O fortalecimento russo na Esquadra do Pacífico

Corveta russa R-261 dispara um míssil de cruzeiro Moskit contra um alvo inimigo simulado nas águas da costa do Japão em 28 de março - Foto MoD Russia

Por Rafael Esteves

O lançamento da nova Doutrina Marítima Russa em 2022 possibilitou melhor entendimento da perspectiva estratégica do país frente à sua costa banhada pelo Oceano Pacífico, principalmente a partir dos anos 2020. Com esse documento, é possível entender as recentes movimentações de Moscou para aumentar a presença no Leste e melhorar as capacidades da Esquadra do Pacífico, a exemplo do exercício naval realizado em abril de 2023 envolvendo: 167 navios, 12 submarinos, 89 aviões e 25 mil militares.

Assim, é importante questionar: quais as possíveis razões geopolíticas para um maior interesse do Kremlin nessa
região?

Marinha da Rússia – Frota do Pacífico

Apesar da extensão continental, a história do país demonstra um certo “descaso” dos governos com a costa Leste, uma vez que a prioridade era, naturalmente, o acesso aos mares europeus. Ainda assim, durante o período soviético, a Rússia tentou manter presença na região, frente às disputas territoriais com o Japão em relação às ilhas Sakhalin e Kurilas. A situação se tornou crítica após o colapso da União Soviética em 1991, uma vez que a Marinha russa não conseguia substituir os modelos mais antigos de suas embarcações, diminuindo consideravelmente as capacidades navais do país na região.

Isso começou a mudar a partir das décadas de 2010 e 2020. Os desdobramentos geopolíticos do século XXI, a partir da maior presença econômica e militar estadunidense na região da Ásia-Pacífico e o fortalecimento militar de rivais russos, como o Japão, levaram Moscou a repensar suas perspectivas estratégicas para a região.

Uma corveta da Frota do Pacífico da Rússia dispara um míssil de cruzeiro Moskit contra um alvo inimigo simulado nas águas da costa do Japão em 28 de março

Nesse sentido, elevou-se o interesse em fortalecer a Esquadra do Pacífico, que já vinha passando por uma reformulação e modernização de suas capacidades, destacando a elaboração da Doutrina Marítima da Federação Russa de 2022. Além disso, ampliou-se a integração da parte ocidental do país com a oriental, com maiores investimentos em infraestrutura de transportes e energia.

É possível compreender, portanto, que o fortalecimento das capacidades navais, sobretudo na costa Leste, e a maior integração entre o território russo têm sido impulsionados pelas transformações no cenário internacional e pelo fortalecimento de adversários geopolíticos da Rússia.

FONTE: Boletim GeoCorrente

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