“Essa cadeia tem uma cultura particular, que é a cultura colaborativa. A indústria aeronáutica é uma cadeia de muitos parceiros, pois desenvolve projetos integrados. Um jato tem vida útil de até 50 anos. Portanto, vai demandar encomendas e atualizações frequentes dos fornecedores”, afirmou a economista e consultora em engenharia de processos Ana Teresa Fuzzo de Lima, da LAB Consultoria, durante seminário realizado nesta quinta (15), na Universidade Metodista.
O seminário tratou do potencial de desenvolvimento que os 36 caças suecos Gripen NG podem trazer às empresas brasileiras, um negócio avaliado em R$ 9,1 bilhões fechado entre a FAB (Força Aérea Brasileira) e SAAB e que devem começar a ser entregues a partir de 2019. “Ao contrário de 40 anos atrás, quando montávamos o Xavante, o Brasil tem hoje domínio para desenvolver modernos aviões a jato e capacidade para evoluções futuras como o Gripen”, disse Jairo Cândido, diretor do Departamento da Indústria de Defesa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Comdefesa).
Transferência de tecnologia
A exemplo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que abriu o encontro enfatizando no acordo com a SAAB a transferência de tecnologia para o Brasil, Jairo Cândido detalhou a importância da produção cooperativa do Gripen. Entre 2015 e 2021, 357 profissionais brasileiros vão trabalhar na Suécia para atuar desde o desenvolvimento da aeronave até testes de protótipo e construção. Das 36 aeronaves, 13 serão fabricadas por suecos, 8 por brasileiros na Suécia e 15 no Brasil.
Além da Embraer, que será a célula central do processo, as brasileiras beneficiadas com transferência de tecnologia são Akaer (conjuntos estruturais em metais e materiais compostos), Grupo Inbra (produção de conjuntos e estruturas em metais), AEL (design e suporte à aviônica da aeronave), Mectron (manutenção do radar e sistema de comunicação entre os caças e o solo), Atech (suporte e simuladores), além do DCTA (que será o certificador final da aeronave). Serão gerados 2,3 mil empregos diretos e 14.650 incluindo outros setores econômicos.
A Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC já identificou 28 empresas que fornecem para a cadeia de defesa e segurança e outras 199 com capacidade fornecer, segundo o secretário-executivo Giovanni Rocco. Já está criado um APL (Arranjo Produtivo Local) de Defesa do ABC para adensar essa cadeia produtiva. O objetivo é também ter expertise local que abasteça outros setores econômicos a partir de tecnologias afins.
Só empresas
São Bernardo está projetado para sediar empresas que farão partes e componentes do caça sueco. Luiz Marinho e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Hitoshi Hyodo, destacaram a busca de novas matrizes econômicas para o município.
Marinho descreveu vários investimentos em andamento para tornar a cidade atraente em infraestrutura, logística, educação e qualidade de vida e reforçou a promessa de que resiste à especulação imobiliária, que quer erguer prédios residenciais onde há galpões de indústrias que foram embora. “Onde houve um polo gerador de empregos só pode se instalar outro empreendimento que traga novos empregos e riqueza”, assegurou.
Atenta ao potencial produtivo que o Gripen vai possibilitar, a Metodista prepara cursos de especialização na área com ênfase em gestão e logística. Na próxima semana dará início a um curso gratuito de três encontros sobre “Oportunidades de Negócios na Indústria Aeroespacial”. As aulas acontecem no campus Rudge Ramos das 19h às 22h dias 20, 22 e 27 de outubro. Inscrições pelo curtaduracao@metodista.br
FONTE: Jornal Repórter Diário