Por Luiz Padilha
A Marinha do Brasil através do Programa ARP-E (Aeronave Remotamente Pilotada – Embarcada), selecionou 2 modelos para avaliação.
O Scan Eagle da Insitu-Boeing, que o DAN acompanhou (veja aqui o artigo publicado), e o CAMCOPTER S-100 da empresa austríaca SCHIEBEL.
A SCHIEBEL enviou ao Brasil, uma equipe de técnicos com 2 helicópteros não tripulados, modelo CAMCOPTER S-100, para avaliação junto à MB. Todos os equipamentos foram embarcados no Navio Patrulha Oceânico – NPaOc Apa P 121, que seguiu para a costa da Região dos Lagos, nas proximidades da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia – BAeNSPA.
No período de 2 à 5 de junho, a SCHIEBEL teve a oportunidade de demonstrar para os oficiais da DAerM – Diretoria de Aeronáutica da Marinha, as capacidades do VTOL-UAS (Vertical Take-Off and Landing Unmanned Air System). Após uma série de missões realizadas a bordo do navio, num total de 60 horas de voo, foi possível verificar as capacidades marítimas do CAMCOPTER S-100.
O Defesa Aérea & Naval esteve a bordo no último dia 5 para poder conferir de perto, os voos de avaliação e trazer para nossos leitores, como foi a demonstração em voo do CAMCOPTER S-100.
Após o embarque no NPaOc Apa, o navio suspendeu para a área de demonstração, distante 40 milhas de Arraial do Cabo-RJ. Cada CAMCOPTER S-100 possuía uma configuração específica.
O CAMCOPTER 01 estava configurado com: Câmera da L3, Wescam MX-10 (FLIR), Radar da Selex, PicoSar e Automatic Independent System (AIS).
O CAMCOPTER 02 estava configurado com: Selex ES SAGE ESM (MAGE).
Para a Marinha, essa avaliação a bordo de seu navio, e em nosso teatro de operações, facilita muito a verificação das capacidades de ‘payload’ (carga útil) da aeronave e assim, verificar as limitações operativas do sistema quando embarcado. A MB, após os testes e análise dos relatórios gerados, poderá rever ou não, os requisitos de alto nível de seu programa ARP-E.
Nesta oportunidade, a qual o DAN esteve presente, apenas o modelo 01 foi utilizado. Havia muita expectativa quanto ao desempenho operacional da aeronave em condições de vento cruzado e com o caturro do navio. O que se viu, foi uma aeronave pronta, com uma decolagem simples e rápida.
O CAMCOPTER S-100 possui uma boa manobrabilidade e após várias performances em voo, onde verificamos a excelente qualidade das imagens geradas por seu FLIR, iniciou-se a sequência de pousos e decolagens no convoo do navio. O pouso pode ser feito manualmente ou 100% automático e a aderência do CANCOPTER S-100 ao convoo é impressionante.
Durante a apresentação a bordo do programa ARP-E, o Capitão-de-Corveta Marcelo explicou que o modelo testado não poderia carregar todos os sensores de uma só vez, pois possui um limite de peso para operar, por esta razão, a SCHIEBEL trouxe os 2 modelos. Pode-se observar a qualidade da câmera da L3, Wescam MX-10 e do radar PicoSar da Selex do modelo 01, operando a grandes distâncias e altitudes que variaram entre 100 e 3.000 pés e as características de detecção do SAGE ESM (MAGE), onde foi detectado um alvo à 50 milhas com o modelo 02.
O CAMCOPTER S-100 possui 3 pontos para payload, porém, seu desempenho está diretamente ligado ao tipo de sensor que o mesmo levará. Nos testes, o CAMCOPTER S-100 voou por 5 horas direto, alcançando a autonomia informada pelo fabricante. O alcance operacional depende do tipo de antena utilizada, podendo variar de 20, 40 ou 110 milhas do navio.
O CAMCOPTER S-100 utiliza gasolina de aviação – AvGas de 100 octanas e está em desenvolvimento um motor para JP-5 e outro a Diesel.
A operação do CAMCOPTER S-100 é realizada por 5 operadores podendo ser necessário mais, caso a MB opte por ter os 2 modelos com sensores diferentes.
O preço de aquisição de 1 sistema com 2 aeronaves, suporte logístico e pacote de sobressalentes para os 05 primeiros anos de operação, fica em aproximadamente USD $ 8 milhões.
O programa demonstrou com sucesso, as capacidades do CAMCOPTER S-100 em atender às necessidades operacionais em ambientes complexos e dinâmicos.
Objetivos do Programa ARP-E da Marinha
O emprego de Aeronaves Remotamente Pilotadas Embarcadas (ARP-E) tem como principais objetivos:
– Coletar, armazenar e transmitir dados e imagens, durante o dia e a noite em missões de esclarecimento de superfície;
– Otimizar as tarefas relacionadas à busca e salvamento na área de jurisdição SAR do Brasil;
– Permitir o controle do tráfego marítimo em áreas sensíveis e de interesse;
– Criar uma doutrina própria de emprego desse equipamento em ambiente naval;
– Apoiar a Patrulha Naval no que tange ao combate de ilícitos no mar tais como: a pesca predatória, a extração mineral ilegal, o contrabando, pirataria e crimes ambientais.
