Base Naval de Portsmouth – pronta para apoiar dois porta-aviões.
Esta semana, o HMS Queen Elizabeth voltou para casa após a implantação no Westlant 19 nos EUA. Ele se juntou ao irmão HMS Prince of Wales, lado a lado em Portsmouth pela primeira vez. Aqui, examinamos as novas instalações que apoiarão os dois porta-aviões.
Os porta aviões da classe Queen Elizabeth (QEC), direcionaram investimentos de cerca de £ 100 milhões na Base Naval de Portsmouth para criar o Centro de Especialização da Classe Queen Elizabeth. Esse é o projeto de infraestrutura mais complexo para apoiar as novas embarcações e foi gerenciado pela Organização de Infraestrutura de Defesa (DIO) em parceria com o contratante principal, a BAE Systems. Com mais de três vezes o tamanho do porta aviões da classe Invincible que eles substituem, o QEC faz demandas consideráveis na base naval quando comparadas. Foram necessárias instalações modernas para fornecer serviços de eletricidade, água, coleta de lixo e esgoto, além de atender às normas modernas de segurança, acomodação de pessoal e padrões de saúde e segurança.
Com mais de 60 metros de comprimento e três vezes o deslocamento de seus antecessores, os porta aviões precisavam de molhes mais longos e mais fortes, e capazes de lidar com cargas pesadas geradas se os navios estivessem sujeitos a ventos com força de furacão. O Princess Royal Jetty (PRJ) foi construído para substituir os antigos molhes Sheer e Middle Slip. 3000 m² de molhe tiveram que ser reconstruídos e estendidos sobre as antigas fundações que datam principalmente dos anos 1920. O PRJ foi concluído em março de 2017 bem antes da (um pouco atrasada) primeira chegada do HMS Queen Elizabeth e será o berço principal para a entrega de períodos de manutenção. Um segundo projeto de £ 30M para estender a Victory existente e o antigo King Stairs Jetty foi concluído em outubro de 2019. Isso fornece outro berço que normalmente será usado pelo porta aviões no estado mais alto de prontidão.
BAE Systems – Tour virtual do HMS Prince of Wales
O calado de 11 metros dos porta aviões exigia grandes trabalhos de dragagem no canal de aproximação, na área interna do porto e nos berços para torná-las profundas e amplas o suficiente. 3 milhões de metros cúbicos de argila, areia e cascalho foram escavados e mais de 2.000 itens foram encontrados no processo, incluindo minas marítimas, torpedos, bombas da Segunda Guerra Mundial, 36 âncoras e itens de interesse arqueológico que datam de séculos atrás.
Quatorze torres de aço de 22 toneladas que se elevam a 30 metros do fundo do mar para fornecer uma plataforma e foram instaladas novas ajudas à navegação para marcar o canal de águas profundas. As luzes de entrada estão na cabeceira do porto de Portsmouth e as luzes de saída estão no porto proxima a Southsea. Visto do porta aviões, as luzes nas torres indicam se o navio está alinhado no canal, o branco está correto enquanto muito longe do porto mostra vermelho, muito longe do estibordo mostra verde.
O Centro de Especialização QEC cobre 70.000 metros quadrados e inclui não apenas novos molhes, mas vários novos edifícios. O Illustrious Complex possui comodidades para a força de trabalho de engenharia da BAE Systems, com instalações domésticas, de catering e de recreação. O centro possui um café com 500 lugares e comodidades para funcionários, como armários e chuveiros.
Os períodos típicos de manutenção de porta-aviões podem envolver mais de 1.000 funcionários, incluindo uma força de trabalho industrial que pode numerar até 500 a bordo dos navios por dia, às vezes trabalhando em turnos o tempo todo. Durante 2019, mais de 250.000 horas de trabalho-homem foram concluídas no HMS Queen Elizabeth para ajustar 29 novos recursos separados ao navio, bem como muitas outras pequenas tarefas de manutenção e engenharia. Outras 50 novas capacidades estão programadas para serem adicionadas às duas companhias aéreas em 2020, incluindo tudo, desde máquinas de lavar a equipamentos de pouso na cabine de comando. A administração de contratados é um trabalho complexo e a BAE Systems desenvolveu um sistema de trabalho móvel com cada funcionário e contratado emitido com telefones ou tablets dedicados para acessar informações de trabalho e gerenciar listas de tarefas.
O Forward Support Center é o principal centro de logística e inclui um armazém de 7.000 metros quadrados, capaz de armazenar 15.000 paletes médicos, de correio e navais sob o mesmo teto. Os novos tanques de água mantêm 45.000 litros de água potável disponíveis para abastecer os navios antes de partirem. Situado no canto norte do PRJ, o Ark Royal Building foi projetado para acomodar até 200 pessoas que aguardam transferência para o navio quando estão atracados ou se juntam ao navio antes da implantação. Há também uma sala de conferências, espaço para exposições e salas para visitantes, VIPs e mídia.
Como os porta aviões são um ativo nacional de alto nível, o site está especialmente bem protegido. Para ter acesso aos navios, é necessário passar pela segurança principal da base naval e depois por outro ponto de verificação para chegar ao PRJ ou ao Victory Jetty. A polícia do Ministério da Defesa patrulha a área armada, bem como a sentinela naval padrão nas passarelas. Quando um porta aviões está ao lado, pelo menos dois barcos policiais do Ministério da Defesa patrulham o porto adjacente aos navios. Existe uma rede de câmeras de CFTV e provavelmente outras medidas de segurança menos óbvias estão em vigor.
Uma nova instalação de CHP (Combinada de Calor e Energia) de 12M foi construída no local da caldeira existente no lado leste do estaleiro. Três geradores movidos a gás de 4,5 MW ajudarão a atender à crescente necessidade de energia elétrica e complementarão o fornecimento da Rede Nacional. Essa planta de CHP altamente eficiente deve economizar ao MoD algo em torno de £ 4M por ano em custos de energia e lidar com picos de demanda. A National Grid ainda fornece grande parte da energia e um novo cabo de 4 km foi instalado entre Old Portsmouth e o cais. Os sistemas elétricos dos navios operam com uma frequência de 60Hz, enquanto o Grid roda a 50Hz. Uma nova subestação no píer foi construída para abrigar conversores de frequência de 50 a 60 hz e outros elementos de alimentação de alta tensão, como transformadores e aparelhagem.
A questão complexa de onde os porta aviões serão docados ainda precisa ser resolvida; caso contrário, o novo centro de especialização em Portsmouth está entre as melhores instalações de apoio naval do mundo. O projeto é um grande voto de confiança na HMNB Portsmouth, que supostamente estava tendo seu fechamento em 2010. A base pode esperar um futuro garantido e a continuidade do emprego por muito tempo. O investimento sensato em uma espaçosa instalação de alta qualidade permitirá que o local seja desenvolvido ainda mais para atender às necessidades dos navios ao longo de sua vida útil prevista de 50 anos.
FONTE: Save the Royal Navy
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
Nota do Editor: Como se pode observar neste artigo, a chegada de uma nova classe de navio em uma antiga Base Naval, possui efeito transformador, ocasionando além de sua modernização, a criação de muitos empregos, algo que países como o Brasil, necessitam urgentemente.