Por Fernanda Calado
As Marinhas da América do Sul enfrentam desafios comuns, como por exemplo, orçamento limitado para defesa, tensões interestatais e crimes transnacionais. Esses desafios, por sua vez, impactam as estratégias nacionais atuais e futuras dos países da região. O Día de Las Fuerzas de Mar, ocorrido em 21 de agosto, destacou um ponto de inflexão no Uruguai: a modernização de sua estratégia nacional de defesa. Dito isso, indaga-se: como a Marinha Uruguaia está se preparando para os desafios do século XXI?
As Marinhas evoluem em conformidade com os desafios geopolíticos, os objetivos estratégicos, as visões da alta administração naval e a realidade, e o Uruguai está passando por essa evolução. A pretensão uruguaia é de que os navios patrulha oceânicos modernos e ágeis, bem como os navios patrulha costeira, tomem lugar das fragatas e dos caça-minas. Para tanto, a Marinha do Uruguai está recebendo novas embarcações. A intenção é de compor uma esquadra menor, mais rápida e mais moderna. Durante décadas, o país operou uma das esquadras mais antigas da América do Sul e, hoje, é o único país sul-americano com saida para o mar, juntamente com a Guiana e o Suriname, que não possui submarinos.
O Uruguai encomendou em 2022 três naviospatrulha anteriormente pertencentes à Guarda Costeira dos EUA. Hoje, todos eles operam em águas uruguaias, a saber: Río Arapey (ROU 14), Río de la Plata (ROU 15) e Río Yaguarón (ROU 16). Além das aquisições expostas, em julho de 2023, o Ministerio da Defesa do Uruguai salientou que dois navios de patrulha offshore serão adquiridos de um estaleiro espanhol. Em adição, helicópteros de busca e salvamento apoiarão o Centro de Operações Táticas para supervisionar atividades marítimas ilegais.
O Uruguai faz fronteira com Brasil e Argentina, países cujas relações bilaterais com o Uruguai são fortemente consolidadas, sendo mínima a probabilidade de guerra entre eles. Os três Países realizam exercícios reais e simulados com frequência, como é o caso do Jogo Trilateral que tem por objetivo estreitar os laços entre as três Marinhas, permitindo a interação na formulação de diversas análises para a solução de crises simuladas no Atlantico Sul.
Os desafios atuais do Uruguai são o de proteger a sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE) para combater a pesca ilegal, não declarada ou não regulamentada (INN) e outros crimes marítimos, como o contrabando e tráfico de drogas. Ademais, a pirataria presente no Golfo da Guiné pode transbordar para o lado sul-americano do Atlântico Sul, por isso as Marinhas devem manter a prontidão e atuar cada vez mais de maneira coordenada.
FONTE: Boletim GeoCorrente