Por Guilherme Carvalho
O Reino Unido tem aumentado cada vez mais sua atuação na segurança da região nórdico-báltica nos últimos dez anos devido à relevância estratégica dessa área para o país. Sua presença nesta região coincide com visões oficiais acerca desse entorno estratégico, que se pode observar, por exemplo, na caracterização da Rússia desde o Integrated Review de 2021 ao documento de 2023 como a principal ameaça à segurança de Londres nos tempos atuais.
Acontecimentos como uma recente declaração conjunta entre os Ministros da Defesa britânico e estoniano, aprofundando diálogos sobre defesa regional, levam ao questionamento: seria hoje Londres o mais preponderante ator ocidental na segurança do Báltico?
Com o conflito na Ucrânia, o Reino Unido adotou uma posição cada vez mais firme contra Moscou. As ações concretas de reforço da defesa e dissuasão na fronteira leste da OTAN foram bem recebidas na região nórdico-báltica, que hoje entendem Londres como um parceiro confiável. Isso se deve principalmente por este apoio à Ucrânia e ao fortalecimento da OTAN terem se traduzido num forte investimento em equipamentos de defesa, como o fornecimento de tanques Challenger 2 à Estônia e a manutenção e liderança de grupamentos militares de resposta rápida na região, com foco em possíveis agressões originadas de Moscou.
No que diz respeito a outros agentes que possam exercer influência nos países bálticos, há uma expectativa de que a Alemanha ou a França possam assumir um papel mais significativo nessa parte da Europa. A França está participando da Força de Dissuasão Aérea na Estônia, enquanto a Alemanha lidera a Força de Dissuasão Terrestre na Lituânia. No entanto, Paris está mais focada no flanco sul da OTAN e na construção do papel de defesa da União Europeia, ao passo que Berlim tem enfrentado desafios históricos para liderar e coordenar esforços colaborativos em toda a Europa. Ambos os países também enfrentam questões de credibilidade na região por terem diversas vezes amenizado ou adotado uma postura menos combativa contra ações russas no Báltico.
Dessa forma, é possível observar que o Reino Unido tem se engajado fortemente na construção de capacidades militares e demonstrado determinação política, além de um histórico de envolvimento na região báltica, que atestam a relevância que Downing Street insere na influência geopolítica e na manutenção da segurança deste entorno estratégico. Em um contexto de aumento de tensões na Europa, não é difícil considerar que Londres tem cada vez mais demonstrado ser um significativo promotor da segurança dos países bálticos.