Por Luiz Padilha
As empresas Damen Schelde Naval Shipbuilding (DSN) e Saab se uniram, criando um consórcio para participar da concorrência da Corveta Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil.
As empresas decidiram trabalhar juntas para otimizar a proposta, que agora contará com o casco da Damen baseado na Classe Sigma modelo 10514 com 105,11 metros de comprimento e 2.365 toneladas de deslocamento.
O projeto deste navio é testado a aprovado pela Marinha da Indonésia e pela Marinha de Marrocos, que já utilizam navios da classe Sigma, salientando que a construção desta classe para a Marinha da Indonésia, ocorreu com a superestrutura construída na Holanda e o casco na Indonésia.
Segundo o RFP da Marinha do Brasil, o navio poderá deslocar até 4.000 toneladas, devendo cumprir todos os requisitos previstos no projeto nacional feito pelo CPN – Centro de Projetos de Navios da MB ou superior. Assim, por já ter este projeto pronto e que cumpre os requisitos, as empresas agora trabalham para conseguir selecionar empresas brasileiras para atingir o índice de nacionalização expresso no RFP (30% para o primeiro navio e 40% para os demais).
Mas não é apenas isso que importa, seu preço final deverá ser competitivo, caso contrário, todo o trabalho será em vão. O vencedor ou Prime-Contractor assumirá total responsabilidade pela execução da construção dos navios bem como garantir à MB sua manutenção durante o ciclo de vida dos navios.
Essa responsabilidade não é pequena, pois o Prime-Contractor precisará equalizar qualidade e preço para poder sair vencedor desta concorrência. O consórcio foi criado justamente com esta finalidade, aliando a experiência e a qualidade das empresas para poderem oferecer uma proposta vencedora.
Mas como será o navio proposto pelo consórcio à Marinha do Brasil?
O casco como mencionado, terá como base a classe Sigma 10514, equipado com sistema de propulsão CODOE – Combined Diesel or Electric (ainda não sabemos que motores irão impulsionar o navio), o que permitirá a esta corveta/fragata leve desenvolver até 28 nós de velocidade máxima. O deslocamento default deste navio é de 2.365 toneladas mas dependendo dos equipamentos a serem instalados, ele poderá deslocar um pouco mais.
Na área de sistemas, o navio deverá contar com um mastro integrado com os radares Sea Giraffe AMB e Sea Giraffe 1X da Saab Surveillance, ambos 3D. O sistema de combate e de armas deverá ser o Saab 9LV / SICONTA da Consub. Esta integração irá gerar um sistema de combate e de armas modernos, atual e com a participação da indústria nacional, o que permitirá a Marinha do Brasil, o controle de seu desenvolvimento.
O navio terá um lançador VLS Silver A35 com 12 posições, equipado com o míssil MICA ou o míssil Sea-Ceptor, míssil que a Marinha já demonstrou ser a sua preferência. Deverá ter também 4 lançadores para mísseis anti-navio MBDA Exocet MM40 Block II e futuramente o míssil MANSUP brasileiro.
O canhão principal do navio deverá ser o Bofors 57mm”rapid fire” que não necessita ter refrigeração a água em seu cano, sendo leve e não invasivo à estrutura do navio, diferentemente de outros modelos no mercado. Na função de CIWS o mesmo deverá ser o canhão Trinity de 40mm versão atualizada com novos sensores.
Para ameaças assimétricas o navio contará com 2 canhões Oerlikon de 20mm assistidos pelo sistema Saab Trackfire Remote Weapon Station (RWS), semelhante ao do vídeo abaixo.
A corveta Tamandaré deverá ser equipada com um radar diretor de tiro Saab CEROS 200 e uma alça optrônica EOS 500. Esses equipamentos aliados ao sistema de comunicação integrado Saab TactiCall, colocarão o futuro navio da Marinha do Brasil entre os mais modernos na atualidade.
Mas um navio atual não pode prescindir de ter uma suite eletrônica de ponta. As tecnologias de Medidas de Suporte Eletrônico de Comunicações (C-ESM) e de Inteligência de Comunicação (COMINT) cuidarão da conscientização situacional do navio, expandindo sua capacidade em termos de reconhecimento e vigilância de emissões eletromagnéticas.
O sistema compreende detecção automática de sinais, classificação, demodulação, decodificação, gravação, funcionalidade de escuta, busca de direção e localização geográfica de emissores de rádio nas faixas de freqüência de Alta Frequência (HF) e Very Ultra Super High Frequency (VUSHF).
Na área de guerra submarina, o navio deverá ser equipado com um sonar ATLAS ELEKTRONIK Hull-Mounted Sonar (HMS) ASO 713/723 ou um Thales Kingclip. Qualquer um dos dois sonares, fará do navio um adversário difícil para a arma submarina.
O navio terá 2 lançadores triplos de torpedos que poderão vir a ser o Saab Mk32 Mod5, ou o SLDM-1 que foi desenvolvido pelo IpqM, como também poderá ter um sistema de contra medidas com despistadores de mísseis IpqM SLDM-1.
Quanto a aviação embarcada, o navio deverá ter a capacidade de operar com as aeronaves AH-11B Super Lynx e com o SH-16 Seahawk, ampliando sobremaneira a capacidade operacional do navio.
Essa configuração que o DAN apresenta é apenas uma fração do que será o navio e ela não corresponde com a que o consórcio ofertou, e sim uma análise superficial do autor, pois as ofertas foram entregues hoje para a Marinha, e seu conteúdo ainda levará bastante tempo até que saibamos 100% seu teor.
A ideia é dar um start para os leitores imaginarem como deverá ser a configuração final do navio que ora se apresenta como uma excelente opção para a Marinha do Brasil.