Possibilidades para obtenção do Sistema:
LA1 – “Leasing” de 01 sistema, com operação e manutenção a cargo do OEM (Original Equipment Manufacututer), acompanhado de pessoal da MB.
LA2 – Aquisição do Primeiro Lote de 05 sistemas, com operação e manutenção a cargo de pessoal da MB. 3 equipariam os NaPaOc, 1 ficaria de reserva e 1 seria destinado para treinamento em solo dos operadores.
Características:
– Independência: Decolagem, navegação Waypoint e pouso completamente independentes;
– Navegação: INS e GPS redundantes;
– Potência: Motor rotativo de 50HP (Tecnologia Wankel);
– Link de Dados/Vídeo: Vídeo completamente digital, comprimido(até 4 alimentações simultâneas);
– AlcanceD/L típico: 50, 100 ou 200 Km (27,54 ou 108mn);
– Velocidade de arremetida: 120 nós;
– Velocidade de cruzeiro: 55 nós (para melhor autonomia de voo);
– Autonomia de voo: >6 horas com 34 Kg (75 lbs) de carga útil mais tanque de combustível externo opcional, prolongando a autonomia para >10 horas;
– Carga útil típica: 50 Kg (110 lbs);
– Peso MTO: 200 Kg (440 lbs);
– Peso vazio: 110 Kg (243 lbs);
– Comprimento: 3.110 mm;
– Altura: 1.120 mm;
– Largura: 1.240 mm;
– Diâmetro do rotor principal: 3.400 mm.
Encerramento
Ao final da demonstração, durante o retorno para o Rio de Janeiro, foi realizada uma “Fotex” com os S-100 no convoo, e na oportunidade, o comandante do NPaOc Apa, Capitão-de-Fragata Alexandre Borges e o Capitão-de-Corveta Marcelo receberam da SCHIEBEL, miniaturas do CAMCOPTER S-100.
Nossos agradecimentos ao CCSM, CC Carla e CC Daniel, pelo total apoio para a realização desta cobertura.
Sorry to use English (found this interesting article and read it using Google translate) but felt that the VTOL-UAV APID 60 from Swedish UAV manufacturer Cybaero (www.cybaero.se) should be mentioned as an alternative here that the Brasilian navy should evaluate also. It adresses the S-100:s weak points by being able to switch payloads (no need for multiple units with different payloads) and it has a configuration with heavy fuel engine available today (final testing is being conducted for the Chinese Customs with expected delivery during Q2 2015). It is also cheaper to both buy and use. Granted it does not have as many field hours as the S-100, but that might be the only drawback.
Parabenizo a DAN pela reportagem; exata, precisa e factual!
Agradeço a oportunidade apresentar comentários sobre o CAMCOPTER S100 que espero tenham sido muito esclarecedores!
Cabe confirmar que as cargas úteis podem ser trocadas de acordo com o planejamento da missão. Outro item importante é o CAMCOPTER S100 é o único SARP de asa rotativa no planeta com mais de 10.000 mil horas de voo e em produção comercial.
A Áustria é um pais independente não signatário da NATO o que permite transferência de tecnologia atual, de forma integral conforme acordo econômico a estabelecer.
Pelo menos cinco marinhas já utilizam o produto e por força de contrato declinaremos o nome de três delas para a MB .
O valor apresentado inclui diversos equipamentos, serviços de logística de forma integrada e treinamento permanente – manutenção e operação. O treinamento intensivo e permanente é um item imperativo nos contratos da empresa.
O que me deixa impressionado é que sempre escolhem ou testam equipamentos caríssimos e importados, quando temos soluções nacionais, inclusive já utilizadas pela própria Marinha. Vide: http://www.uav.com.br/cases.
Quanto ao argumento de que já tem VANT de asa fixa demais, talvez seja por ser uma tecnologia provada e aprovada. Não fosse assim, os americanos estavam usando helicópteros drones.
O preço a ser pago por um ARP-E ou mesmo pelo ScanEagle daria para equipar todos os navios patrulha com VANTs nacionais, obtendo os mesmo objetivos que foram listados na matéria.
É a nossa velha mania de dependência externa. Compra-se pronto do exterior ao invés de desenvolver a indústria nacional.
Infelizmente as coisas não são tão simples quanto apenas escolher uma opção externa, cara e boa, é preciso investir em algo que tenha eficiência mínima na missão se não é queimar dinheiro, não vai servir pra nada.
Já de cara, a recuperação dos drones do site que você linkou é bem mais complicada que os aprovados, abre o paraquedas, tenta acertar o navio e se cair na água tem que manobrar pra recuperar.
E ainda tem o problema de como isso reduz a vida útil pretendida. Além disso tem inferioridade em várias especificações.
É ótimo poder investir em produto nacional mas não se pode ser refém de produto nacional, é preciso investir em algo que seja NO MÍNIMO adequado, não necessariamente o melhor mas algo útil.
