Apesar de ser o principal posto brasileiro, a Estação Comandante Ferraz não é a única base de atuação no Continente Antártico. Na primeira semana de outubro de 2013 foi iniciada a 32ª Operação Antártica (Operantar 32), com a partida do Navio Polar Almirante Maximiano e do Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel. A operação se estenderá por um período de um ano.
Na Operantar serão apoiados 24 projetos científicos de diferentes áreas de conhecimento, selecionados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), envolvendo cerca de 300 pessoas, entre pesquisadores e alpinistas, distribuídos nos dois navios e nos Módulos Antárticos Emergenciais (MAE). Serão feitas pesquisas de estudo da biodiversidade e do ecossistema, investigações sobre mudanças climáticas naquela região e suas consequências para o mundo, além de pesquisas nas áreas de oceanografia, glaciologia e geologia.
De acordo com a coordenadora-geral para o Mar e Antártica do MCTI, Janice Trotte Duhá, o Plano de Ações para a Ciência Antártica 2013/2022 avaliará o impacto do continente diretamente na América do Sul. O plano é dividido em cinco eixos temáticos que estudam temas como o impacto dos ecossistemas antártico com a região e as mudanças climáticas e o papel da criosfera – áreas da superfície terrestre cobertas permanentemente por gelo e neve – no sistema terrestre.
“Em cada um desses eixos temáticos, a gente associa a Antártica com a América do Sul, que na verdade é o grande salto qualitativo da ciência que a gente passa a fazer. Outra área que a gente quer estimular bastante é a interação maior com os programas científicos de países da América do Sul, voltados para o nosso lado do Atlântico”, explica Duhá.
A partir deste ano, 20 novos projetos com a participação de pesquisadores brasileiros serão desenvolvidos na Antártica. Serão destinados R$ 13,8 milhões de fundos setoriais, somados a recursos do CNPq e a emendas da Frente Parlamentar pela Antártica. O planejamento de ações no continente começa com oito meses de antecedência. Devido às condições climáticas, esses projetos só serão desenvolvidos no verão antártico.
Segundo previsões de Janice Duhá, esses projetos já poderão se beneficiar da nova Estação Comandante Ferraz. “Imaginamos que dois verões antárticos serão suficientes para reerguer a estação. Em março de 2014, devemos ter a pedra fundamental, fruto de estudos geotécnicos feitos lá na Antártica. Como os projetos têm prazo de três anos, uma parte deles já poderá ser feita na Estação Comandante Ferraz”.
O desafio para a pesquisa científica na região, segundo Duhá, é garantir o volume de recursos financeiros. “A gente sabe que a logística em regiões remotas é muito difícil, cerca de 60% [dos recursos] são gastos com logística para 40% de gastos com pesquisa. O grande desafio do ministério é tentar prover recursos financeiros necessários para a gente manter e ampliar as nossas pesquisas na Antártica”.
FONTE: Agência Brasil