Comandante da Marinha recebe imprensa à bordo do NVe ‘Cisne Branco’ no Rio de Janeiro

AE Sergio Roberto Fernandes dos Santos, AE Leal Ferreira e Luiz Padilha, editor do Defesa Aérea & Naval

Por Luiz Padilha

O Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, recebeu nesta terça-feira (14) à bordo do NVe Cisne Branco, os principais representantes da imprensa do Rio de Janeiro, para um café manhã, com o objetivo de aproximar a Marinha do Brasil com a imprensa.

Após os convidados serem recepcionados pelo comandante do navio, CMG João Alberto de Araújo Lampert, o Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM), Contra-Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, abriu o encontro com uma excelente explanação sobre a Marinha do Brasil (MB), seus programas e as principais ações e missões hoje executadas, tanto no Brasil como no exterior.

O AE Leal Ferreira após a apresentação do CA Rocha, enfatizou aos presentes que a Marinha do Brasil está de portas abertas aos jornalistas e a todos os veículos de imprensa do país. Na sequência, se colocou a disposição para responder as perguntas dos jornalistas.

Questionado sobre o processo de substituição das aeronaves dos esquadrões HI-1 e HU-1 devido a sua baixa disponibilidade, o almirante disse: “A baixa disponibilidade é fato e as aeronaves precisam ser trocadas a curto prazo. A DAerM está realizando os estudos necessários, que envolvem a capacidade das aeronaves para operar nos nossos navios, preço e a busca por recursos para efetivar a troca.”

Outro ponto abordado pelo AE Leal Ferreira foram os cortes no orçamento da MB, que sofrem oscilações frequentes, atrapalhando todo o planejamento feito.

Em 2014 foram R$ 5,2 bilhões, em 2015 caiu para R$ 3,8 bilhões e para este ano, R$ 4 bilhões. Houve uma melhora, mas não é o suficiente para retomar os projetos que foram paralisados. Com 30% em média de perda em seu orçamento, a capacidade operativa da MB atualmente está prejudicada.

O almirante também ressaltou a ajuda importante do General de Exército Joaquim Silvio Luna, secretário geral do Ministério da Defesa, na busca por recursos para a execução dos projetos da MB.

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Jogos Olímpicos

A participação da MB na segurança nos jogos Olímpicos do Rio de Janeiro se dará na área de Copacabana, onde o nível de ameaça é mais baixo, com uma operação simples, por se tratar de uma área restrita.

A Esquadra

Com os navios da Esquadra envelhecendo, a MB está gastando muito com manutenção desses meios, impedindo que a MB possa envia-los para operações mais complexas, demonstrando sua vulnerabilidade ante a ameaças externas.

A idade da maior parte da Esquadra é elevada, criando uma defasagem tecnológica enorme para a MB. Na apresentação foi exposta a idade média dos meios atuais, numa tentativa de mostrar aos jornalistas presentes, a necessidade da modernização dos meios de superfície.

“Há dois anos, ninguém falava em Estado Islâmico. As surpresas surgem a cada ano, e a preparação de uma defesa demora uma geração para ser feita. Podemos ter uma crise a qualquer momento e a fronteira brasileira mais vulnerável é a marítima”, pois precisamos proteger nossas Linhas Comerciais Marítimas (LCM). O almirante ressaltou ainda que 10% do que é comercializado no mundo, sai ou chega em nossos portos.

O AE Leal Ferreira lembrou que a corveta Barroso, recentemente retornou do Líbano, onde esteve operando na operação de paz da ONU, como nau capitânia da FTM-Unifil naquele país. Apesar de ter estado 8 meses operando “fora da base”, a corveta se encontra em excelentes condições, comprovando a qualidade do projeto nacional, o que traz boas perspectivas para a futura classe de corvetas Tamandaré.

