Por Luiz Padilha
O VA(FN) Alexandre informou que a UNITAS Amphibious ocorreria em 2 fases, com a primeira na Ilha do Governador e a segunda na ilha da Marambaia, destacando a grande oportunidade que todas as Forças teriam em adquirir conhecimento através do treinamento em conjunto, pois as oficinas seriam ministradas por diferentes instrutores de cada país participante, e assim fortalecendo a palavra de ordem que foi: “INTEROPERABILIDADE’.
O Coronel Michael Cuccio perguntado se os fuzileiros americanos iriam passar algum conhecimento, fez questão de ressaltar que os Marines não estavam ali para ensinar e sim para operar em conjunto e que a troca de conhecimento seria mútua entre as 8 Marinhas participantes.
O Coronel Cuccio fez questão de ressaltar a habilidade dos fuzileiros participantes em assimilarem rapidamente as diferentes técnicas utilizadas por cada Marinha e isso em 3 diferentes idiomas. Ao final o Coronel Cuccio afirmou que com a continuidade deste tipo de exercícios, a barreira do idioma será suplantada e agradeceu a receptividade com os Marines foram recebidos pela Marinha do Brasil.
O VA(FN) Alexandre agradeceu a presença da imprensa na cobertura do exercício. “É muito importante mostrar para a sociedade o nosso trabalho, aumentando assim a aproximação da mesma com as FFAAs”.
Na segunda parte que ocorreu no CADIM que fica na ilha da Marambaia, os meios navais envolvidos foram: o NDCC Garcia D’Ávila da MB, o NDCC Papaloapan da Marinha do México e outros meios como CLAnFs e EDCGs. Já os meios aéreos que participaram foram 2 UH-15 Cougar do Esquadrão HU-2, 3 MV-22 Osprey e 1 MH-60S da US Navy e 1 Mil Mi-8 da Marinha do México.
Comando da Divisão Anfíbia
Na área do Comando da Divisão Anfíbia ocorreram vários treinamentos entre os participantes como: Operações Militares em Área Urbana, com técnicas de abordagem tática e inspeção de compartimentos, conduzidas pelo Brasil e Peru; Operações com helicópteros, conduzidas pelo Brasil e Estados Unidos; Operações com Viaturas Anfíbias, conduzidas pelo Brasil e Oficina de Fogo Real, conduzida pelos Estados Unidos e Canadá.
Operações Militares em Área Urbana (MOUT – Military Operations Urban Terrain)
O instrutor peruano passou para os fuzileiros mexicanos, brasileiros, colombianos e canadenses, o modo de operar utilizado pelos fuzileiros da marinha Peruana. Toda a instrução foi feita em espanhol e o entendimento era fácil para uns e difícil para outros. Mas como os procedimentos não são tão diferentes, com a repetição, os objetivos foram alcançados.
Operações Aero-Terrestres
Nesta etapa, componente do esquadrão HU-2 da Marinha do Brasil orientava aos fuzileiros brasileiros, americanos e mexicanos, o modo de embarque e desembarque rápido na aeronave brasileira.
Como as Marinhas envolvidas possuem diferentes tipos de aeronaves, foi preciso passar o “modus operandi” brasileiro, pois os fuzileiros brasileiros treinam a exaustão este procedimento. Foi interessante notar que ao saírem da aeronave, brasileiros e americanos guardam o perímetro de formas distintas. Os brasileiros ajoelhados prontos para um deslocamento rápido e os americanos deitados, reduzindo sua exposição, ou seja, doutrinas diferentes.
Operações com Viaturas Anfíbias
A Marinha do Brasil disponibilizou 4 Carros sobre Lagarta Anfíbio (CLAnf) AAV7 para o treinamento com os fuzileiros participantes. O treinamento consistia de embarcar, desembarcar e navegar. Muitos ali presentes ainda não tinham tido a oportunidade de operar com um AAV7 ou CLAnf.
