Por Luciano Veneu
As contínuas crises econômicas experienciadas pela Argentina culminaram na precarização de suas Forças Armadas. Apesar do quadro de fragilidade, os governos no século XXI buscam remediar essa situação criando projetos de revitalização dos meios militares, compreendendo a questão como política de Estado. Dessa forma, em setembro de 2022, a Marinha da Argentina escolheu o novo projeto de Navio de Desembarque Anfíbio (NDA) a ser construído no país. Sendo assim, qual o impacto poderá ser observado na indústria de Defesa e na área de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) argentina?
O futuro NDA da Marinha argentina será do modelo LST-100, da empresa estatal holandesa Damen, e terá sua construção realizada pelo estaleiro Rio Santiago, na cidade de Ensenada, uma empresa estatal e um dos maiores estaleiros do país.
Inicialmente, o período estimado para a entrega da embarcação pelo estaleiro é de cinco anos. Portanto, observa-se como objetivo do projeto, além da atualização dos meios navais da Marinha, a capacitação de uma empresa estatal para a construção de um NDA, adquirindo experiência e know-how para que, futuramente, outros modelos sejam desenvolvidos e produzidos.
Espera-se que seja proporcionado o desenvolvimento da Indústria de Defesa argentina, além do incremento da área de CT&I no setor naval e áreas correlatas.
O modelo LST-100 possui uma capacidade de 18 tripulantes, a maior parte de seus sistemas é automatizada, possui hangar para helicópteros, pode comportar 25 toneladas de equipamentos, suprimentos e pessoal, além de duas lanchas para desembarque anfíbio.
Dessa forma, o LST-100 agregará à Marinha da Argentina capacidadede operação eficiente em teatros litorâneos e insulares, aumentando a projeção de poder argentino. Cabe ressaltar que esse projeto faz parte do conjunto de ações do Estado para adequação dos meios navais para um conflito moderno de tecnologias avançadas, e que não é um fim em si mesmo, mas permite possibilidades futuras à Indústria de Defesa e à Marinha visando ampliar suas capacidades operativas e de combate. Ademais, por ser construído no país, não é afetado pelo embargo britânico a equipamentos e insumos com fins militares, resquício da Guerra das Malvinas (1982).
Portanto, fica clara a importância da construção do NDA em estaleiro nacional, uma vez que a atividade agrega experiência e conhecimentos técnicos para o desenvolvimento futuro de modelos nacionais, fortalecendo, dessa forma, a Base Industrial de Defesa.
Além disso, supre a necessidade atual de capacidade de suporte aos desembarques anfíbios, seja com suprimentos, equipamentos ou combatentes.
FONTE: Boletim GeoCorrente