Por Adriana Weaver
A Marinha Brasileira acaba de dar um passo fundamental para garantir a segurança de navegação na Amazônia. Desde o início de abril, o Navio Hidroceanográfico Fluvial (NHoFlu) Rio Branco está colocando os rios da região no mapa.
A principal função do Rio Branco é fazer levantamentos cartográficos dos rios da Amazônia. Com as informações coletadas pelo navio, será possível detectar bancos de areia, melhorar a sinalização, encurtar viagens e evitar acidentes náuticos. Os dados serão usados principalmente por navios de Guerra da Marinha e navios mercantes cargueiros.
“Temos que apostar nas hidrovias e aumentar a segurança das embarcações realizando a dragagem dos rios”, disse o ministro da Defesa, Jaques Wagner, em entrevista à imprensa em 1º de abril, depois da cerimônia de entrega do navio em Manaus, no estado do Amazonas.
Após receber o Rio Branco em Manaus, o comandante da Marinha, Almirante Eduardo Barcellar Leal Ferreira, enfatizou a importância do mapeamento dos rios, como o Solimões e o Madeira, cujas características mudam frequentemente.
“Precisamos garantir que o [crescente transporte marítimo da região] esteja sendo feito com segurança e da forma mais econômica possível. A médio e longo prazo, a ideia é disponibilizar, a cada ano, cartas náuticas com o maior número de informações atualizadas possíveis.”
Protegendo o meio ambiente
Mapear os rios da Amazônia e ajudar as embarcações a evitar acidentes também vai ajudar a proteger o meio ambiente, disse o ministro Jaques Wagner.
“Não há transporte mais barato e mais ecologicamente correto que o transporte hidroviário”, disse Wagner. “Hoje a gente já transporta pelas nossas hidrovias cargas com cerca de 35.000 toneladas de soja. Se transferir isso para o transporte rodoviário, estou falando de 1.000 carretas queimando óleo diesel e poluindo a atmosfera.”
Além do Rio Branco, o Projeto de Cartografia da Amazônia adquiriu quatro embarcações de pequeno porte (Avisos) para aprimorar a cartografia náutica da região. Foram investidos cerca de R$ 62 milhões neste projeto desde 2008 e todas as embarcações já foram entregues à Marinha.
Além de fazer o mapeamento, o Rio Branco está coletando dados da atmosfera, dos rios e do solo submerso para uso em pesquisas científicas. No futuro, o navio poderá ser empregado em treinamentos, em apoio ao planejamento e à execução de Operações Ribeirinhas e em apoio aos órgãos governamentais, na Defesa Civil, nas Ações Cívico-Sociais e na preservação do meio ambiente. Até navios de patrulha ribeirinha poderão usufruir dos serviços do Rio Branco para combater crimes na região já que, os rios da Amazônia são visados por criminosos para assaltos e tráfico de drogas, entre outros crimes.
O Rio Branco é parte do Projeto de Cartografia da Amazônia (ACP), uma parceria entre a Marinha, o Exército, a Aeronáutica e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que, desde 2008, tem a coordenação do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão subordinado ao Ministério da Defesa. O ACP consiste dos seguintes subprojetos:
- :: Cartografia Terrestre, executada pelo Exército e pela Aeronáutica;
- :: Cartografia Geológica, executada pelo Serviço Geológico do Brasil; e
- :: Cartografia Náutica, executada pela Marinha.
O nome do navio é uma homenagem ao rio homônimo, que nasce no estado de Roraima, e a José Maria da Silva Paranhos, Jr., diplomata conhecido como Barão de Rio Branco que consolidou as fronteiras brasileiras ao resolver diversos conflitos com países vizinhos sem o uso de armas no início do século 20.
FONTE: Diálogo-Américas