Os riscos ao setor de petróleo no Golfo da Guiné

A Marinha do Brasil realizou 2 operações chamadas Guinex no Golfo da Guiné - Fragata Independência atracada em São Vicente, Cabo Verde.

Por João Victor Marques Cardoso

A crise geopolítica gerada pelo conflito na Ucrânia reorientou os fluxos energéticos no mundo, evidenciando os fatores críticos às atividades petrolíferas no Golfo da Guiné (GoG). À medida que o petróleo russo é comercializado, principalmente para a China e a Índia, os Estados Unidos e a Europa encontram alternativas no GoG, intensificando os fluxos marítimos no Atlântico.

Ao mesmo tempo em que essas atividades se tornam mais lucrativas, há maior exposição a riscos no domínio marítimo. Destaca-se que os preços do barril seguem em torno dos US$ 100 e as taxas de fretes de petroleiros tornaram-se 170% mais altas na rota “África Ocidental-Costa do Golfo dos EUA”. Assim, questiona-se qual a incidência de riscos às atividades petrolíferas no GoG.

No primeiro semestre de 2022, o Bureau Marítimo Internacional registrou 58 incidentes de pirataria e roubo armado na costa, sendo o menor nível semestral desde 1994. Do total, dez casos de roubo e dois de pirataria ocorreram no GoG, o que representa uma queda de 48% em relação ao mesmo período de 2021 e de 70% ante 2020. Ademais, entre os 58 incidentes no planeta, 18 foram reportados contra petroleiros, como em Angola, Costa do Marfim e Libéria.

Tamanha retração no GoG decorre dos investimentos em meios militares para aprimorar a consciência situacional marítima em especial na Nigéria, onde nenhum incidente foi reportado, embora crimes dessa natureza ainda sejam relevantes na definição do escopo de políticas e estratégias marítimas. Cita-se o lançamento, em julho de 2022, de um mecanismo de monitoramento de iniciativas e compromissos antipirataria pelo governo nigeriano junto à Câmara Internacional de Navegação.

Além dos crimes supracitados, outros riscos se impõem às atividades de exploração e produção, como o roubo nos elos logísticos que paralisam poços e oleodutos. Segundo o órgão regulador na Nigéria, em média, 120 mil barris por dia foram roubados no primeiro trimestre de 2022, somando perdas de US$ 1 bilhão. Finalmente, a mitigação dos riscos torna-se necessária para maximizar a oportunidade de ampliar as receitas do setor com a exportação para mercados ocidentais e, considerando a maior demanda africana até 2030 em dois terços da produção continental de petróleo e gás, a garantia do abastecimento interno.

FONTE: Boletim GeoCorrente

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