Por Eduardo Laguna
Já na quinta-feira, a empresa também vai conceder férias coletivas aos 250 operários do setor no parque industrial de Sete Lagoas (MG) onde é fabricado o veículo militar blindado Guarani. Nesse caso, a parada será de 30 dias e tem como motivo a falta de novos pedidos do Exército. A paralisação não atinge, contudo, as demais linhas do complexo, como os setores que produzem caminhões leves, médios e o furgão Ducato.
As vendas de caminhões caem mais de 42% neste ano, sendo a linha pesada a mais afetada pela crise dados coletados até abril mostram queda superior a 60% no segmento. Só a Iveco registrou nos cinco primeiros meses deste ano vendas 46,6% menores do que em 2014, com menos de 2 mil caminhões emplacados no período. Esse desempenho afeta diretamente a atividade da FPT, a fornecedora de motores do grupo instalada ao lado da linha de montagem de caminhões. Segundo Marco Aurélio Rangel, novo presidente da FPT na América Latina, a fábrica de propulsores a diesel está operando com ociosidade próxima de 20% e deve terminar o ano com 54 mil motores produzidos, 6 mil a menos do que em 2014, que já tinha sido um ano difícil para a indústria de veículos comerciais.
“Todo mundo já puxou o freio de mão e alguns já engataram a marcha à ré”, diz o executivo, ao analisar a falta de confiança de empresas transportadoras em renovar frotas num ambiente de fraca atividade econômica, com condições mais restritivas nos financiamentos a bens de capital pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A saída tem sido buscar clientes fora do grupo e desenvolver os motores para novas aplicações. Férias coletivas também param na primeira quinzena deste mês as fábricas da Mercedes-Benz em Juiz de Fora (MG) e no ABC paulista, mesma região onde a Scania e a Ford interromperam a produção nesta semana com folgas a operários.
Na indústria de carros, a General Motors (GM) tem férias coletivas programadas em todas suas fábricas no país por períodos que vão de duas semanas, como na unidade de motores em Joinville (SC), a quase ao mês inteiro, como no parque industrial de São Caetano do Sul (SP), cuja produção só volta no dia 29. Da mesma forma, os operários da Fiat foram dispensados ontem por conta do feriado de Corpus Christi e só retornam ao trabalho no dia 15, paralisando todas linhas de produção da marca líder do mercado de automóveis.
Em Catalão (GO), a produção na fábrica da Mitsubishi, também paralisada ontem, só volta na quinta-feira. A empresa informa que suspendeu a produção para fazer a readequação de suas linhas ao novo setor de pintura, que está em fase de testes. Balanço da Fenabrave, entidade das concessionárias, mostra que as vendas de veículos no Brasil encolheram neste ano para o patamar mais baixo desde 2007.
FONTE: Valor Econômico