02A aeronave AF-1C é a primeira de sete aeronaves da Marinha do Brasil previstas para serem modernizadas pela Embraer até 2020.
Por Taciana Moury
O 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (Esquadrão VF-1), da Marinha do Brasil (MB), vai passar a contar com a primeira aeronave de caça bipilotada modernizada A-4 Skyhawk. O recebimento da aeronave chamada AF-1C, de numeral N-1022, aconteceu no final de abril de 2018, na sede da Embraer, empresa responsável pelo processo de modernização, em Gavião Peixoto, estado de São Paulo.
Técnicos do grupo que recebeu anteriormente as aeronaves AF-1/1A Skyhawk, do Esquadrão VF-1 e da Embraer, realizaram verificações funcionais no solo e em voo de todos os sistemas da aeronave, além de avaliação qualitativa dos manuais da aeronave modernizada. “Trabalhamos em parceria no planejamento e na execução dos voos, na análise de resultados e implementação dos ajustes necessários para a conclusão do processo”, disse à Diálogo o Capitão-de-Fragata da MB Eduardo Luís Guimarães de Moura, imediato do Esquadrão VF-1.
Foram modernizados todos os instrumentos da aeronave: os aviônicos, o monitor de alertas, conhecido como HUD (head-up display), os rádios, o sistema de navegação e emprego de armamento, o sistema de partida do caça e de geração de oxigênio, além da inclusão do receptor de aviso de radar e substituição do radar para o Elta 2032. Em paralelo, foi realizada uma revisão geral da estrutura e do motor da aeronave.
Segundo o CF Eduardo Luís, a AF-1C possui a capacidade de operar como uma plataforma de armas versátil e precisa, tanto em voos diurnos, quanto nos noturnos e em qualquer condição meteorológica. “A modernização vai permitir uma operação mais segura e eficiente do meio, ampliando a capacidade de autodefesa e a sua probabilidade de sobrevivência quando atuando em ambientes hostis”, ressaltou.
Para a transição do efetivo à nova N-1022, o Esquadrão VF-1 estabeleceu um programa de adestramento que inclui instrução terrestre e voos de qualificação. “Serão ministradas aulas teóricas, avaliações e exercícios práticos relacionados aos sistemas acoplados, seguidos por voos de adestramento e qualificação em aeronave biposto, com a supervisão de instrutor capacitado”, disse o CF Eduardo Luís.
Os benefícios logísticos também são esperados pelo Esquadrão VF-1 com o programa de modernização. “Como a aeronave sofreu uma grande revisão de sua célula, motor e dos componentes não modernizados, vamos ter menos necessidade de intervenções de manutenção e, consequentemente, maior disponibilidade para voos operacionais e de adestramento”, destacou o CF Eduardo Luís.
Modernização amplia a capacidade nas missões
Os sistemas modernizados dos caças AF-1 potencializam a atuação do Esquadrão VF-1 no cumprimento da missão, que é a de interceptar e atacar alvos aéreos e localizar, acompanhar e atacar alvos de superfície, a fim de contribuir para a defesa aeroespacial e proteção de forças navais. Segundo informações do Centro de Comunicação Social da MB, o processo de modernização vai expandir a capacidade operacional das aeronaves nas diversas tarefas atribuídas ao Esquadrão VF-1, inclusive como ferramenta do poder naval para a proteção das riquezas nacionais, águas jurisdicionais brasileiras, linhas de comunicação marítimas e da zona econômica exclusiva.
“A AF-1/1A possui a capacidade de realizar ações aeronavais e de defesa aeroespacial a qualquer tempo, de dia ou à noite, como uma plataforma de armas eficaz e precisa, utilizando bombas, canhões e com a possibilidade de integração de mísseis ar-ar de última geração, oferecendo à Marinha do Brasil um meio poderoso e versátil, capaz de cobrir grandes distâncias em curto espaço de tempo”, enfatizou a nota da MB. O CF Eduardo Luís explicou que grande parte do ganho operacional é responsabilidade do radar Elta 2032 que, integrado aos sistemas de armas e de navegação, é capaz de produzir e armazenar imagens e dados de inteligência, além de localizar, identificar e acompanhar objetivos de interesse de forma discreta e precisa.
“O Elta 2032 torna possível a interceptação autônoma, sem ajuda de radares e controladores baseados em terra, e sob quaisquer condições de tempo”, revelou o CF Eduardo Luís. “Permite não só a detecção, mas também o acompanhamento e o ataque de alvos aéreos ou de superfície”.
O receptor de aviso de radar, incorporado ao modelo, foi outro ponto destacado pelo oficial. “O sistema alerta sobre ameaças latentes, como a emissão de radares de direção de tiro ou mísseis superfície-ar, possibilitando que o piloto empregue técnicas de despistamento e evasão”, contou.
O CF Eduardo Luís ressaltou ainda o sistema de navegação computadorizado, que disponibiliza informações precisas de posição e tempo, cálculos de combustível e performance. “Isso reduz a carga de trabalho na cabine e aumenta a consciência situacional dos pilotos, permitindo um melhor gerenciamento tático do vetor aéreo.”
“São ferramentas que fornecem ao piloto auxílio na decisão e que colaboram na compilação, análise e no gerenciamento do quadro tático, sem a necessidade de um controle de interceptação ou de um posto diretor aerostático no ar”, declarou o CF Eduardo Luís. Na nova aeronave N-1022 é possível ainda a integração de armamentos de ultima geração que viabilizam o engajamento de alvos aéreos, além do alcance visual, podendo operar em cenários complexos de defesa aérea.
Esquadrão VF-1
O Esquadrão VF-1 foi criado em 1998 com o objetivo de prover a defesa aérea das forças navais no mar. A unidade está instalada na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, no estado do Rio de Janeiro.
Além da defesa aérea, o esquadrão realiza operações de ataque, esclarecimento, defesas de porto e de área marítima restrita. “Realizamos periodicamente exercícios de ataque e apoio aéreo com elementos de operações especiais e com os Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, assim como exercícios e intercâmbios com a Força Aérea Brasileira, dos quais se destacam o reabastecimento em voo e a interceptação aérea com aeronaves F-5M”, revelou o CF Eduardo Luís.
Com a aposentadoria do porta-aviões NAe São Paulo, em 2017, a unidade aérea está operando a partir da Base Aérea de São Pedro da Aldeia. O Esquadrão VF-1 possui 23 caças AF-1 Skyhawk, incluindo os sete que serão modernizados até o final de 2020. “O pleno emprego das capacidades oferecidas pela aeronave modernizada dará à Marinha do Brasil um vetor aéreo de interceptação e ataque versátil e eficaz”, concluiu o CF Eduardo Luís.
FONTE: Diálogo Américas
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