Por Helio Gurovitz
A lógica do terror é a mesma em toda a parte. Mudam os atores, a nacionalidade, a religião ou a cor das vítimas, mas o objetivo permanece o mesmo – espalhar o medo pela população e fazer propaganda das ideologias mais despiciendas: o racismo supremacista, o islamofascismo e todos os “ismos” que promovem a destruição de alguém apenas porque ele é “diferente”. O brasileiro sempre se julgou a salvo do terrorismo. Nada mais ilusório. Precisamos acordar com urgência para a ameaça. O terror busca os holofotes. Os Jogos Olímpicos de 2016 já fazem do nosso país um alvo preferencial de ataques, num momento em que o mundo todo vive um clima de tensão ante a ascensão de grupos capazes de fazer o impensável.
O mais ameaçador deles é o Estado Islâmico (também conhecido como Isis, Isil, Ei ou Daesh), que pretende eliminar os infieis e restabelecer no território do Oriente Médio um califado governado pela interpretação mais tacanha e deturpada da lei islâmica. Desde a revelação dos crimes nazistas no final de Segunda Guerra, não surge algo tão desprezível, vil e abjeto. Em vídeos de propaganda disponíveis online, o Isis exibe o assassinato de infieis pelas estradas do Iraque. De dentro do carro em movimento, terroristas metralham inocentes pela janela apenas porque… estavam passando. Quem tiver estômago, pode procurar na internet o vídeo chamado Clanging of the Swords, parte IV (recuso-me a incluir o link). Quem estiver interessado em ler a respeito e entender as motivações que levam gente do mundo todo a aderir a esse tipo de barbárie pode ler a excepcional reportagem de Graeme Wood publicada em março pela revista The Atlantic. O jornal The New York Times tem mantido uma página em que registra todos os avanços do grupo no território da Síria e do Iraque, além de seus ataques terroristas. Se há vencedores na guerra insana que se espalhou pela região nos últimos anos, têm sido os terroristas.
O brasileiro médio costuma achar esse tipo de ameaça distante, muito embora o Brasil já tenha fornecido vários recrutas ao Estado Islâmico. Tramita no Congresso há tempos uma Lei Antiterrorismo, para garantir que a polícia e a Justiça disponham da autoridade necessária para combatê-la. Infelizmente, ela anda parada, sob pressão de movimentos sociais que temem que seja cerceado seu direito de protestar. Essa visão é escandalosamente absurda. O terrorismo é uma atividade repugnante que nada tem a ver com a livre manifestação. Exige não apenas nossa repulsa, punição e condenação veemente – sempre, sem exceção. Com o aumento dos riscos e a aproximação da Olimpíada do RIo de Janeiro, exigirá também que as autoridades tenham meios legais e técnicos de deter atos terroristas antes que eles ocorram. Ou então – como mostram as vítimas de hoje na França, na Tunísia e no Kuwait – poderá ser tarde demais.
FONTE: G1 – Coluna Hélio Gurovitz