Forças Armadas usarão bloqueadores de sinais contra drones no Sete de Setembro

Objetivo é evitar sobrevoo de aparelhos não licenciados sobre multidões, uma precaução já adotada em outros países para evitar acidentes e atos terroristas

Por HUMBERTO TREZZI e LEANDRO RODRIGUES

O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) autorizou que as Forças Armadas utilizem equipamentos Bloqueadores de Sinais de Radiocomunicações (BSR) durante a realização dos desfiles comemorativos do 7 de setembro. No caso, a medida é específica para evitar sobrevoo indevido de drones sobre as paradas cívicas (esses aparelhos são guiados por radiocomunicadores).



O ato, de número 6.653 e publicado em 31 de agosto, é válido para todo o país e também se estende para operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — aquelas em que o Exército é utilizado para conter tumultos ou enfrentar situações de risco, como na repressão ao crime no Rio de Janeiro.

Nesses locais também os drones serão regulados e/ou proibidos.

GaúchaZH contatou um general graduado das Forças Armadas e que está por dentro da medida. Ele explica que serão autorizados alguns drones, caso a caso, desde que estejam já regulamentados pela Anatel. Aparelhos utilizados por veículos de comunicação, desde que devidamente registrados, por exemplo. Já drones de particulares ou desconhecidos estão vetados e seus sinais serão bloqueados. Essa autoridade assegura que não há risco de interrupção dos sinais de celular com o uso dos bloqueadores.

A medida parece novidade, mas o general garante que já foi adotada nos Jogos Olímpicos, na Copa do Mundo e em outros desfiles cívicos.

Os temores dos militares são variados. O mais óbvio é o perigo de acidentes. Os drones se popularizaram, são vendidos por internet e nem todo comprador está habilitado a utilizá-los. Há risco de que caiam sobre a multidão.

Outro receio, não mencionado pelo general, é de ataque terrorista. O jornalista especializado em assuntos militares Kaiser Konrad, que cobre forças armadas na América e Europa, lembra que há exatamente um mês o presidente venezuelano Nicolás Maduro culpou um drone por um suposto atentado terrorista durante uma cerimônia militar no centro de Caracas (da qual o próprio Maduro participava). Os aparelhos levavam explosivos e sete militares ficaram feridos, anunciou o governo venezuelano. O atentado foi reivindicado por um grupo de oposição desconhecido até então.

Kaiser ressalta que em 2013 a chanceler alemã Angela Merkel teve um discurso interrompido em Dresden por um drone que sobrevoou seu palanque, forçando intervenção policial. O aparelho foi utilizado pelo Partido Pirata (de oposição) para chamar a atenção da multidão e fazer transmissões sobre o evento.

— Na Ucrânia, que vivencia estado de guerra civil com milícias pró-Rússia em parte do seu território, o sobrevoo de drones é proibido em paradas e atos políticos. O controle é feito por bloqueadores de radiocomunicação, que estão por toda parte — ressalta Konrad, que cobriu diversas vezes o conflito ucraniano.

Como disse um outro militar consultado por GaúchaZH, melhor o uso de bloqueadores do que ter de abater a tiros um aparelho desconhecido.

FONTE: GaúchaZH


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