Por Alonso Soto
VILA BITTENCOURT, Amazonas (Reuters) – Em um isolado pelotão do Exército nas profundezas da floresta amazônica, Felipe Castro lidera 70 soldados na linha de frente da luta contra uma das maiores ameaças à segurança do Brasil: o tráfico de drogas.
O pelotão de Castro patrulha uma faixa de fronteira de 250 quilômetros com o maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia, em uma tentativa de conter o fluxo de drogas ilegais e armamentos que está abastecendo os grupos criminosos no país.
“Eu sei que é um trabalho muito difícil mas não é impossível” , disse Castro, de 29 anos, com o rosto coberto de camuflagem verde e preta.
Observando a movimentação às margens do lamacento rio Japurá, Castro orienta seus homens em uma prática de utilização de um barco veloz para interceptar embarcações com drogas.
O rio é apenas parte da porosa fronteira brasileira de quase 10 mil quilômetros.
Após anos de frágil trégua, grupos criminosos no Brasil lançaram uma guerra pelo controle de lucrativas rotas da droga na fronteira com, refletida nas mais violentas rebeliões de presídios nacionais em décadas. Mais de 130 presidiários foram mortos neste ano no país.
No vasto Estado do Amazonas, a facção Família do Norte há anos tem dominado o tráfico de cocaína que é enviado para a Europa ou vendido nas cidades do Brasil, em um negócio estimado em 4,5 bilhões de dólares por ano.
O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, ficando atrás dos Estados Unidos, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Membros da Família do Norte decapitaram dezenas de detentos pertencentes ao grupo Primeiro Comando da Capital (PCC) em um massacre no Complexo Penitenciária Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, após a virada do ano, iniciando uma série de rebeliões em cadeias do país.
O governo do presidente Michel Temer está preocupado que a violência nas prisões possa contaminar as ruas de grandes cidades. Temer prometeu aumentar a vigilância na fronteira, mas comandantes graduados reconhecem que drogas e armas continuarão entrando.
“Se os Estados Unidos não podem parar o tráfico de drogas em uma fronteira de 3.000 quilômetros, como podem 70 homem fazer isso na selva? É muito difícil”, disse o general Altair Polsin, chefe da segunda subchefia do comando de operações terrestres do Exército. “Você também tem que combater o consumo para acabar com esse problema.”
As forças militares planejam aumentar suas patrulhas no rio Solimões, uma das principais rotas de contrabando, e compartilhar inteligência com autoridades na Colômbia e no Peru.
Autoridades brasileiras colocam suas esperanças em novas tecnologias, como sensores infravermelhos e drones para patrulhamento.
Neste ano, no Brasil planeja quase dobrar seu orçamento, para cerca de meio bilhão de reais, para financiar o programa de tecnologia na fronteira conhecido como Sisfron, de acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann.