O Navio Polar “Almirante Maximiano”, sob o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra José Benoni Valente Carneiro, atracará no dia 10 de abril, às 11 horas no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, localizado à Praça Barão de Ladário, s/nº – Ilha das Cobras, Centro, Rio de Janeiro e no dia 14 de abril de 2015, o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, sob o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra Sérgio Lucas da Silva, também retornará ao RJ e atracará às 10:30 horas, no píer da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), localizada à rua Barão de Jaceguai, s/nº – Ponta da Armação – Niterói, após concluírem seis meses em missão no Continente Antártico.
O PROANTAR teve início em 1982 com a aquisição do já desativado Navio de Apoio Oceanográfico “Barão de Teffé” pelo então Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra Maximiano Eduardo da Silva Fonseca, cujo nome é emprestado a um dos atuais Navios Antárticos. Desde então, o Brasil mantém presença constante no Continente Gelado, por meio da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e de seus “Navios Vermelhos”, sob a coordenação de diversas Organizações militares e civis, com destaque para a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), responsável pelo PROANTAR.
Assim, tendo saído do Rio de Janeiro em 06 de outubro de 2014 rumo à Antártica, o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel” opera naquele continente com a principal tarefa de prestar apoio logístico e reabastecimento aos Módulos Antárticos Emergenciais (MAE) da EACF, bem como colaborar com projetos de ciência e tecnologia nas mais diversas áreas, como Oceanografia, Hidrografia, Biologia, Geologia, Antropologia e Meteorologia, realizando observações de animais e coleta de amostras de solo e água. As atividades científicas envolveram profissionais de inúmeras instituições de ensino e pesquisa do País, que desenvolvem trabalhos utilizando os nossos “Navios Antárticos” como plataforma de coleta de dados ou de apoio para o estabelecimento de diversos acampamentos na região polar austral.
O Navio Polar “Almirante Maximiano”, em sua sexta comissão, partiu da cidade do Rio de Janeiro em 11 de outubro de 2014 e, além da região Antártica, também visitou os portos de Punta Arenas (Chile), Ushuaia (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). O Navio operou durante seis meses nas Ilhas Shetland do Sul e estreitos de Bransfield, Antártico e Gerlache, período que serviu como plataforma de pesquisa para 114 pesquisadores de 13 projetos distintos, que utilizaram os vários recursos de bordo, como os seus cinco laboratórios, seus guinchos oceanográfico e geológico e demais equipamentos científicos em toda sua potencialidade.
Em apoio ao projeto CHM, foi realizada uma sondagem na entrada da Baía Maxwell utilizando-se o ecobatímetro multifeixe EM-302, tendo sido obtidos dados a profundidades de até 500 metros. Além disso, foi realizada uma sondagem “teste” em águas profundas, a mais de 4.000 metros, entre as Ilhas Malvinas e o continente, onde existem características semelhantes às águas ao sul de nossa Amazônia Azul, a fim de possibilitar a calibração dos sensores do ecobatímetro, bem como verificar a qualidade dos dados levantados para o emprego no Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC).
Dentre as principais tarefas executadas pelos navios, destacam-se: a coleta de dados em 195 estações oceanográficas, atingindo a profundidade de 4.000 metros; 87 estações geológicas, atingindo uma profundidade máxima de 3.850 metros; o lançamento de 15 boias de deriva e 16 radiossondas; o início da aquisição de dados com o Gravímetro do NApOc “Ary Rongel”, equipamento instalado no último período de manutenção; e a coleta de água na Travessia do Drake, momento em que o NPo “Alte Maximiano” manteve posição por aproximadamente 10 horas em uma região de grande instabilidade climática e sujeito a inúmeras frentes frias.
Além disso, foi realizado o apoio à EACF com a transferência de óleo combustível e gêneros, bem como levantaram-se dados batimétricos e geológicos da Enseada Martel e do Interior da Ilha Deception, com o SubBotton Profile e Ecobatímetro Multifeixe. Ressalta-se que estes dados são de suma importância para a atualização das cartas náuticas da região.
