Companhia americana quer aumentar a sua atuação no país, que ficou muito restrita ao mercado de aviação comercial nas últimas décadas
Por Jéssica Sant’Ana
As informações são de Donna Hrinak, presidente da Boeing para América Latina, em entrevista à Gazeta do Povo. A executiva esteve na quarta-feira (27) em Curitiba para um evento da Amcham-Curitiba (Câmara Americana de Comércio) sobre sobre competitividade e novas oportunidades de negócio na terceira onda da informação.
Donna Hrinak afirmou que, no Brasil, a Boeing já tem “excelentes negócios na área comercial”. Ela citou, por exemplo, o caso da GOL, que desde a sua fundação mantém contrato de exclusividade para só comprar aviões Boeing. Neste ano, a companhia aérea brasileira anunciou que encomendou 120 aeronaves Boeing 737 MAX, o modelo mais recente da fabricante americana, para renovação da frota até 2028. O primeiro avião deve ser entregue em julho de 2018.
Mas, na área de defesa, a presidente da Boeing afirma que a companhia enfrenta dificuldades para fechar negócios. Apesar de a fabricante ter iniciado as suas relações com o país em 1932 fornecendo 14 caças F4B-4 para o governo brasileiro, suas vendas na área de defesa, segurança e satélite ficaram muito restritas ao período entre as décadas de 1940 e 1980.
Donna diz que as poucas oportunidades de negócios na área de defesa, principalmente depois da década de 1980, aconteceram por causa de dois motivos. O primeiro seria orçamentário. Um exemplo: há dois anos, a Boeing apresentou à Marinha o ScanEagle, um avião não tripulado destinado à patrulha. Sua função é gravar imagens que ajudem na patrulha e monitoramento.
A Marinha testou o equipamento e, segundo a presidente da Boeing, tinha interesse em adquirir algumas unidades, mas não teve o dinheiro necessário para isso. “Esse é o tipo de negócio que esperávamos fazer com o Brasil”, contou Donna Hrinak.
A segunda explicação para os poucos negócios na área de defesa dentro do Brasil está na própria política americana, de qual Donna Hrinak fez parte enquanto embaixadora dos Estados Unidos no Brasil entre 2002 e 2004. Segundo a executiva, os Estados Unidos e, consequentemente a Boeing, acreditaram por muito tempo que países latino-americanos não precisavam investir em defesa e deixaram de oferecer soluções na área para esses países.
Então, o Brasil, o pouco que investiu, acabou adquirindo produtos de outros fabricantes. “O bom para a Boeing é que grande parte desses equipamentos está chegando ao fim da sua vida útil. Então temos oportunidade para substitui-los”, afirma Donna Hrinak.
Parcerias com a Embraer
Além de visar o mercado de defesa, a Boeing quer expandir as suas parcerias com a brasileira Embraer. A fabricante americana possui um Centro de Tecnologia e Inovação instalado em São José dos Campos, no interior de São Paulo, cidade sede da Embraer.
Uma das parcerias que já está em andamento, é para a produção e venda do KC-390, um cargueiro bi-jato fabricado pela fabricante brasileira. O produção ficou sob responsabilidade da Embraer e a Boeing será a responsável por comercializar e dar suporte a aeronave no mercado externo.
Outra parceria que está para deslanchar é a de pesquisa em biocombustíveis. A Boeing e a Embraer já possuem conversas na área desde 2014 e agora as companhias aguardam a nova política do governo para a área de biocombustíveis, chamada de Renova Bio, para traçar um plano de ação.
“O grande desafio para adoção dos biocombustíveis na aviação é o preço. Não existe uma indústria de escala que produza em um preço que as empresas aéreas possam suportar. A ideia aqui no Brasil é criar essa indústria comercialmente viável, porque existem vantagens aqui que não existem em outros países”, explica a presidente da Boeing para América Latina.
FONTE: Gazeta do Povo