Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha
Em recente entrevista a um jornal argentino, o Brigadier General Xavier Julián Isaac, Chefe do Estado Mayor Conjunto de las FF.AA. falou sobre a renovação da Esquadra Argentina, tanto dos meios de superfície mas, principalmente, quanto aos meios submarinos.
Segundo ele, a “Marinha é um negócio caro” mas que é preciso renovar a sua frota, modernizá-la, atualizá-la ou incorporar unidades. “A gente foca muito no submarino, que é muito bom, mas também há déficit na frota de superfície. O Comandante da Armada Argentina está focado na recuperação da capacidade submarina e na recuperação da frota de superfície. E estamos empenhados em colocar as Forças Armadas nos níveis onde sempre deveríamos estar.”
Questionado sobre em que fase estaria uma possível compra de um submarino, ressaltou que a construção na Argentina seria muito difícil pela perda de capacidade e que existe um alto custo para aquisição de um novo.
Segundo o Chefe do Estado-Maior, a Armada está trabalhando nas opções para uma possível aquisição de submarino usado, para que possa pelo menos manter a doutrina até se que possa adquirir um submarino novo. Dessa maneira, a Armada Argentina manteria o treinamento dos seus tripulantes.
Segundo o ele, “é esperado que até ao final do ano possamos ter algo firmemente preparado”.
Brasil seria uma opção?
Depois da descontinuidade da construção dos submarinos TR 1700/1400 e, principalmente, a perda do ARA San Juan em 2017, o submarinos ARA Salta e ARA Santa Cruz tiveram sua modernização de meia vida interrompida, deixando a Armada Argentina sem submarinos operacionais.
Segundo um site especializado argentino, em 2023 a Armada Argentina estaria analisando a opção de incorporar um dos submarinos da classe Tupi (IKL Type 209/1400) que foram desativados pela Marinha do Brasil.
Porém, com a eleição do Presidente Javier Milei, essa pode não ser mais uma opção viável, tendo em vista que seu relacionamento com o atual Presidente brasileiro não está nos seus melhores dias.
Apesar de existir também interesse da Argentina por novos submarinos da Classe Scorpène, do Naval Group, como os da classe “Riachuelo”, esses poderiam ser construídos no Brasil no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, mas que segundo o Chefe do Estado-Maior, um novo seria considerado posteriormente devido ao alto custo de aquisição, manutenção e operação.
Timbira ou Tapajó?
Dada a necessidade de ser fazer um PMG (Período de Manutenção Geral) nos submarinos Timbira e Tapajó, o que num primeiro momento pode ser visto como algo ruim, devido ao tempo necessário para a realização, por outro lado seria de suma importância para o estaleiro argentino designado, realizar a manutenção, retomar suas atividades gerando empregos, algo muito importante na Argentina atualmente.
AMRJ
O submarino ARA Santa Cruz teve um PMG realizado no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) e dependendo de como ocorram as negociações com a Armada Argentina, o AMRJ poderia enviar engenheiros para auxiliar na manutenção dos submarinos.