Por Marcio Geneve
Conforme noticiado recentemente, está em andamento nas instalações do grupo francês CNIM (Constructions Industrielles de la Mediterranée) a construção das primeiras embarcações de desembarque anfíbio da Marinha Francesa (Marine Nationale) denominadas EDA-S (Engins de Débarquement Amphibie Standard).
O contrato assinado no início de 2019 prevê o fornecimento de 14 novas unidades de desembarque standard (EDA-S) num período de 10 anos. Este contrato reafirma a posição da CNIM como parceiro chave da Marinha Francesa e líder europeu no segmento de anfíbios, com as linhas complementares de embarcações inovadoras: EDA-S e EDA-R (Engin de Débarquement Amphibie Rapide).
Esses navios assegurarão as operações anfíbias a partir das docas dos BPC (Bâtiments de Projection et de Commandement), da classe Mistral, transportando tropas, material ou veículos das Forças Armadas e poderão participar em operações logísticas. Poderão ainda participar de evacuação de refugiados ou recuperação de material aero lançado, no caso de missões humanitárias. Oito EDA-S estão destinados à flotilha anfíbia baseada em Toulon, e, complementados pelos EDA-R, constituirão a navegação embarcada a bordo dos navios anfíbios BPC franceses. Os seis EDA-S restantes serão destacados para o estrangeiro para substituir embarcações logísticas existentes
Em maio de 2019 foi realizada a operação combinada “Joana d’ Arc” entre a Marinha Brasileira e a Marinha Francesa na área da Ilha de Marambaia com a participação do BPC Tonnere e de uma embarcação L-CAT (Landing Catamaran Landing Craft), modelo também fabricado pela CNIM.
Estas embarcações empregadas pela Marinha Francesa seriam excelentes opções para incremento das capacidades anfíbias da Marinha Brasileira. A sua mobilidade, expressa em sua autonomia de 500 milhas náuticas a 30 nós com mar de até força 5, proporciona um excelente meio para deslocamentos com frações significativas de tropas com valor de pelotão ou superior.
Outra característica importante dessas embarcações é seu pequeno calado, da ordem de 1m, inferior à maioria dos Navios que operam na bacia amazônica, tornando-as uma excelente opção para mobilidade estratégica dos batalhões de operações ribeirinhas localizados na calha do Solimões/ Amazonas, das Brigadas de Infantaria de Selva situadas na área dos Comando Militar da Amazônia (CMA) e Comando Militar do Norte (CMN) ou mesmo da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA) para prover a logística de abastecimento de suas diversas unidades.
A avaliação do emprego destas embarcações poderá ser um grande incremento na capacidade de implementação do conjugado anfíbio e, neste viés, é importante ressaltar a possibilidade do CNIM a vir produzir suas embarcações em território nacional de acordo com o preconizado na Política e Estratégia Nacional de Defesa.