Navios da Marinha do Brasil regressam da Antártica

DHN

MARINHA DO BRASIL
DIRETORIA DE HIDROGRAFIA E NAVEGAÇÃO

Após seis meses em missão no Continente Antártico, o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, sob o Comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra Sérgio Lucas da Silva e o Navio Polar “Almirante Maximiano”, sob o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra José Benoni Valente Carneiro, retornarão e atracarão na Base Naval do Rio de Janeiro, localizada na Ilha de Mocanguê – Niterói – RJ, nos dias 17 de abril, às 10 horas e no dia 22 de abril de 2014, às 10 horas, concluindo suas participações na Trigésima Segunda Operação Antártica (OPERANTAR XXXII), em assistência ao Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

O PROANTAR teve início em 1982 com a aquisição do já desativado Navio de Apoio Oceanográfico “Barão de Teffé” pelo então Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra Maximiano Eduardo da Silva Fonseca, o qual empresta seu nome a um dos atuais Navios Antárticos. Desde então, o Brasil mantém presença constante no continente, por meio da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e de seus Navios, sob a coordenação de diversas Organizações, com destaque para a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), responsável pelo PROANTAR.

Assim, tendo saído do Rio de Janeiro em seis de outubro de 2013 rumo à Antártica, os Navios operaram nesse continente com as principais tarefas de dar apoio logístico e reabastecimento dos Módulos Antárticos Emergenciais (MAE), construídos durante o último verão, na EACF bem como apoiar projetos de ciência e tecnologia nas mais diversas áreas, como Oceanografia, Hidrografia, Biologia, Geologia, Antropologia e Meteorologia, realizando sondagens e levantamentos oceanográficos, observações de animais e coleta de amostras de solo e água. As atividades científicas envolveram profissionais de diversas instituições de ensino e pesquisa no País, que desenvolvem trabalhos utilizando os nossos “Navios Vermelhos” como plataforma de coleta de dados ou de apoio para o estabelecimento de diversos acampamentos na região polar austral.

Dessa forma, o Navio Polar “Almirante Maximiano”, em sua quinta comissão, que, além da região Antártica, também visitou os portos de Punta Arenas (Chile), Ushuaia (Argentina) e Montevideu (Uruguai), serviu como plataforma de pesquisa para 108 pesquisadores de 15 projetos distintos, que usaram os vários recursos de bordo, como os seus cinco laboratórios, seus guinchos oceanográfico e geológico e demais equipamentos científicos em toda sua potencialidade.

Dentre os principais eventos efetuados por este Navio, destacam-se a coleta de dados em 120 estações oceanográficas, sendo a mais profunda já executada, atingindo 5.600 metros de profundidade em uma posição a leste das Ilhas Malvinas; 70 estações geológicas, sendo que a mais profunda atingiu 3.850 metros, a maior já realizada desde a sua incorporação, ao norte da Ilha Elefante; o lançamento de 15 bóias de deriva e 16 radiossondas; o início da aquisição de dados com Gravímetro, equipamento este instalado no último período de manutenção; e a coleta de água na Travessia do Drake, momento em que o Navio manteve posição por aproximadamente 10 horas em uma região de grande instabilidade climática e sujeita a inúmeras frentes frias.

Além disso, realizou o apoio à EACF com a transferência de óleo combustível e gêneros, bem como levantou dados batimétricos e geológicos da Enseada Martel e do Interior da Ilha Deception, com o SubBotton Profile e Ecobatímetro Multifeixe. Estes dados são de suma importância para a atualização das cartas náuticas da região.

Os botes orgânicos do NPo AlteMaximiano foram utilizados para apoiar o embarque e desembarque de material e pessoal nos diversos pontos da região e a projetos de observação de baleias, com as coletas bem sucedidas de amostras de pele de diversas espécies, incluindo de baleias Orca, além da marcação, com rádio localizador, da primeira baleia Finn já realizada pelo Brasil na Antártica, o que permitirá o acompanhamento e a melhor compreensão dos hábitos migratórios dessa espécie.

Com o intuito de integração e cooperação, levando a Bandeira e a presença científica brasileira à região, foram realizadas visitas protocolares a 10 bases e estações estrangeiras, com destaque para a Estação Chinesa Grande Muralha, a Estação Coreana King Sejong (Ilha Rei George) e a Base Argentina Esperanza (Península Antártica). Também foram visitadas bases e estações do Chile, Espanha, Polônia e Uruguai.

O Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, que realizou sua vigésima viagem ao continente gelado, apoiou a EACF e os projetos científicos com o transporte de pessoal, gêneros, combustível, maquinário e material de pesquisa. Para tanto, foram empregados os seus botes orgânicos e ainda teve à disposição um Destacamento Aéreo Embarcado (DAE), com dois helicópteros do tipo Esquilo. Teve ainda importante participação na manutenção e apoio de refúgios e acampamentos das bases estrangeiras da Espanha (Juan Carlos I e Gabriel de Castilla), Argentina (Esperanza e Câmara), Rússia (Bellinghausen), Bulgária, Polônia, acampamento estabelecido na Ponta Hennequin e o refúgio Equatoriano.

Outro aspecto relevante verificado foi a amplitude da Operação, cujos esforços de várias esferas do Poder Público e cooperação internacional interagiram em perfeita sintonia para o transporte, permanência e salvaguarda de pesquisadores e do seu material na Antártica. Neste contexto, aeronaves Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira fizeram voos de apoio regulares que partiram do Brasil com destino à Base Aérea Chilena Presidente Eduardo Frei, próxima à EACF. Já em solo Antártico, os pesquisadores, visitantes, jornalistas e autoridades convidadas, civis e militares, brasileiras e estrangeiras, foram apoiadas pelo Navio.

Com o fim da OPERANTAR XXXII, o NApOc Ary Rongel terá alcançado a expressiva marca de 2.810,5 dias de mar nas águas geladas dos mares antárticos, tendo navegado 401.220,6 milhas ao longo de toda sua trajetória na Operação Antártica. No regresso ao Rio de Janeiro, o Navio fez escalas nos portos de Buenos Aires e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

O regresso

Com o término da comissão, assim como as anteriores, coroada de êxitos, a Marinha do Brasil, mais uma vez, cumpriu sua missão na certeza de que todos os esforços amealhados durante a OPERANTAR XXXII ajudarão na melhor compreensão do clima, do impacto causado pela presença e atuação humana e em melhores modelos de previsões meteorológicas, além da presença brasileira no continente gelado e no cenário internacional.

O regresso dos Navios ao Brasil é motivo de alegria não só para os tripulantes, como também para os seus familiares que aguardam ansiosos a chegada dos seus entes queridos.

O orgulho ostentado por todos também é refletido em toda a nação brasileira, uma vez que, de forma pacífica e em consonância com a preservação do delicado meio ambiente, a presença dos Navios na Antártica contribuiu para consolidar um elevado conceito desfrutado por nosso País entre as nações signatárias do Tratado Antártico, garantindo ao Brasil o direito de participar das decisões que influenciarão o destino daquele continente e de continuar ostentando a Bandeira Nacional nas águas austrais.

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