Por Maria Eduarda Parracho
Recentemente, após um extenso período de estagnação da indústria naval, o Japão tem revitalizado sua esquadra e recebe seu mais novo submarino da classe Taigei que, além de poder conferir a Tóquio a tão debatida capacidade de ataque às bases inimigas, possui a tecnologia de bateria de íons de lítio. Esse equipamento permite que o submarino funcione por longos períodos com uma única carga. Entretanto, desde a Segunda Guerra Mundial, o Japão estabelece a paz e a estabilidade regional como prioridades para sua política de segurança nacional.
A partir disso, quais fatores impulsionam o país a continuar desenvolvendo aparatos navais mais modernos?
Traduzido como “A Grande Baleia”, o novo submarino japonês construído pela Mitsubishi Heavy Industries pode ser interpretado como uma guinada no crescimento dessa indústria. O grupo Mitsubishi desempenhou um papel fundamental na rápida ascensão japonesa após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, nas últimas décadas, a indústria de defesa do país estagnou e as empresas do setor perderam competitividade principalmente para as estadunidenses e as sul-coreanas que se adaptaram melhor aos novos tempos e construíram Impérios Digitais.
A potencial retomada do protagonismo da Mitsubishi Heavy Industries ao mercado internacional e a promoção de seus mais inovadores lançamentos são extremamente importantes para a indústria japonesa como um todo a fim de reduzir a dependência externa, principalmente dos Estados Unidos.
Além disso, a instabilidade presente no Indo-Pacífico é uma preocupação do país e de seus aliados regionais, que no intuito de defenderem seus interesses em um possível conflito, impulsionam suas modernizações militares. A China, ao alcançar seu êxito econômico e armamentista, começa a impor sua hegemonia em seu entorno estratégico. Essas tentativas unilaterais de mudar o status quo são interpretadas como uma ameaça para o Japão, que desenvolve suas capacidades dissuasórias e intensifica parcerias militares tradicionais para manter sua influência regional.
Portanto, através da modernização de seus submarinos, o país busca recuperar seu papel como ator relevante no Pacífico. Entretanto, ao adquirir mecanismos dissuasórios sofisticados e participar ativamente de exercícios militares multinacionais, há o risco de outros países interpretarem suas políticas como hostis.
FONTE: Boletim GeoCorrente