No mundo dos negócios, poucos estão tão ansiosos para a chegada do novo ano quanto os sócios da AEL Sistemas.
Com sede em Porto Alegre, a empresa – escolhida para fornecer equipamentos aos 36 caças suecos Gripen NG adquiridos pelo governo brasileiro – projeta dobrar o seu faturamento até 2015.
A expectativa é que as vendas cheguem a R$ 500 milhões, impulsionadas pela conquista do novo cliente. A escolha ainda não foi confirmada oficialmente, mas a companhia sueca Saab, responsável por montar os jatos militares, já indicou a preferência pela AEL em texto publicado em seu site. Para concretizar a parceria, falta o aval da Força Aérea Brasileira (FAB).
– É uma oportunidade para a AEL se tornar uma das maiores do setor na América Latina – avalia Elones Ribeiro, que trabalhou na empresa na década de 1980 e atualmente é diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS.
O bom momento vivido pela empresa é cenário quase impensável para quem correu risco de fechar as portas anos atrás. Depois de participar da construção do jato de ataque AMX e se consolidar no mercado de aviônicos (equipamentos eletrônicos embarcados na aviação), na década de 80, a companhia – que na época se chamava Aeroeletrônica e era um dos braços do grupo gaúcho Aeromot – sentiu os efeitos da restrição de investimentos do governo federal em defesa.
Com o principal cliente comprando menos, muitas empresas do setor de defesa faliram ou foram obrigadas a mudar de ramo. A empresa da Aeromot só não foi pelo mesmo caminho porque recebeu aporte de uma das maiores fabricantes de equipamentos eletrônicos para o setor de defesa do mundo, a israelense Elbit Systems.
A companhia adquiriu 75% das ações da empresa gaúcha em 2001. A medida foi necessária para que a Elbit pudesse cumprir o contrato para modernizar os caças F-5, da FAB, já que o governo brasileiro exigia que o trabalho fosse executado no Brasil.
Expectativa de acesso a tecnologias e contratações
A preferência dos suecos pela AEL serve para coroar o bom ano da companhia. Em agosto, a empresa foi escolhida para capitanear o projeto do primeiro satélite gaúcho, o MMM-1, que deve entrar em órbita no fim de 2015.0 microssatélite poderá ser usado para fins de comunicação e sensoriamento remoto, entre outras missões.
– Também é uma boa notícia para o Estado. A transferência de conhecimento na construção dos caças pode acelerar o produção do satélite. A empresa terá acesso a tecnologias que hoje não domina totalmente. Além disso, o aumento de produção significa mais contratações e retenção de bons profissionais – afirma Aluísio Nóbrega, dirigente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI) e responsável pelo projeto do polo espacial do Estado.
Fonte: Zero Hora