11 de Junho: Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha

Palacio Pedro Ernesto

Antecedentes

A intervenção brasileira no Uruguai, em 1864, contrariou os planos políticos e as alianças do Paraguai, que considerou as ações brasileiras no Uruguai como um ato de guerra. O Paraguai iniciou as hostilidades com o aprisionamento do Vapor Marquês de Olinda no Rio Paraguai e a invasão da Província do Mato Grosso. Como lhe foi negada a permissão para que seu Exército atravessasse o território argentino para atacar o Rio de Grande do Sul, invadiu a Província de Corrientes, envolvendo a Argentina no conflito.

Em 1º de maio de 1865, o Brasil, a Argentina e o Uruguai assinaram o Tratado da Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai. Mobilizado desde 1864, o Paraguai acreditava que estava mais forte, pois contava com o apoio do partido Blanco uruguaio e esperava que as lideranças de algumas das províncias argentinas se juntassem as suas forças. Francisco Solano López também acreditava que teria boas chances de vencer em uma guerra rápida.

A luta pelo controle da via fluvial

A comunicação fluvial entre o Paraguai e o mar foi bloqueada pela Marinha do Brasil. Apesar do avanço das tropas paraguaias ao longo do Rio Paraná, a Força Naval brasileira se manteve no rio, em território argentino ocupado pelos paraguaios, efetivando o bloqueio. Solano López percebeu que o avanço da Força Naval brasileira, transportando tropas, afetaria suas ações ofensivas. Decidiu, então, atacar os navios brasileiros, que estavam próximos à cidade argentina de Corrientes, o que provocou a Batalha Naval do Riachuelo.

O plano paraguaio era surpreender a Força Naval brasileira sob o comando do Chefe de Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva, fundeada próxima a Corrientes, antes do amanhecer de 11 de junho. Os navios paraguaios deveriam abordar os brasileiros e tomá-los. Porém, a Força Naval paraguaia se atrasou e perdeu o efeito surpresa da ação. Após um primeiro combate de artilharia, a Força Naval paraguaia se abrigou junto à foz do Riachuelo, onde López mandara instalar uma bateria de canhões em terra, na barranca de Santa Catalina.

Era uma armadilha, pois naquele trecho do Rio Paraná os navios deveriam passar por um canal sinuoso, próximos à margem, onde havia tropas paraguaias.

Esquadra brasileira

No início da Guerra da Tríplice Aliança, a Esquadra brasileira dispunha de 45 navios armados. Destes, 33 eram navios de propulsão mista, a vela e a vapor, e 12 dependiam exclusivamente do vento. O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (Arsenal da Corte) passara por uma modernização em meados do século XIX. Diversos dos navios do início da guerra foram projetados e construídos no País. Mais tarde, o Arsenal construiu também navios encouraçados para o teatro de operação no Rio da Paraguai.

Os navios brasileiros disponíveis antes dessa guerra eram adequados para operar no mar e não nas condições de águas restritas e pouco profundas que o teatro de operações nos rios Paraná e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era um perigo sempre presente. Além disso, esses navios possuíam casco de madeira, o que os tornava muito vulneráveis à artilharia de terra, posicionada nas margens.

Esquadra paraguaia

A Esquadra paraguaia possuía 32 navios, incluindo os que eles apresaram do Brasil e da Argentina, dos quais 24 eram navios de propulsão mista a vapor e vela e oito eram navios exclusivamente a vela. Todos os navios de propulsão mista, exceto um deles, eram de madeira, com rodas de pás. Embora todos eles fossem adequados para navegar nos rios, somente o Taquari era um verdadeiro navio de guerra.

Os paraguaios desenvolveram, então, a chata com canhão como arma de guerra. Era um barco de fundo chato, sem propulsão, com canhão de seis polegadas de calibre, que era rebocado até o local de utilização, onde ficava fundeado. Transportava apenas a guarnição do canhão, e sua borda ficava próxima da água, deixando à vista um reduzidíssimo alvo. Via-se somente a boca do canhão, acima da superfície da água.

Desfecho

O conflito reuniu características peculiares de uma batalha naval no meio fluvial. Foi travada nos espaços reduzidos dos rios, e a existência de bancos de areia tornou as manobras difíceis, exigindo daqueles que desconheciam a região maior agilidade e capacidade de decisão.

A Batalha Naval do Riachuelo impôs uma séria derrota ao inimigo. Embora a guerra tenha se prolongado até 1870, a vitória nessa batalha foi determinante para o avanço dos aliados sobre o território inimigo, contribuindo para a derrota paraguaia. Os combates que se seguiram até o fim da guerra consolidaram o entendimento de que as estradas da região eram os rios, cujo controle foi garantido pela vitória da Marinha do Brasil em Riachuelo.

Desde então, a Marinha do Brasil comemora, todos os anos, no dia 11 de junho, os feitos heróicos daqueles homens que lutaram na Batalha Naval do Riachuelo, reconhecendo-os como exemplos e lembrando seus atos às gerações que os sucederam.

 

Os Sinais de Barroso

No dia 11 de Junho de 1865, nas águas do Rio Paraná, próximo à confluência do Riachuelo, travou-se o sangrento combate que recebeu o nome do pequeno afluente.

A Esquadra Brasileira, sob o Comando do Chefe-de-Divisão Francisco Manuel Barroso da Silva (depois Barão do Amazonas), bateu-se valentemente durante todo o decorrer do dia contra os navios da Esquadra Paraguaia, às ordens do CMTE Mezza. Vários destes foram postos à pique, conseguindo uns poucos escapar seriamente avariados.

No decorrer da luta, na capitânia de Barroso – Fragata Amazonas – foram içados numerosos sinais transmitindo ordens aos demais comandantes brasileiros. Dois deles ficaram especialmente célebres:

779- “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”

10- “Sustentar o fogo que a vitória é nossa”

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