Mostra de Armamento do Navio de Transporte Fluvial ‘Almirante Leverger’ (G 16)

Navio de Transporte Fluvial “Almirante Leverger”

Em cumprimento ao disposto na Portaria nº 206, de 22 de abril de 2014, do Comandante da Marinha, e conforme preconizado na Ordenança Geral para o Serviço da Armada,realiza-se, na presente data, a Mostra de Armamento do Navio de Transporte Fluvial Almirante Leverger (G 16), que concretiza o ato de incorporação à Armada.

A aquisição por oportunidade do ex-Navio “ALBATROZ” insere-se no contexto de prover à Marinha mais um meio adequado às operações levadas a efeito na Hidrovia Paraguai-Paraná, em especial no tramo sob a responsabilidade do Comando do 6º Distrito Naval. Ao ter cunhado em seu espelho de popa, Almirante Leverger, como registro de nascimento, alçando-o à vida na nossa Força, presta-se homenagem a um ilustre Chefe Naval, o Almirante AUGUSTO JOÃO MANUEL LEVERGER. Por afinidade, imprime-se, portanto, nos seus conveses e naqueles oficiais e praças que o guarnecerão, em vivas cores, um acendrado comprometimento de suas futuras missões com a marca do bem feito, pois assim a teve o Almirante LEVERGER, em toda a sua vida marinheira. Desse modo, a tripulação deste navio, aqui perfilada, orgulhosa, haverá de dignificar essa honraria.

Vale relembrar um pouco de sua história, um repositório de nobres exemplos.

O Almirante LEVERGER nasceu em 30 de janeiro de 1802, em Saint-Malo, na França. Fascinado pelos mistérios do mar, fezse marinheiro aos 18 anos. Em 1819, na companhia do seu pai embarcou rumo ao rio da Prata, engajando-se, no ano seguinte, na navegação de cabotagem.

Inflamado pela Independência do Brasil e identificado com o clamor dos filhos da pátria, já tendo prestado expressivos serviços como piloto e imediato, em 1824, dirigiu uma petição ao Imperador solicitando sua admissão no Serviço da Armada Nacional e Imperial. Em novembro daquele ano ingressou na Marinha, como segundo-tenente de comissão. Seguiu-se o cumprimento de comissões a bordo em diversas belonaves com excepcional desempenho, tendo participado de memoráveis batalhas na Guerra da Cisplatina. Por sua bravura e desenvoltura demonstradas em combate, recebeu do governo imperial a distinção de “Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro”. Em outubro de 1829, foi-lhe determinado demandar a longínqua província do Mato Grosso, com a missão de comandar as barcas canhoneiras, destinadas à defesa da fronteira no rio Paraguai.

Em 1837, no posto de Capitão-Tenente promoveu acurados estudos hidrográficos dos rios dessa bela região, entregando-se com ardor às explorações dos rios Cuiabá, Paraguai e São Lourenço. Tornou-se profundo conhecedor da província de Mato Grosso. Em reconhecimento, foi nomeado Cônsul-Geral do Império do Brasil na República do Paraguai, tendo a missão de estabelecer boas relações com aquele país, sobretudo no tocante à navegação do rio Paraguai e ao estabelecimento de fronteiras. Em 1844, prestou juramento de cidadão brasileiro, dando provas da escolha definitiva do Brasil para sua pátria. Em 1850, no posto de Capitão-de-Mare-Guerra, foi nomeado presidente da província de Mato Grosso e, quatro anos depois, conquistou as platinas douradas de Almirante.

Mais tarde, já na inatividade, informado de que tropas paraguaias haviam invadido o sul do estado, tomando Corumbá, e que a linha de defesa da capital havia debandado, apressouse o Almirante LEVERGER em se oferecer para reorganizá-la.

Foi nomeado, então, Comandante Superior da Guarda Nacional da Província, bem como das forças terrrestre e fluvial, para garantir e defender a posição de Melgaço, morro situado a jusante de Cuiabá. Por ter impedido que as tropas invasoras atingissem a capital e devido ao seu envolvimento na guerra, foi consagrado herói, sendo laureado com as honras de “Barão de Melgaço”, com grandeza.

Deixou um legado invejável de serviços militares, administrativos, diplomáticos e científicos, que agregaram valores inestimáveis à elucidação de nossas questões de limites com o Paraguai e a Bolívia.

Ao finalizar, permito-me copiar os versos iniciais do poema “Águas”, de autoria do poeta pantaneiro Manoel de Barros, que bem expressa a conformação dessas belas plagas, pois doravante, altivo passa a estar nelas inserido o NTrFlu Almirante Leverger.

Diz o poeta:
“Desde o começo dos tempos águas e chão se amam
Eles se entram amorosamente
E se fecundam
Nascem formas rudimentares de seres e de plantas
Filhos dessa fecundação
Nascem peixes para habitar os rios
E nascem pássaros para habitar as árvores
Águas ainda ajudam na formação das
Conchas e dos caranguejos
As águas são a epifania da natureza…”.

Almirante Leverger, sob a égide e bênçãos do Nosso Senhor dos Navegantes a iluminar os seus caminhos, singre essas águas tão bem descritas em prosa e verso. Doravante, na placidez dos meandros desses belos rios da Bacia Pantaneira, que o “Gigante do Pantanal” cumpra com elegância sua elevada missão, exaltando o seu lema: “Estamos sempre prontos”. Que assim seja!

CARLOS AUGUSTO DE SOUSA
Almirante-de-Esquadra
Chefe do Estado-Maior da Armada

Características do navio:

– Comprimento total: 44m
– Boca: 10m
– Calado moldado de projeto: 1,10m
– Deslocamento leve: 231,9 ton
– Deslocamento carregado: 285,9 ton
– Raio de ação: 1800 milhas náuticas
– Velocidade de serviço: 12 km/h
– Autonomia: 30 dias de operação
– Capacidade de operar com aeronave de asa rotativa

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