“PROSUPER” Atualizada
DAN – Qual a perspectiva de vermos o PROSUPER aprovado? A MB optou diretamente por um determinado fornecedor ou esta escolha será feita pelo MD/PR?
AE Leal Ferreira – Ainda não houve escolha por parte da Marinha do Brasil (MB) em favor de nenhum fornecedor. A Força realizou a coleta de dados e subsídios para permitir a tomada de decisão sobre a escolha do país com o qual deverá ser estabelecido um acordo governamental pelo Brasil. No momento, a MB aguarda decisão superior para dar continuidade ao programa.
DAN – O Sr poderia comentar sobre as classes oferecidas?
AE Leal Ferreira – Até o momento, nove países estão participando do processo (Alemanha, China, Coréia do Sul, Estados Unidos da América, Espanha, Holanda, França, Itália e Reino Unido), com os seus respectivos estaleiros. Todos os participantes, à exceção da China e dos EUA que foram incluídos posteriormente no PROSUPER, já apresentaram propostas completas de fornecimento, com base nas especificações detalhadas fornecidas pela MB.
Houve, também, a exigência de que os navios propostos estivessem referenciados a classes de navios em operação em ao menos uma Marinha, adaptados aos requisitos da MB.
DAN – O PROSUPER deverá ser baseado no modelo do PROSUB, com a construção de um estaleiro para construção de navios militares, ou serão utilizados os estaleiros civis atualmente instalados no país?
AE Leal Ferreira – Serão utilizados estaleiros civis de forma que a qualidade dos navios seja a mesma que seria obtida caso os meios fossem construídos em instalações da empresa parceira no exterior.
DAN – Caso a segunda opção seja a resposta, como a MB vê a falta de qualificação dos mesmos para a construção naval militar e como resolverá a questão da impossibilidade de atendimento tendo em vista as imensas encomendas para o pré-sal?
AE Leal Ferreira – As dificuldades existentes terão que ser superadas considerando que a responsabilidade sobre a execução do contrato será do parceiro estrangeiro, associado a um ou mais estaleiros brasileiros, que terão a oportunidade de adquirir know-how sobre a construção de navios de guerra.
DAN – Dentro do PROSUPER existe a possibilidade de modernização do AMRJ com a construção dos Escoltas lá?
AE Leal Ferreira – O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) é uma Organização Militar da MB que possui, dentre diversas outras, a tarefa de construir meios navais de superfície e, portanto, existe a possibilidade de ser considerada a utilização de sua área industrial na execução do PROSUPER.
DAN – Quanto aos NPaOc, cada fornecedor apresentou sua proposta de navio a ser fabricado. A MB já se decidiu pela classe Amazonas, cujo direito de fabricação foi adquirido aos ingleses ou irá optar por outro modelo?
AE Leal Ferreira – Os estaleiros representantes dos países participantes receberam especificações detalhadas da MB e não houve imposição quanto à adoção de alguma classe específica de navios.
DAN – Sabendo do imenso esforço da MB em manter atualizados e operativos os atuais navios da Esquadra, pergunto: Estão previstas modernizações complementares para as Fragatas classe Niterói e Greenhalgh, como remotorização por exemplo, tendo em vista a dificuldade de manutenção de turbinas, notadamente a Spey?
AE Leal Ferreira – Não há, no momento, previsão de modernização complementar das Fragatas mencionadas.
DAN – O estudo de dotar a classe Niterói apenas com motores a diesel modernos de alto desempenho no lugar das turbinas, prorrogando assim sua vida útil na Esquadra, é viável?
AE Leal Ferreira – A MB não está, no momento, realizando o estudo mencionado.
DAN – Qual o status da modernização das Corvetas da classe Inhaúma?
AE Leal Ferreira – Atualmente, as três corvetas em atividade encontram-se em Período de Manutenção (PM). Dessas, somente a “Julio de Noronha” passa por Período de Manutenção Geral (PMG). A Corveta “Inhaúma” realiza um Período de Manutenção Intermediário (PMI), de escopo menor, e a “Jaceguai” um Período de Manutenção Extraordinário (PME), para atender necessidades de manutenção corretiva. A quarta corveta da classe, a “Frontin”, foi transferida para a reserva em 2014 e será descomissionada ainda este ano.
O PMG da “Julio de Noronha” abrange, em complemento aos serviços normalmente afetos a esse tipo de manutenção, um extenso programa de modernização, daí a classificação do seu período de manutenção como PMG/Mod.
