Planos de logística e deslocamento de tropas por terra e ar já foram elaborados. Inteligência do governo identificou risco de greves em quatro estados.
Por Robson Bonin
Um integrante da cúpula do governo que atua diretamente na elaboração dessa estratégia militar disse a VEJA que cerca de 30.000 militares altamente treinados estão a postos nos quarteis das três forças para serem acionados em caso de deflagração de greves pelos estados. São soldados que já atuaram em zonas de conflito como o Haiti, por exemplo.
“Diante da possibilidade de que o presidente da República solicite que as Forças Armadas venham a assumir operacionalmente o controle da segurança de um determinado estado, segue-se um procedimento que é padrão: você faz uma logística, vê os pontos chaves, os pontos críticos e estabelece um oficial de ligação das Forças Armadas com a secretaria de Defesa do estado. A gente tem alguns estados onde essas pré-condições já estão dadas. É o caso do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, de Pernambuco e do Rio Grande do Sul. Já temos planos micro detalhados de emprego de tropas para esses estados”, diz um auxiliar do presidente Michel Temer.
As medidas começaram a ser adotadas depois que relatórios de inteligência que chegaram ao Palácio do Planalto identificaram o risco de disseminação da crise na segurança pública que já resultou em mais de 120 mortes no Espírito Santo, além de uma onda de saques ao comércio e toda sorte de crimes comuns.
A crise no Espírito Santo chega hoje ao sétimo dia. Na manhã desta sexta-feira, o comandante da Polícia Militar, Nylton Pereira, anunciou que 703 policiais militares serão indiciados pelo crime de revolta – caso sejam condenados, os militares podem pegar de 8 a 20 anos de detenção. Segundo o comandante, os PMs tiveram o ponto cortado desde sábado, dia 4, e ficarão sem receber férias e escala especial. “O crime de desobediência, é uma transgressão grave para o militar. Quando evolui para motim, prevê 4 a 8 anos de detenção. Quando os policias estão armados, configura crime de revolta, que prevê pena de 8 a 20 anos. Ontem indiciamos 327 policiais militares por revolta. Hoje indiciamos 376, resultando em 703 indiciados”, afirmou o comandante.
O secretário de Segurança do Espírito Santo, André Garcia, afirmou que o governo não tem mais capacidade de diálogo. A categoria reivindica 43% de reposição salarial. Os representantes dos PMs sugeriram, em reunião nesta quinta, o parcelamento do reajuste – um aumento inicial de 15% e os demais 28% no prazo de 12 meses, mas o governo ofereceu apenas uma possibilidade de reajuste a partir dos resultados de arrecadação do primeiro quadrimestre deste ano, sem apresentar porcentual.
FONTE: Veja