As embarcações orgânicas dos Navios foram utilizados para ajudar no embarque e desembarque de material e pessoal nos diversos pontos da região e a projetos de observação de baleias, com as coletas bem sucedidas de amostras de pele de diversas espécies, incluindo de baleias Orca, além da marcação, com rádio localizador, da primeira baleia Finn já realizada pelo Brasil na Antártica, o que permitirá o acompanhamento e a melhor compreensão dos hábitos migratórios dessa singular espécie.
Com o intuito de promover a integração e cooperação, levando a Bandeira e a presença científica brasileira à região, foram realizadas visitas protocolares a 10 bases e estações estrangeiras, com destaque para a Estação Arctowiski (Baía do Almirantado), a Estação Chinesa Grande Muralha, a Estação Coreana King Sejong (Ilha Rei George) e as Bases Argentinas Esperanza e Brown (ambas na Península Antártica).
Também foram visitadas bases e estações do Chile, Espanha, Polônia e Uruguai.
O Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, que realizou sua vigésima primeira viagem ao continente gelado, apoiou a EACF e os projetos científicos com o transporte de pessoal, gêneros, combustível, maquinário e material de pesquisa. Para tanto, foram empregados os seus botes orgânicos e ainda teve à disposição um Destacamento Aéreo Embarcado (DAE), com dois helicópteros do tipo Esquilo. No apoio aos projetos científicos, teve importante participação no projeto Schaefer que tem como objetivo geral o aprofundamento e consolidação da Rede TERRANTAR de monitoramento de mudanças ambientais/climáticas na paisagem e “permafrost” da Antártica, no Projeto Ulisses Bremer, que estuda as características do balanço da energia da superfície e sua influência na dinâmica do “permafrost” na península Fildes, Ilha Rei George e Hope Bay e no Projeto Batista, que acompanha a evolução das comunidades vegetais de áreas de degelo da Antártica, buscando o conhecimento de sua biodiversidade, sua distribuição e dinâmica de ocupação de novas áreas livres de degelo.
Outro aspecto relevante verificado foi a diversidade da Operação, que contou com a sinergia entre várias esferas do Poder Público Nacional, além de instituições internacionais, no transporte, permanência e salvaguarda de pesquisadores e do seu material na Antártica. Neste contexto, aeronaves Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira fizeram voos de apoio regulares que partiram do Brasil com destino à Base Aérea Chilena Presidente Eduardo Frei, próxima à EACF. Já em solo Antártico, os pesquisadores, visitantes, jornalistas e autoridades convidadas, civis e militares, brasileiras e estrangeiras, foram apoiadas pelo Navio.
Com o fim da OPERANTAR XXXIII, os navios contabilizarão mais de 150 dias de mar e navegado cerca de 24.000 milhas cada.
O REGRESSO
Com o término da comissão, assim como as anteriores, coroada de êxitos, a Marinha do Brasil, mais uma vez, cumpriu sua missão na certeza de que todos os esforços amealhados durante a OPERANTAR XXXIII ajudarão na melhor compreensão do clima, do impacto causado pela presença e atuação humana e em melhores modelos de previsões meteorológicas, além da presença brasileira no continente e no cenário internacional.
O regresso dos Navios ao Brasil é motivo de alegria não só para os tripulantes, como também para os seus familiares que aguardam ansiosos a chegada dos seus entes queridos.
O orgulho ostentado por todos também é refletido em toda nação brasileira, uma vez que, de forma pacífica e em consonância com a preservação do delicado meio ambiente, a presença dos Navios na Antártica contribuiu para consolidar um elevado conceito desfrutado por nosso País entre as nações signatárias do Tratado Antártico, garantindo ao Brasil o direito de participar das decisões que influenciarão o destino daquele continente e de continuar ostentando a Bandeira Nacional nas águas austrais.