pasta explica que, com o SGDC, o Brasil passa a integrar o seleto grupo de países que contam com seu próprio satélite, não tendo mais a necessidade de alugar equipamentos de empresas privadas, o que gera economia aos cofres públicos.
Após a fase de testes, o satélite oferecerá imediatamente toda a capacidade da banda X. Isso porque a rede militar já se encontra em uso há vários anos, utilizando banda de outros satélites. A frequência civil só estará disponível após a conclusão de cada estação de acesso.
O presidente da Telebras destaca que há R$ 450 milhões em investimentos nas cinco estações terrestres que farão o tráfego de dados — Brasília, Rio, Florianópolis (SC), Campo Grande (MS) e Salvador (BA). “Todos os contratos administrativos, na ordem de 18 contratos, licitados e assinados na nova gestão, já estão em execução, e os processos licitatórios restantes, de apoio aos serviços a serem prestados, na ordem de 14 processos, estão em fase final de execução. As estações de acesso do satélite estão previstas para estar disponibilizadas a partir de agosto”, assegura.
O plano de negócios do SGDC prevê que após a disponibilização dos investimentos iniciais, a Telebras possa contribuir com orçamento próprio. Isso porque vai rentabilizar o satélite, comercializando a banda Ka, com a “cessão da capacidade satelital às empresas interessadas”.
Com 5,8 toneladas e 5 metros de altura, o satélite fica a 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobre todo o território brasileiro e o Oceano Atlântico e tem capacidade de operação por até 18 anos. Enquanto o SGDC não opera, o Brasil utiliza satélites de empresas privadas, como StarOne, Intelsat, Eutelsat, Telesat.
Para o presidente da consultoria Interb, Cláudio Frischtak, o satélite é vital para cumprir o Plano Nacional de Banda Larga, cujo conceito é bom, mas difícil de sair do papel. Isso só pode chegar por dois caminhos: fibra ótica, que continua sendo mais barata, ou via satélite. “Tipicamente mais cara, a tecnologia funciona em áreas remotas. Nesse contexto, o governo estabeleceu metas de ampliação da banda larga, contando com o SGDC. E reviveu a Telebras com essa meta.” (SK)
Preço indefinido
O preço com que este serviço vai chegar na ponta, no entanto, ainda não é certo. O presidente da Telebras diz que a tecnologia do SGDC é de baixo custo na comparação com os demais satélites, porque a banda Ka permite antenas pequenas. Mas ainda assim a internet via satélite não terá como competir com a fornecida em rede. “Vai ficar entre os dois extremos. O grande diferencial, na verdade, é cobrir 100% do território nacional, o que trará muitos benefícios para diversas áreas”, assinala.
FONTE: Correio Braziliense