Após a saída do mar, os CLAnf saem em alta velocidade e, após uma parada súbita, a porta traseira é aberta e os fuzileiros desembarcam velozmente, mais vez guardando o perímetro em volta do blindado.
Oficina de Fogo Real em movimento
Esta última parte do treinamento a que tivemos acesso foi diferente, pois desta vez o armamento empregado usava munição real. Sob a coordenação dos fuzileiros americanos, fomos orientados a seguir os mesmos durante o circuito com cada um de nós sob a vigilância de um Marine, para não corrermos o risco de entrarmos na “linha de fogo”. A área é enorme e a simulação com bombas de efeito moral que reproduziam o som de morteiros “chegando”, deu o tom de realismo ao treinamento.
O exercício começou com os americanos fazendo a primeira rodada. Eles avançavam sob muita fumaça e cada um teve seu desempenho avaliado individualmente por um observador que ficava ao seu lado, com alguns lançando as bombas de efeito moral e de fumaça.
Antes do fim do exercício, ainda assistimos a mais um treinamento onde os fuzileiros peruanos ensinavam suas técnicas de invasão a edificações urbanas contra rebeldes/insurgentes/terroristas.
Ilha da Marambaia – Exercício Tático
A segunda fase do exercício ocorreu com a finalidade de por em prática tudo o que foi exercitado dias antes no Comando da Divisão Anfíbia. O exercício na ilha simulava um incursão anfíbia em ambiente hostil com a finalidade de libertar e dar assistência humanitária à refugiados.
A incursão foi realizada através do desembarque em diferentes áreas na ilha. Cada aeronave envolvida tinha uma zona de pouso onde os MV-22 Osprey, os helicópteros UH-15 do HU-2 e o Mil Mi-8 mexicano pousaram e desembarcaram os fuzileiros para resgatar os refugiados. Os NDCCs Garcia D’Ávila e Papaloapan enviaram os CLAnfs e as EDCG – Embarcação de Desembarque de Carga Geral com fuzileiros para diferentes praias, o que resultou numa incursão simultânea em diferentes áreas, logrando êxito sobre as forças inimigas.
Infelizmente não foi possível ao DAN cobrir a fase do desembarque, pois o mesmo ocorreu as 06:30h e só foi possível para a imprensa chegar ao local após este horário. Mas conseguimos acompanhar o desenrolar do exercício durante o restante do dia na ilha.
As zonas recuperadas pela força de incursão eram mantidas em constante vigilância pelos fuzileiros, dada as precárias condições em que os mesmos vivem. Com a falta de água e alimentos, a população pode começar uma rebelião contra seus libertadores, pois a fome abala todo o equilíbrio emocional do ser humano e cabe aos fuzileiros manter a ordem.
Durante todo o exercício, diversas situações são criadas para levar ao máximo o nível de realismo e cabe ao GRUCON (equipe composta por observadores do exercício), implementa-las, buscando atingir ao máximo as reações das forças de incursão. Todos estavam com uma fita amarela no braço para que pudessem ser identificados durante o exercício.
Dentro do cenário do exercício, refugiados eram resgatados de áreas distantes e trazidos de helicópteros para um centro de triagem, onde eles eram examinados e levados para uma área específica até que toda a situação esteja sob total controle.
A Marinha instalou um sistema de purificação de água semelhante ao que seria usado em qualquer teatro de operações, produzindo água potável para a população e neste caso para todos os fuzileiros presentes ao exercício.
Ao fim do dia, o DAN junto com a imprensa embarca no aviso da MB em direção a Mangaratiba mas não sem antes registrar os dois NDCCs que estavam em nosso caminho.
AGRADECIMENTOS: O DAN gostaria de agradecer à FFE que nos deu total apoio através do CF Arthur e ao 1ºDN através das Tenentes Lara e Luciana, que nos deram total suporte durante o exercício.