Prezado francimário….Sou aeromodelista e o case apresentado não passa de um aeromodelo com equipamentos de FPV que se compra no mercado livre…tive a oportunidade de velo operando e alguns amigos meus possuem equipamento mais moderno do que o case….procure por FPV no google e veja o que esta sendo feito…ja temos voos a 70 km com equipamentos de prateleira…Grande abraço
Não vamos comparar modelos de ‘brincadeirinha de criança’ com Vants MILITARES. os VANTS avançados contam com transmissões criptografadas e sistemas redundantes. Os de brincadeirinha se queimar um componente ele cai.
Só tenho UM reparo a reclamar do teste da austríaca SCHIEBEL no Brasil.
Em Maio o produto da empresa foi testado para a Marinha italiana com as cores da Marina Militare embora também fosse um teste.
http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=42204
A não ser que a pintura neutra tenha sido exigência da MB, se a empresa tinha a chance de fazê-lo ao não pintá-lo com as cores brasileiras mostra um certa diferença de tratamento ao cliente europeu….
Pois é vi uma foto com um desses armado com o que parecia ser dois mistrais, se ele ver um Heli é capaz de abatê-lo.
A meu ver, a maior vantagem, é que vc pode monitorar algo sem sair do lugar, ja nos demais, vc tem que ficar ciirculando, e como o amigo diz, ja temos muitos vant em formato asa fixa, faltava um asa rotativa em nosso acervo. E alem que esse camcopter, ja esta sendo usado tbm com misseis, o que da uma boa contra medida a mais pra o seu uso!
A questão levantada pelo stadeu é valida e interessante e deve ser levada em consideração, mas como o Padilha esteve lá e presenciou o teste a grande altitude em que o S-100 não denuncia sua posição pelo barulho esse aparelho tem grandes vantagens a começar pela qualidade do imageador térmico que mesmo com 3000 pés gerou uma imagem bastante nítida no alvo, em seguida o alcance de até 110 milhas (200 km) com a antena apropriada reduzirá em muito a utilização dos helicópteros embarcados para missões de reconhecimento. Na minha opinião seria uma excelente aquisição para a marinha assim como poderia ser uma opção para o exército na missão de designação de alvos para a artilharia de foguetes.
Vai pesar nessa escolha a autonomia, sensores, agressividade, repasses, altitude de serviço e o som do motor.
Imagine os navios que operam na Amazônia precisando de um batedor aéreo adiantado ou se aproximando de local de assalto , sendo dia ou noite, o som desse motor realmente poderá servir como um belo de um cagueta e estragar toda a operação .
São detalhes que podem ser melhorados ou vai interferir na escolha , como no Brasil temos Vants de asa fixa necessitemos dos dois tipos .
O som não existe na altitude de operação onde serão usados os sensores. O som que vc ouviu foi devido a proximidade do Vant para pouso e decolagem. O “inimigo” não vai ouvir nadinha, pode ter certeza.
Excelente informação assim como toda a matéria, meus parabéns.
Então nesse quesito ponto pro S-100.
3 razões para ser o escolhido:
1) asa rotativa está no DNA da MB;
2) não tem aquela traquitana de convés do SeaEagle;
3) já tem vant de asa fixa demais na FAB, EB e FN, com esta escolha a MB seria líder em vant de asa rotativa.
Observação:
Operacionalmente e logisticamente seria ideal comprar este vant diretamente com o motor já para JP-5. Me pareceu que os sensores não são re-configuráveis e isso parece ser o ponto fraco deste sistema obrigando a aquisição de duas aeronaves de configurações fixas, Isso devia ser exigido como desenvolvimento posterior uma aeronave que possa carregar todos os sensores mesmo que não TODOS ao mesmo tempo. Se o fabricante não puder atender ou a MB aumenta o número de aeronaves encomendadas ou o SeaEagle será o vencedor….
Muito bom , parabens pela matéria e pela simplicidade de explicações , pois é mais facil a assimilação.
Novamente, bela matéria. Parabéns e obrigado.
Mais uma vez, excelente! Muito obrigado!
Excelente cobertura.
Apesar de ser mais simpático a este sistema por conta da plataforma de voo utilizada, a necessidade de se utilizar dois elementos para que estejam disponíveis todos os sensores me parece contar contra na comparação com o ScanEagle. E a autonomia de voo do ScanEagle também é muito maior. Em compensação o Camcopter S-100 não precisa de todo aquele aparato para lançamento/recolhimento.
To doido para que essa seja a escolha da MB!!!!
Parabéns pela matéria e pelas imagens e detalhes apresentados. As fotos do FLIR são muito legais 😀
Não podemos conceber a atual e futura capacidade de patrulha sem o uso intensivo de uma ARP embarcada. Obviamente gostei muito do modelo de asas rotativas dos belgas, mas independente de quem leve essa, convenhamos que quem não tem um sistema desses embarcado, já está defasado hoje!
Que venham os 5 sistemas pros APAs e mais para os meios maiores, pois imagino que muitas das funções de esclarecimento que os heris fazem hoje com tripulação, podem ser feitos pelos ARPs.
Sds o/