Entre os serviços típicos de PMG, o navio realizou as revisões gerais de todos os equipamentos de propulsão, dos dois Motores de Combustão Principal (MCP), da turbina a gás, bem como de dois dos seus quatro Motores de Combustão Auxiliar (MCA), empregados na geração de energia; diversos reparos estruturais; além de melhorias em compartimentos habitáveis.
Em relação ao programa de modernização, foram substituídos os outros dois MCA por equipamentos de maior potência. Também foram substituídos por congêneres mais modernos as Unidades de Tratamento de Águas Servidas (UTAS) e o Separador de Água e Óleo (SAO), sistemas importantes para atender aos requisitos de preservação ambiental; as plantas de ar condicionado; os grupos de osmose reversa para a produção de aguada; os compressores de ar comprimido; e sensores como o radar de navegação e o equipamento de Guerra Eletrônica.
Gostaria de ressaltar que o serviço de modernização mais complexo é a instalação do novo Sistema de Controle e Monitoramento (SCM), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM), que será responsável por controlar toda a planta propulsora do navio e acompanhar o desempenho de todos os seus principais equipamentos, contando com elevado grau de automatismo.
Os períodos de manutenção ora em curso para as demais corvetas não envolvem a sua modernização, tendo por propósito recondicionar a propulsão, sistemas auxiliares e estruturas daqueles navios. Com base nos resultados obtidos pela Corveta “Julio de Noronha”, os demais navios da classe poderão também ser submetidos a um programa de modernização por ocasião de seus futuros PMG.
A “Julio de Noronha” deverá concluir seu PMG e realizar os testes do sistema de controle da propulsão em 2016. Cabe ressaltar que estes prazos estão condicionados à disponibilidade de recursos para permitir o fluxo financeiro adequado para o prosseguimento do PM. Após o término do PMG e respectivo Programa de Modernização, espera-se prolongar a vida útil desses meios por mais dez anos.
DAN – Em que fase se encontra o projeto da construção da nova classe de corvetas Tamandaré?
AE Leal Ferreira – Está na fase de elaboração de Projeto Preliminar e de Contrato (Projeto Básico), que deverá ser concluído em julho deste ano. Posteriormente, a MB trabalhará na elaboração da Especificação Técnica para licitar a construção. A publicação do Edital dependerá, contudo, de disponibilidade orçamentária.
DAN – O acordo BRADAR/BAE Systems para o desenvolvimento de um radar 3D a partir do modelo inglês Artisan 3D, poderia vir a ser instalado nos futuros Escoltas ou ficará restrito as novas corvetas?
AE Leal Ferreira – Sim. Poderia vir a ser instalado nos futuros Escoltas.
DAN – O que levou a MB a passar para a reserva a corveta Frontin? Há alguma perspectiva de que a mesma volte ao serviço ativo?
AE Leal Ferreira – A insuficiência de recursos financeiros para a realização dos reparos e manutenções necessários para restabelecer a condição operacional do Navio impôs, em 2014, a sua transferência para a reserva e, neste ano, a decisão em descomissionar a “Frontin”.
DAN – A imprensa vem noticiando o interesse da MB em adquirir o TCD Siroco da França. Quais as perspectivas de que tal aquisição se realize?
AE Leal Ferreira – Em dezembro de 2014, a MB enviou uma delegação à França para realizar uma inspeção técnica e avaliar as condições em que o Siroco se encontrava, visando a uma possível aquisição do navio. Em que pese o relatório ter sido favorável à compra, não há recursos disponíveis para a concretização do negócio.
DAN – Há a possibilidade de aquisição de navios de combate por oportunidade, ou a MB mantêm sua decisão de não mais comprar navios de combate e sim fabricá-los aqui no Brasil?
AE Leal Ferreira – No momento não há a previsão de aquisição de navios escoltas por oportunidade. No entanto, a MB está atenta e não descarta essa alternativa. Se houver o oferecimento de meios por outras Marinhas em condições operacionais satisfatórias e que atendam as necessidades da Força, bem como a existência de recursos financeiros, será avaliada a viabilidade da obtenção.
DAN – Quantos empregos diretos e indiretos, seriam garantidos na indústria naval com a aprovação do PROSUPER?
AE Leal Ferreira – Estima-se que serão gerados cerca de 13 mil empregos diretos e indiretos.