Compras de oportunidade

Perguntado sobre a ida de oficiais da MB à Itália para avaliar os meios usados que a Marinha italiana estaria disponibilizando, o AE Leal ferreira informou que se tratam de meios similares em termos de idade aos que a MB possui, e que se encontram no fim de seus ciclos operativos, ou seja, caso a MB viesse a adquiri-los, teria que desembolsar recursos para coloca-los em operação adequada. Em síntese, não é uma opção valida para a MB.

Programas Estratégicos

A MB possui importantes programas estratégicos atualmente, como o Prosub, o Prosuper, o SisGAAz, o Pronae, mas, infelizmente a realidade é dura. Dos programas mencionados, o Prosuper se voltou basicamente para a construção das corvetas Tamandaré, o Prosub  está caminhando, o SisGAAz está parado e o Pronae se encontra em estudos para a definição da nova planta propulsora do nosso porta aviões.

O AE Leal Ferreira fez questão de ressaltar que o porta aviões NAe São Paulo, será modernizado. Após verificações, foi constatado que seu casco se encontra em excelentes condições, e esse fato viabiliza a continuidade do meio na MB. Após a modernização, o porta aviões poderá operar por muitos anos. Segundo o almirante, a MB está em analisando propostas alternativas com novas soluções técnicas, e está trabalhando para buscar os recursos necessários para a modernização do meio, que deverá durar de 2 a 3 anos.

Corveta Tamandaré

As corvetas da Classe Tamandaré irão alavancar a indústria naval brasileira na construção de navios de guerra, proporcionando a criação de empregos e qualificando mão de obra especializada. Perguntado se o estaleiro internacional vencedor para a construção dos navios seria anunciado ainda este ano, o almirante respondeu que não. Um ponto importante que o AE Leal Ferreira colocou, é que o AMRJ terá participação importante na construção das corvetas. Como os estudos estão em sua fase final, não é possível anunciar ainda qual será o estaleiro, mas é possível que o AMRJ venha a receber modernizações para a construção de navios de guerra modernos.

Prosub

O AE Leal Ferreira explicou a importância para o país, da continuidade do programa, lembrando que nossas riquezas se encontram em áreas distantes como é o caso do Pré-Sal. Com o nosso submarino de propulsão nuclear, a MB poderá patrulhar nossa Zona Econômica Exclusiva com mais eficiência, protegendo também nossas Linhas Comerciais Marítimas (LCM).

Quanto ao Prosub, foi perguntado ao AE Leal Ferreira se a operação Lava-Jato estaria prejudicando o andamento do programa e ainda na mesma pergunta, se a empresa Próton citada em artigo na imprensa, realmente teria acesso as tecnologias advindas do programa nuclear.

O AE Leal Ferreira foi enfático: “A Próton não existe!” “Ainda bem que temos a Amazul”

A Amazul foi consultada sobre a criação da Próton, e não aceitou a possibilidade da mesma atuar no desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro.

Ainda com relação a Lava-Jato, o almirante explicou que desde o início do Prosub, a MB convidou o pessoal do Tribunal de Contas da União – TCU, para auditar suas contas, o que é feito até a presente data e NADA foi encontrado. Sobre a empresa Odebrecht, a mesma está em dia com a construção do Estaleiro e Base Naval de Submarinos em Itaguaí, no Rio de Janeiro, informando até que, quem estava em atraso era a MB ao fim de 2015, mas que tudo já foi acertado, com a MB não devendo mais nada atualmente à empresa.

AE Leal Ferreira e o Editor do DAN, Luiz Padilha

NOTA do EDITOR: Agradecemos ao AE Eduardo Bacellar Leal Ferreira (comandante da Marinha), ao AE Sergio Roberto Fernandes dos Santos, (comandante de Operações Navais), ao CA Flávio Augusto Viana Rocha (diretor do CCSM), ao CA Wladmilson Borges de Aguiar (comandante da Força de Superfície), ao CMG João Alberto de Araújo Lampert (comandante do NVe Cisne Branco), ao CF Vagner Berlarmino de Oliveira (CCSM) e ao CC Henrique Afonso Lima (CCSM).

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