“Um militar, como qualquer outro profissional escolhido pelo presidente da República, pode sim chefiar o Ministério da Defesa. Anteriormente, profissionais de outras carreiras de Estado já exerceram esse cargo, e não há qualquer razão para que um militar não possa exercê-lo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o atual ministro da Defesa é um fuzileiro naval de carreira”, disse em entrevista ao GLOBO, respondida por escrito.
O almirante destacou que o governo, para qualquer pasta, pode optar por um político ou um técnico, e que, desta vez, Temer indicou um técnico. E minimizou as críticas à indicação de um militar para o comando do Ministério da Defesa.
“Em um Estado democrático de direito, nada mais natural do que haver opiniões divergentes quanto às ações políticas dos nossos governantes”, afirmou o almirante.
Ele negou que haja desentendimento entre as três Forças sobre quem deve chefiar a Defesa: “As Forças Armadas vivem um ambiente de extrema cooperação e, em atuação conjunta, buscam cumprir as missões a nós atribuídas. Não há a mínima restrição à indicação de um general para o cargo de ministro da Defesa, até porque essa escolha é prerrogativa do presidente. Adicionalmente, no caso em questão, o general Silva e Luna conta com larga experiência no cargo de secretário-geral do Ministério, e se desincumbe de suas funções de maneira competente e equilibrada”.
Apesar das indicações de que Temer quer indicar um civil para ficar até o fim do governo no Ministério da Defesa, oficiais do Exército, Marinha e Aeronáutica estão se movimentando para garantir a permanência do general Joaquim Silva e Luna no comando da pasta.
O presidente decidiu colocar um civil no comando da Defesa depois da repercussão negativa da nomeação de um general para o cargo idealizado para um civil, e também por causa de relatos de descontentamento na Marinha e na Aeronáutica pela subordinação a um oficial do Exército.
Segundo um oficial, os militares “estão dando a alma” para ajudar o governo Temer e, por isso, acreditam que não merecem tratamento “de segunda linha”. Ao traduzir o pensamento do grupo que representa, este oficial diz que tirar Silva e Luna do comando da Defesa só porque ele é um militar seria discriminação às avessas.
– Esta discriminação contra um militar é inaceitável. A pressão é para que ele (Silva e Luna) fique. E a pressão vem das três forças – afirma o oficial, negando que haja ciúmes de comandantes da Marinha e Aeronáutica, pelo fato de Luna ser do Exército.
Militares das três Forças têm defendido a permanência de Silva e Luna.
– Os militares são chamados para matar mosquito (da dengue), fazer campanha de vacinação, construir estradas e pontes. São chamados para muitas coisas. Mas não servem para ser ministro da Defesa ? E de outras áreas, pode ? – indaga um outro oficial de alta patente.
FONTE: O Globo