O Parlamento do Mercosul (Parlasul) deverá realizar uma sessão especial em Ushuaia, no sul da Argentina, para debater a situação das ilhas Malvinas.
A proposta, feita pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), foi prontamente aceita por parlamentares argentinos que participaram, nesta quinta-feira (22), de encontro com senadores brasileiros na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Em sua última sessão, em Montevidéu, o Parlasul já havia decidido promover o debate sobre o pleito argentino de recuperar a soberania sobre as Malvinas, até hoje ocupadas pela Inglaterra. Segundo haviam concordado os integrantes do órgão legislativo do Mercosul, a sessão ocorreria em Buenos Aires, ainda sem data marcada. Cristovam, no entanto, opinou que seria melhor promover o encontro em uma cidade mais próxima das ilhas.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados da Argentina, Guillermo Carmona, concordou com a sugestão e indicou Ushuaia, que vem a ser a capital da província da Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul – ou seja, a capital da província que incluirá as Malvinas, caso as ilhas voltem a fazer parte da Argentina.
— A proposta do senador é absolutamente pertinente e ajustada à preocupação regional que tem a ver com a preservação do Atlântico Sul como zona de paz. A decisão do Parlasul de realizar sessão para abordar a questão das Malvinas foi apoiada por todas as delegações e se soma a outra decisão, de criar na Comissão de Assuntos Internacionais uma subcomissão para abordar a questão das ilhas Malvinas — disse Carmona.
Durante a reunião, presidida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), o embaixador Daniel Filmus, secretário de Assuntos Relativos às Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul, do Ministério da Relações Exteriores da Argentina, agradeceu o “apoio incondicional” do Brasil na luta de seu país por reconquistar a soberania sobre as ilhas. Ele criticou a manutenção do domínio britânico sobre terras tão distantes do Reino Unido.
– É difícil pensar que em 2014, em pleno século 21, ainda haja uma parte da América do Sul que depende de uma potência colonial, a 14 mil quilômetros de distância. A América do Sul não vai ser totalmente independente até que as Malvinas voltem a ser da Argentina – afirmou Filmus.
Segundo o embaixador, está nas Malvinas a base militar mais importante do Atlântico Sul. A seu ver, a presença militar britânica está ligada à defesa de interesses econômicos na região, rica em recursos naturais, como pescado e petróleo. Ele ressaltou ainda que a região das ilhas é estratégica para o corredor bioceânico entre o Atlântico e o Pacífico. E observou que seu governo pede apenas que se cumpram resoluções da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que determinam a retomada do diálogo sobre o tema entre Londres e Buenos Aires.
Requião lembrou que pesquisas de opinião pública feitas na Inglaterra foram favoráveis à descolonização das Malvinas, ao contrário de pesquisas feitas junto aos ilhéus, que indicam preferência pela manutenção do domínio britânico sobre as ilhas. Cristovam Buarque disse que a luta pela recuperação das ilhas não é só da Argentina, “mas de todos nós”. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) ressaltou a “posição firme” de seu partido de apoio à Argentina. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também manifestou a sua solidariedade ao país vizinho.
FONTE:Agência Senado