Por Luiz Padilha
Recentemente, foi publicado em um site inglês que a Royal Navy (RN) estaria disponibilizando os dois navios tanque da classe Wave, os Royal Fleet Auxiliary, RFA Wave Ruler e RFA Wave Knight, com possibilidades de serem adquiridos pela Marinha do Brasil e pela Marinha do Chile.
Passadas 24 horas, o mesmo site informa que a RN não disponibilizou os navios para venda e os manterá em sua reserva.
Cabe aqui uma pergunta interessante. A Marinha do Chile possui dois Navios Tanque, o AO-53 Araucano, de 23.600 toneladas, e o AO-52 Almirante Montt, com 42.000 toneladas, sendo que este último não consegue atracar em sua Base Naval em Valparaíso, sendo obrigado a ficar fundeado ao largo da Base.
Não sabemos de onde o site inglês deduziu que a Marinha do Chile poderia vir a adquirir um dos dois classe Wave, já que o AO-53 Araucano foi comissionado em 2013, ou seja, não se trata de um navio obsoleto. Concluo que a instituição está muito bem servida de navios tanque.
A Marinha do Brasil precisa de um Navio de Apoio Logístico?
Na minha opinião, sim! Atualmente, a MB possui o navio tanque Gastão Motta (G 23), que se encontra em fase de revitalização, devendo retornar tão logo sejam finalizados os serviços a atuar junto à Esquadra.
Um classe Wave na MB seria uma bela aquisição, elevando a capacidade logística da Esquadra pois, diferente do Gastão Motta, a classe Wave possui casco duplo, condição fundamental para que o navio possa atracar em portos internacionais; possuem a capacidade de fornecer combustível, comida, água potável, munição e outros suprimentos para os navios, além de possuir um convoo com hangar, característica esta que permitiria a Marinha do Brasil realizar operações aéreas com suas aeronaves a bordo, caso um dos dois navios seja adquirido.
Porém, há que se analisar após a declaração do Almirante de Esquadra Olsen, atual Comandante da Marinha, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que precisará desativar até 40% da frota atual, pelo fato do orçamento atual da Marinha não ser suficiente para custear todas as suas despesas.
O submarino Timbira já foi descomissionado, seus irmãos Tamoio (S 31) e Tapajó (S 33) serão sem breve, como também o NDCC Mattoso Maia (G 28). Outros meios estão na lista mas ainda não foram confirmados. A Marinha está priorizando colocar verbas em meios que realmente possam operar e cumprir suas funções.
Por essa razão, não vejo como, nesse ano e no próximo, existam condições para se adquirir e manter um navio com deslocamento de 31.500 toneladas e 120 tripulantes, como o classe Wave. Não se sabe ao certo qual dos dois Waves se encontra em melhor estado. Sabe-se apenas que o preço de venda, caso ocorra, deverá ser inferior ao seu custo de aquisição pela RN, que foi de £ 100 milhões (R$ 613 milhões, na cotação atual).
Os navios da classe Wave são maiores do que o nosso NAM Atlântico (21.500 toneladas), e é bom lembrar que a RN sempre afirmava que o ex-HMS Ocean não havia sido oferecido para Marinhas interessadas, e, no final, o navio acabou sendo vendido para a Marinha do Brasil.
Caso ocorra uma mudança no cenário atual, e a Royal Navy resolva efetivamente vender um dos classe Wave, espero que seja oferecido para a Marinha do Brasil e que a mesma encontre uma forma de adquiri-lo, pois essa classe de navio irá agregar muito valor operacional à nossa Esquadra.