Por Raphaella Costa
O aumento de forças militares no Ártico data desde a Guerra Fria, quando estadunidenses e soviéticos passaram a investir massivamente na segurança regional. Hoje, o que se tem é o aumento de exercícios da OTAN e da Esquadra do Norte da Rússia, a frota mais importante do país. Logo, no início do mês de junho de 2021, o Exercício Formidable Shield 21 (FS21) da OTAN, destacado como o maior e mais complexo exercício de mísseis da Europa, se deslocou para o Norte da Noruega, ao mesmo tempo em que 20 navios de guerra russos se dirigiram a um exercício no Mar de Barents. Nesse escopo, analisa-se a segurança militar ártica no contexto geopolítico corrente.
O Exercício FS21, iniciado em 15 de maio de 2021, contou com 16 navios e 10 aeronaves de dez nações da OTAN que se direcionaram desde a Escócia à Andøya, Noruega, no Círculo Polar Ártico. Em águas árticas, a Marinha da Noruega destacou o treinamento realizado com a fragata HNoMS Fridtjof Nansen que, pela primeira vez, atingiu um alvo de treinamento com velocidade supersônica a partir do lançamento de um míssil superfície-ar. Ressalta-se que os noruegueses firmaram, em recente acordo, uma parceria com as Forças Armadas dos EUA também no Ártico devido, sobretudo, ao interesse do fortalecimento militar na região.
Em contrapartida, o Almirante Aleksandr Moiseyev, comandante da Esquadra do Norte da Rússia, já havia declarado como provocativo o aumento da presença da OTAN no Ártico, ameaçando a segurança regional. Assim, ainda que não tenha sido classificada como uma resposta direta ao Exercício FS21, mais de 20 navios de guerra, submarinos, aeronaves e helicópteros russos, em uma atividade conjunta, também avaliaram suas habilidades práticas de combate a disparos em defesa da costa ártica da Rússia no Mar de Barents.
Portanto, ainda que o aumento da militarização das nações seja claro, há esforços no ambiente diplomático para a manutenção do Ártico como uma região pacífica.
A atualização do Acordo de Incidentes no Mar entre Noruega e Rússia, bem como o recente encontro em Genebra, Suíça, entre os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin, ressaltam a região como uma importante arena de cooperação internacional, estando estadunidenses e russos dispostos a trabalhar em conjunto em prol da segurança. Logo, é inegável que tensões militares são progressivamente mais recorrentes na região, embora as nações articulem mecanismos de cooperação e segurança para além do Conselho do Ártico.
FONTE: Boletim Geocorrente