Por Alessandra Brito e Guilherme Carneiro
No início de julho, a Maersk – uma das maiores transportadoras marítimas do mundo – retirou seu representante do conselho da Câmara Internacional de Navegação (ICS, em inglês), citando diferenças sobre as políticas climáticas da empresa e da Câmara. O conglomerado vem investindo em maneiras alternativas de reduzir sua “pegada de carbono” ao mesmo tempo em que reduzem gastos, sendo a propulsão das embarcações uma das mais importantes etapas desse processo.
Portanto, como a adoção de sistemas de propulsão elétrica de navios pode vir a ser uma solução para ambos os problemas?
A norma da Organização Marítima Internacional, intitulada “IMO 2020”, determina que a emissão de dióxido de enxofre, pelos navios, seja reduzida de 3,5% para 0,5%. Essa mudança está alinhada aos objetivos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. No caso da Maersk, os planos são mais ambiciosos, o conglomerado já se comprometeu com uma meta de zero emissões até 2040, uma década à frente da meta do Acordo de Paris para setores não-marítimos. Sua prescrição política para o resto da indústria é igualmente ambiciosa: encontrar soluções práticas para a descarbonização.
Um dos projetos que tem chamado atenção é a utilização da propulsão elétrica. Em 11 de junho, o Maersk Minder, primeiro manipulador de âncoras híbrido-elétricas do mundo, partiu para a provas de mar. Foi realizada a instalação de uma nova bateria: um sistema de energia híbrido baseado em contêiner. Espera-se que o novo sistema (Wärtsila HY) reduza o consumo de combustível e, portanto, as emissões de carbono em 15%, além de reduzir as necessidades de manutenção das embarcações e melhorar seu desempenho operacional.
O sistema é composto por uma série de armazenamento de energia (ESS, sigla em inglês), composto por 132 baterias menores e um transformador, controlado e monitorado por meio de um sistema de gerenciamento de energia (EMS).
Um dos diferenciais para a redução de emissões do sistema de propulsão híbrido é a facilitação do pico de corte, o que significa que as baterias podem fornecer energia extra rapidamente para evitar picos de consumo de energia. Uma melhoria significativa da eficiência, já que os motores podem funcionar com carga ideal e usar as baterias para absorver grande parte das flutuações de carga. Uma grande iniciativa, que apesar de ser promissora, pode representar sozinha, uma pequena mudança no cenário internacional. Logo, a saída da companhia da ICS, pode ser vista como prejudicial para o campo da descarbonização.