Por Luiz Padilha
A 2ª edição do Seminário de Manutenção de Navios Militares promovido pela Sociedade Brasileira de Engenharia Naval – SOBENA, ocorreu no último dia 2 de julho no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro – AMRJ.
O Vice Almirante Liberal Enio Zanelatto, Diretor Industrial da Marinha (DIM), junto com o Engenheiro Luis de Mattos, Presidente da SOBENA e do Almirante de Esquadra Luiz Henrique Caroli, Diretor Geral do Material da Marinha (DGMM), abriram o seminário dando boas vindas a todos os presentes.
No primeiro painel “Manutençãode Embarcações Militares”, o CMG (RM1-EN) Alencar Gomes Leal Filho, Diretor de Vendas da Saab, apresentou a “Manutenção de Navios Militares com Casco em Compósito”.
Como exemplo, apresentou navios patrulha, navios caça minas e a famosa corveta Stealth da classe Visby como soluções de sucesso da Saab. Alencar mostrou também que a solução por compósitos pode ser utilizada em navios de maior porte, como a corveta indiana INS Kavaratti, que utiliza casco de aço mas a sua superestrutura é feita de compósitos pela Saab.
Outros paises como o Japão adquiriram a tecnologia da Saab e atualmente produzem seus próprios navios em compósitos.
Um dos pontos importantes que Alencar abordou foi o custo de manutenção de um navio feito em compósito quando comparado a um navio feito de aço. A economia chega a casa dos 30%, um número que não pode ser desprezado.
Outro ponto abordado foi a questão da manutenção de um navio feito de compósitos, quando o mesmo sofrer algum tipo de avaria. Através de slides foi possível ver um pouco do processo de reparação e sua simplicidade.
Acima, um caça minas da Marinha sueca classe Koster em manutenção no estaleiro da Saab Kockums em karlskrona-Suécia
Perguntado sobre um dano de maior monta como seria feito o reparo, Alencar explicou que os operadores dos navios construídos em compósitos, podem realizar todos os reparos em seus estaleiros através da transferência de tecnologia que é passada aos clientes pela Saab.
Itaguai Construções Navais
O CMG (RM1-EN) Pedro Mauro Rodrigues Barbosa, Coordenador de Novos Negócios, apresentou “Manutenção dos SBR pela ICN”.
O engenheiro Pedro Mauro explicou que já está pronto todo o programa de manutenção para os Submarinos da classe Riachuelo. O programa é dividido em 3 períodos de manutenção:
- IMA (Intermediate Maintenance Availability) – Manutenção realizada a cada 14 semanas, com duração de 3 semana sem a necessidade de docagem. Equivalente ao PMA (Período de Manutenção Atracado)
- SRA ( Selected Restrictive Availability) – Manutenção realizada a cada 23 meses com duração média entre 10 à 15 semana com o submarino docado. Equivalente ao PDR (Período de Docagem Regular)
- ROH (Regular Overhaul) – Manutenção realizada a cada 8 anos, com duração média de 12 meses, com o submarino docado. Equivalente ao PMG (Período de Manutenção Geral)
As manutenções descritas acima, serão feitas em diferentes níveis.
- OLM (Organizational Level od Maintenance) – Manutenção feita pela tripulação à bordo do submarino no mar ou no cais
- ILM (Intermediate Level of Maintenance) – Manutenção feita pelo estaleiro à bordo do submarino (estaleiro ou base)
- DLM (Depot Level Maintenance) – Essa manutenção é feita pelo estaleiro, necessita de sobressalentes S&TE (Support & Test Equipament) e documentação, com o submarino docado
- IM (Industrial Maintenance) – Essa manutenção é feita pelos fabricantes dos equipamentos principais com apoio do estaleiro
Ciclo de vida e disponibilidade para o mar
A vida útil do submarino SBR é de 35 anos, com um ciclo de vida teórico de 4 períodos operacionais com 3 PMGs (ROH) intercalados, o que irá lhe conferir a capacidade de operar por 160 dias/ano, com missões de até 80 dias sem reabastecimento.
Evidentemente que para que tudo isso ocorra, é necessário citar a sincronização industrial com o Programa de Nacionalização do PROSUB; acesso ao Mercado via Base Industrial de Defesa, tendo o Naval Group como facilitador no acesso aos fabricantes.