Ordem do Dia do Comandante da Marinha

  

COMANDANTE DA MARINHA

BRASÍLIA, DF.
Em 13 de dezembro de 2012.

ORDEM DO DIA Nº 4/2012

Assunto: Dia do Marinheiro

O que significa ser um “Marinheiro”? Como definir o que, ainda jovem, jura defender a Pátria nos mares e rios, com o sacrifício da própria vida, se preciso for?

Ele é aquele que, simbolizando os homens e as mulheres que labutam incansavelmente em nossa Instituição, honra o seu uniforme, preserva os valores basilares da hierarquia e da disciplina e bem representa o País durante as viagens aos mais diversos continentes.

É alguém que escolhe uma vida de dedicação integral à Nação, caracterizada pela alegria e o orgulho do dever cumprido; que demonstra, diuturnamente, todo o seu amor e devoção pela Força; que preza o convívio a bordo das nossas Organizações, onde compartilha a lealdade e o companheirismo; e que tem a clara noção de que a construção da Marinha almejada depende da união dos esforços de cada um de seus componentes, pois todos são importantes e têm um papel a desempenhar.

“Sou Marinheiro e outra coisa não quero ser”.

Essas são palavras do nosso Patrono, o Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré, que traduzem, com a notoriedade de sua biografia, todo esse significado.

Hoje, estamos reunidos para prestar as merecidas homenagens a Tamandaré, esse insigne brasileiro que contribuiu, decisivamente, para resguardar o Império da desagregação política e territorial, promovendo a concórdia e a paz, sendo um modelo de intrepidez, lealdade e ética, a ser seguido por todos.

O 13 de dezembro, sua data de nascimento, em 1807, foi instituído como o Dia do Marinheiro, através do Aviso Ministerial de 4 de setembro de 1925, que visou …”render-lhe as honras reclamadas pelos seus inestimáveis serviços à liberdade e à união dos brasileiros”…

Cabe a nós relembrarmos, permanentemente, o legado de bravura e abnegação representado por sua longeva carreira, iniciada em 1823, ao embarcar na Fragata “Niterói” durante a Guerra da Independência, e que foi pontilhada, ao longo do século XIX, por inspiradores atos de extraordinária coragem, testemunhados durante todas as campanhas militares em que a Marinha se viu envolvida.

Entre essas, merecem destaque a Guerra Cisplatina; a pacificação das insurreições ocorridas no período da Regência, tais como a “Setembrada” e a “Abrilada”, ambas em Pernambuco; a “Cabanagem”, no Pará; a “Sabinada”, na Bahia; e a “Balaiada”, no Maranhão; e, já no Segundo Reinado, o começo da Guerra da Tríplice Aliança.

Uma passagem, que comprova o perfil destemido, porém humano e cavalheiro de seu caráter, ocorreu em 1848, no comando da Fragata “D. Afonso”, nosso primeiro navio de guerra de grande porte com propulsão a vapor, e que estava sendo construído na Inglaterra. Durante uma das provas de mar, atendeu a um pedido de socorro e realizou o salvamento, com grande risco, da tripulação e dos passageiros do mercante inglês “Ocean Monarch”, resgatando cerca de 150 pessoas.

Faleceu no Rio de Janeiro em 20 de março de 1897 e, em 13 de dezembro de 2004, teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria.

Assim, rememorar o seu exemplo e os seus valores serve de inspiração para que continuemos firmes, seguindo em frente mesmo diante das dificuldades, certos de que as conquistas somente serão alcançadas com muita dedicação e que a Nação exige, antes de tudo, um total comprometimento.

Sob esse enfoque, devemos ter sempre em mente que a nossa maior responsabilidade é contribuir para a garantia da soberania e dos interesses do Brasil na “Amazônia Azul” e nas águas interiores. O mar responde por cerca de 95% do nosso comércio exterior, que se utiliza dos 40 portos organizados, estabelecidos ao longo do litoral de 8.500 km de extensão e dos 40.000 km de hidrovias navegáveis. Das áreas marítimas de exploração, são extraídos 2,1 milhões de barris de petróleo por dia, que correspondem a 90% da produção nacional. Com o começo das atividades na bacia do Pré-Sal, tais valores serão elevados substancialmente.

