Durante a Segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil (MB) participou da Campanha do Atlântico, a mais longa e uma das mais importantes daquele conflito. Nela, a Alemanha e a Itália procuravam negar o uso do Oceano Atlântico aos aliados, uma estratégia que levou ao ataque do comércio marítimo brasileiro, com o afundamento de vários navios mercantes nacionais.
O Brasil, como consequência, não podia manter uma posição de neutralidade. A economia dependia fortemente do comércio marítimo para exportar as matérias primas e os alimentos que produzia, pois era um País essencialmente agrícola, e também para importar combustíveis, pela falta de carvão de boa qualidade e petróleo. Em virtude da falta de estradas, dependia da cabotagem para os intercâmbios comerciais entre suas principais regiões.
Com a entrada do Brasil no conflito, tendo como principal aliado os Estados Unidos da América (EUA), coube à MB patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios de navios mercantes que trafegavam entre o Mar do Caribe e o litoral Sul do Brasil contra a ação dos submarinos e navios corsários germânicos e italianos. No início do conflito, a MB pouco conhecia das novas táticas antissubmarino e estava, consequentemente, desprovida de meios flutuantes e dos equipamentos necessários para executá-las.
A criação da Força Naval do Nordeste (FNNE), em Outubro de 1942, foi parte do rápido e intenso processo de reorganização das forças navais brasileiras para adequar-se à situação de conflito. Sob o comando do então Capitão-de-Mar-e-Guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, a recém-criada Força foi inicialmente composta pelos seguintes Navios: Cruzadores “Bahia” e “Rio Grande do Sul”, Navios-Mineiros “Carioca”, “Caravelas”, “Camaquã” e “Cabedelo” (posteriormente convertidos em corvetas) e os Caça-Submarinos “Guaporé” e “Gurupi”.
Recebeu, ainda, navios que tinham acabado de ser prontificados nos estaleiros brasileiros e vários escoltas antissubmarino cedidos pelos norte-americanos, constituindo a Força-Tarefa 46, da Força do Atlântico Sul, subordinada à 4ª Esquadra norte-americana. Os entendimentos entre o Brasil e os EUA permitiram o fornecimento ao Brasil de navios escolta e caça submarinos, bem como o indispensável treinamento do pessoal, habilitando-os a operarem navios modernos com equipamentos de detecção, como o sonar e radar.
A missão principal da MB foi a escolta dos comboios de navios mercantes. A atuação das forças navais brasileiras, destacadamente da FNNE, manteve abertas as vias de comunicações marítimas no Atlântico Sul, provendo aos Aliados materiais estratégicos essenciais para o esforço de guerra e mantendo a economia nacional abastecida. Esta guerra cotidiana e silenciosa ceifou inúmeras vidas. As perdas brasileiras na guerra do Atlântico somaram 30 mercantes e três navios de guerra, entre eles o “Bahia” e o “Camaquã”, que pertenciam à FNNE. Nas operações navais na Segunda Guerra Mundial, a MB perdeu 486 homens – verdadeiros marinheiros que escreveram páginas de abnegação e heroísmo no cumprimento do dever – número de óbitos superior ao conjunto das perdas de vidas sofridas pela FEB e FAB na Segunda Guerra Mundial.
Em 7 de novembro de 1945, concluída a sua missão, a FNNE regressou ao RJ em seu último cruzeiro. O desempenho da FNNE, no cumprimento de sua missão, evitou que ocorresse um desabastecimento das cidades brasileiras e contribuiu de maneira notável para permitir o fluxo da navegação de longo curso do Atlântico Sul e certamente para a vitória final aliada sobre o Eixo.
É com imenso orgulho e justo sentimento de gratidão que, ao comemorarmos os 73 Anos de Criação da FNNE, reverenciamos aqueles bravos e dedicados marinheiros que, com desprendimento e amor à Pátria, souberam suplantar os diversos obstáculos da ocasião, nos deixando uma Nação livre e soberana. A Cerimônia alusiva ao Dia da Criação da Força Naval do Nordeste será realizada no dia 08 de Outubro (quinta-feira), às 15h, na Base Naval do Rio de Janeiro, situada na Ilha de Mocanguê.
FONTE: COMEMCH