Por Gabriela Veloso
Desde o rascunho das três fases do Programa Renstra na primeira década do século XXI, muito se evoluiu em termos de defesa na Indonésia. A potência regional, que chegou a ser chamada de “eixo marítimo mundial”, vem seguindo firmemente suas propostas de incremento desse setor nos últimos anos, em especial no âmbito marítimo, por conta de seu status de país arquipélago, localização geográfica, e, subsequentemente, por sua necessidade de constituir e preservar seu poder naval.
Desde que o atual presidente Joko Widodo, assumiu o cargo, em 2014, pôde-se observar progressivos investimentos e salvaguardas do setor de Defesa. As disposições relacionadas à compra, comissão e montagem, sobretudo de submarinos, trazem a pergunta: o que podemos esperar dessa tendência para a política de Defesa da Indonésia?
Em agosto de 2017, após décadas somente renovando e mantendo seus submarinos da classe Cakra, o país comissionou um novo submarino de ataque, movido à diesel, o KRI Nagapasa (403), uma versão implementada da classe Chang Bogo Type 209/400, montado pela empresa sul-coreana Daewoo Shipyard (DSME).
No ano seguinte, mais um submarino de ataque, que também havia sido encomendado à Daewoo, em 2011, foi comissionado, o KRI Ardadedali (404). Apesar de, em março de 2021, isso ter ocorrido novamente, com a incorporação do submarino KRI Alugoro (405), a grande novidade se encontra, no entanto, no fato de que este foi o primeiro submarino montado na Indonésia.
O Alugoro, montado no estaleiro estatal PT PAL em Surabaya, foi, na verdade, o primeiro submarino montado no Sudeste Asiático. A montagem e exportação de outros tipos de embarcação, como o caso do SSV (Strategic Sealift Vessel) às Filipinas, além da recente incorporação de um submarino montado localmente, destacam a Indonésia como potência naval regional e podem vir a colocar em xeque, por exemplo, a encomenda de outros submarinos, realizada pelo país à DSME, em 2018. Tais eventos e projetos demonstram ainda uma disposição do país em fazer frente às disputas do Mar do Sul da China e proteger seu território marítimo de possíveis ameaças.
Pensando nos próximos passos da Marinha Indonésia, o Ministério da Defesa vem conversando com o consórcio francês Naval Group para uma possível encomenda de submarinos da classe Riachuelo. Desse modo, o setor de defesa marítima da Indonésia parece guardar um futuro promissor.