Por Dominique Marques
Com 97 votos contra 2 e uma abstenção, no dia 29 de março, senadores dos EUA aprovaram a adesão de Montenegro à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ratificada por Donald Trump no dia 11 de abril.
Após a aprovação da Espanha, último país que ainda não a ratificou, Montenegro se tornará o 29º país a se integrar à maior aliança militar do planeta, criada em 1949 para se opor à ameaça da então União Soviética e seus aliados. O Primeiro-ministro montenegrino Dusko Markovic afirmou que este é o maior passo dado em política externa pelo país desde a sua independência da Sérvia em 2006.
Montenegro fazia parte da Iugoslávia, desmembrada em 1990 em 4 países, enquanto Sérvia e Montenegro deram continuidade à República Federal da Iugoslávia.
Em 1996, por meio de um referendo, Montenegro adotou uma organização econômica independente da Sérvia, mas apenas em 2006 conseguiu sua independência total. Possui uma população de 650 mil habitantes, um PIB de US$ 4.2 bilhões (só é maior do que o de San Marino, dentre todos os 42 países da Europa), elevadas taxas de desemprego e uma economia altamente dependente do turismo (o país recebe duas vezes mais turistas por ano do que sua população). Com a ratificação, Montenegro se tornará o 7º país da região dos Bálcãs a integrar a OTAN, ao lado de Albânia, Bulgária, Croácia, Grécia, Eslovênia e Romênia.
Como a região dos Bálcãs é de histórico interesse russo, principalmente pela questão da busca pelo acesso às águas quentes, Moscou opõe-se fortemente a esta decisão. Montenegro, inclusive, acusa a Rússia de tentar interferir nessa decisão ao fazer manobras junto à opinião pública para atrapalhar a adesão do país à aliança. Há um movimento no país que exige a realização de um plebiscito para aprovar a entrada na
OTAN.
Mesmo com o discurso isolacionista de Trump, antes de assumir a presidência, a práxis tem mostrado que o novo presidente estadunidense aprende rápido a usar todos os recursos de poder militar e política externa em proveito de seus objetivos nacionais. A ratificação da entrada de Montenegro na OTAN é apenas mais um desses movimentos na direção de mostrar aos russos quem ainda dá as cartas na agenda global.
FONTE: Boletim GeoCorrente