“A empresa cumpriu as primeiras quatro etapas do acordo de cooperação industrial e de compensação tecnológica (offset), de um total de 24 projetos que irão beneficiar o parque industrial brasileiro”, disse Marson. Esse trabalho, segundo ele, também foi reconhecido pela Comissão Coordenadora do Programa de Aeronaves de Combate (Copac), responsável pela aquisição de aeronaves na Força Aérea Brasileira (FAB).
O acordo feito com a Helibras, no âmbito do programa do EC-725, está avaliado em € 1,9 bilhão, mesmo valor do contrato de venda de 50 helicópteros para as Forças Armadas Brasileiras.
Marson disse que 36 empresas brasileiras participam do programa de produção dos helicópteros, das quais 14 são beneficiárias de acordos de transferência de tecnologia. O executivo destacou a cooperação intensa com o centro de engenharia da Airbus Helicópteros (nova denominação da Eurocopter) na França, o qual viabilizou a integração do sistema de autodefesa dos helicópteros da Marinha brasileira, além da modernização do modelo Pantera, do Exército, no próprio país.
Quarto pilar de engenharia da Airbus Helicópteros no mundo, o centro de engenharia da Helibras está equipado com sistemas de informática de última geração, como o software Catia V5, utilizado pela indústria aeronáutica mundial. Desde o início do projeto EC-725 no Brasil, segundo Marson, o número de engenheiros contratos por este centro passou de 7 para 72. Outro 590 empregos diretos foram criados pela Helibras em sua nova fábrica em Itajubá (MG).
Para a indústria nacional, o executivo ressalta a tecnologia de estrutura em material composto, desenvolvida pela brasileira Inbra Aeroespace para ser aplicada no conjunto que une a cabine ao cone de cauda do helicóptero. Outra peça crítica do EC-725, os punhos do rotor principal dos helicópteros, foram feitos pela Toyo Matic.
O processo de transferência de tecnologia do EC-725 também envolveu as universidades. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), por exemplo, estão desenvolvendo os sensores de vibração da estrutura e do motor do helicóptero, sistema responsável pelo monitoramento de diversos pontos da aeronave. A parceria envolve o treinamento de professores na França.
“Esse sistema permite que a manutenção intervenha antes da peça apresentar algum problema”, explica Marson.
Entre os projetos de cooperação industrial, o presidente da Helibras destaca ainda a parte de manutenção do EC-725 e do EC-225 (versão civil para transporte offshore), que hoje já pode ser feita totalmente no Brasil. “A última etapa que faltava para viabilizar este projeto aconteceu com a instalação do banco de testes da caixa de transmissão (complexo de engrenagens que faz girar o motor) dos helicópteros”.
A instalação do banco de testes no Brasil representou um investimento de US$ 25 milhões. Nos últimos três anos a empresa investiu R$ 430 milhões no Brasil. O valor inclui a construção da nova linha de montagem em Itajubá, para atender ao programa de nacionalização dos helicópteros EC-725. Até o momento, a Helibras entregou oito helicópteros, dois para cada uma das Forças e dois na configuração vip, para uso da Presidência da República.
Em 2012, a Helibras obteve uma receita de R$ 350 milhões, mas a previsão do presidente da companhia é que esse valor seja triplicado até 2016, com o aumento do volume de entregas dos helicópteros para as Forças Armadas brasileiras. Para o próximo ano está programada a entrega de 13 helicópteros.
Fonte: Valor – Virginia Silveira