Cumprindo as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, estamos desenvolvendo importantes ações que visam assegurar um Poder Naval com capacidade de contribuir para a proteção das nossas águas jurisdicionais e que seja adequado à estatura do País no cenário internacional.

Ressalto, portanto, algumas realizações em 2012:

No Setor do Pessoal, destaco a inauguração da Policlínica Naval de Campo Grande, que prestará assistência de saúde a um público estimado em 62 mil usuários; e a expressiva participação de nossos atletas nas Olimpíadas de Londres, tendo sido obtidas, na modalidade de judô feminino, uma medalha de ouro e uma de bronze.

Na Área do Material, gostaria de evidenciar:

– a prontificação dos Navios-Patrulha “Macaé” e “Macau”, de 500 toneladas, estando em construção cinco outras unidades da mesma classe, de um total de 27 pretendidas, que serão empregadas na proteção permanente das bacias petrolíferas, inclusive as do Pré-Sal;

– a incorporação dos Navios-Patrulha Oceânicos “Amazonas” e “Apa”, de 1800 toneladas. O terceiro deles, o “Araguari”, será recebido em abril de 2013;

– a aquisição, em andamento, por meio de um Acordo de Cooperação firmado entre os Ministérios da Defesa, através da Marinha, e da Ciência, Tecnologia e Inovação e as empresas PETROBRAS e VALE S.A., de um Navio de Pesquisa Hidroceanográfico, com capacidade de transportar 56 pesquisadores e dotado de equipamentos no “estado da arte”;

– a continuação das atividades visando a implementação do Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER), ainda não aprovado; da retomada, em futuro próximo, da construção das Corvetas classe “Barroso”; e do Sistema de Gerenciamento da “Amazônia Azul” (SisGAAz), atualmente na fase de desenvolvimento da arquitetura;

– o recebimento de quatro Helicópteros de Múltiplo Emprego, MH-16 “Seahawk”, que serão utilizados em ações antissubmarino e antissuperfície, aumentando a capacidade operativa da Esquadra; e

– o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), que teve um ano marcante, com a prontificação, em Itaguaí, no Rio de Janeiro, da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), onde serão montadas as seções dos submarinos e a conclusão da abertura do túnel de ligação entre as Áreas Norte e Sul do Estaleiro e Base Naval; as seções de vante e meio-navio do primeiro submarino convencional, que estarão prontas, na França, em fevereiro de 2013, e as seções de ré, que tiveram a construção principiada na NUCLEP; e o início do projeto de concepção do submarino com propulsão nuclear.

Além disso, desejo mencionar que a Força-Tarefa Marítima, componente da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), permanece sob o comando de um Almirante brasileiro, tendo como seu atual Capitânia, a Fragata “Liberal”; e que o desmonte da Estação Antártica Comandante Ferraz está em curso, com previsão de encerrar-se na Operação Antártica deste ano, de modo a permitir a construção da nova Estação a partir do verão de 2013/2014.

Meus Comandados!

No Dia do Marinheiro, quando devemos rememorar os feitos e preservar os exemplos de honra, correção e patriotismo do nosso Patrono, concito-os a, unidos, renovarem a crença em nossa Instituição e o entusiasmo pela carreira abraçada, continuando a envidar todos os esforços na busca do aprimoramento da Marinha, mantendo-a aprestada e capacitada a cumprir a sua Missão.

Às Senhoras e aos Senhores que estão sendo homenageados com a imposição da Medalha Mérito Tamandaré, transmito os meus agradecimentos pelos relevantes apoio e colaboração prestados à nossa Instituição, pelos quais foram merecedores desse justo reconhecimento. Peço-lhes que continuem a contribuir para o fortalecimento de uma mentalidade marítima junto à sociedade, enfatizando a importância da “Amazônia Azul” e das hidrovias para o engrandecimento do Brasil, um País predestinado a ser grande e reconhecido como ator importante no cenário internacional.

JULIO SOARES DE MOURA NETO
Almirante de Esquadra
Comandante da Marinha

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