Brasília se opõe a indicado por ele simbolizar assentamentos na Cisjordânia, que país considera ilegais; novo nome deve demorar meses.
Por Daniela Kresch
Ex-líder dos colonos israelenses, Dayan deve ocupar um cargo diplomático em outro país. Segundo as pessoas ouvidas pela reportagem, não haverá mais tentativas de autoridades israelenses – nem
mesmo do premiê Binyamin Netanyahu– de ligar para a presidente Dilma Rousseff.
O Brasil rejeita o nome de Dayan porque o país, como a maior parte da comunidade internacional, considera ilegais os assentamentos israelenses na Cisjordânia. Netanyahu, agora, pondera os próximos passos. Provavelmente esperará alguns meses, talvez até mais de seis meses, para indicar um novo nome para o cargo.
Segundo o jornal “Times of Israel”, a chancelaria brasileira prometeu “regalias” aos israelenses no momento em que um novo candidato for anunciado. Uma dessas recompensas seria uma aprovação rápida do nome.
A Folha apurou ainda que o Itamaraty também se comprometeria a condenar boicotes a Israel, como o do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções).
Dayan deve ser enviado para um dos dois consulados gerais de Israel nos EUA, em Nova York ou Los Angeles. Haveria duas outras opções. Oficialmente, porém, ele não abriu mão do cargo no Brasil.
“Não há mudança, sou candidato ao cargo de embaixador de Israel no Brasil. Essa é a posição clara de Netanyahu”, disse Dayan à Folha.
As tentativas de Israel de contatar a cúpula do governo brasileiro não deram certo. O presidente do país, Reuven Rivlin, telefonou para Dilma e não foi atendido. O ministro da Defesa, Moshe Ya”alon, ligou para Jaques Wagner, que antes de assumir a Casa Civil, em outubro, era ministro da Defesa, e obteve uma promessa de apoio à candidatura. Mas, depois, passou a não ser atendido.
O próprio Netanyahu disse a parlamentares brasileiros que visitaram Israel, em dezembro, que tentara falar com Dilma durante a Conferência do Clima naquele mês, em Paris, mas que ela “fugiu”.
Enquanto a decisão não é anunciada oficialmente, iniciativas de parlamentares e ex-diplomatas apoiam ou condenam a nomeação.
A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional, com quatro senadores e 199 deputados, divulgou nota criticando o governo Dilma por barrar Dayan, “escolhido e nomeado por um governo legítimo de um país democrático e amigo”, segundo o comunicado.
Por outro lado, um abaixo-assinado divulgado por um grupo de 40 embaixadores brasileiros aposentados, entre eles Luiz Felipe Lampreia, Roberto Abdenur e Samuel Pinheiro Guimarães, apoia Dilma.
A principal reclamação é a maneira como a nomeação foi feita, por meio da conta de Netanyahu no Twitter, antes de consultar o Itamaraty.
FONTE: Folha de São Paulo