Defence Strategic Review 2023: novos caminhos para a Defesa australiana

Ilustração: MoD

Por Thayná Fernandes

Pouco depois do anúncio dos detalhes da parceria trilateral AUKUS, cujo objetivo é o fornecimento à Austrália de submarinos movidos à propulsão nuclear, Camberra publicou, em abril, sua nova Revisão Estratégica de Defesa (Defence Strategic Review, DSR) com o propósito de estabelecer direcionamentos para garantir os interesses nacionais.

Considerando a crescente tensão no Indo-Pacífico por disputas de influência, este texto objetiva analisar os principais aspectos do novo documento. Encomendada para um comitê independente desde o início do acordo AUKUS, a publicação foi considerada pelo Ministro da Defesa australiano como a revisão “mais ambiciosa da postura e estrutura da Defesa desde a Segunda Guerra Mundial”. Para sua confecção, cerca de 150 pessoas participaram diretamente, entre especialistas, acadêmicos e membros das Forças Armadas; ainda, mais de 360 sugestões foram enviadas pelo público geral, governos estaduais e organizações interessadas.

Em clara menção aos avanços da China no Indo-Pacífico, o novo DSR considera que houve muitas e rápidas mudanças no entorno estratégico australiano, fato que demanda uma postura mais assertiva do país. No entanto, de acordo com a análise dos especialistas, a atual estrutura de Defesa nacional é insuficiente para corresponder ao objetivo de garantir seus interesses na região.

Para transformar essa realidade e robustecer o setor, o Documento estabelece seis áreas prioritárias: os submarinos de propulsão nuclear, o desenvolvimento de capacidade em ataques de longo alcance, investimento na Base Industrial de Defesa, aprimoramento das operações das Forças Armadas no norte do país, absorção de novas tecnologias e aprofundamento das relações diplomáticas com outras nações no Indo-Pacífico.

Governo australiano criará a Agência Australiana de Submarinos e o Regulador Australiano de Segurança de Submarinos de Propulsão Nuclear

Ainda, um dos principais aspectos destacados pelo DSR, que o diferencia das versões anteriores, é a integração nas operações das três Forças: para que estejam prontas para responder de maneira eficaz aos desafios que se apresentarem, é necessário que sejam complementares ao invés de apenas operarem de maneira conjunta. Nesse sentido, considerando também que o território australiano possui dimensões continentais e é insular, a prioridade é o ambiente marítimo; dessa forma, a proposta do DSR é a adaptação, postergação, redução ou cancelamento de projetos das três Forças, redirecionando-os para desenvolver capacidades que tenham como foco operações a partir do mar.

Em suma, embora o setor de Defesa da Austrália, nos últimos anos, tenha 28 grandes projetos em execução que somam 97 anos de atraso cumulativo com bilhões em custos excedentes, o país está decidido a se transformar em uma potência autônoma da região do sul do Pacífico e pronta para garantir seus interesses e de aliados de maneira mais capacitada e assertiva.

FONTE: Boletim GeoCorrente

Sair da versão mobile